Chegámos onde estamos por várias razões. Uma delas foi a crescente divergência entre a produção e o consumo que nos conduziu, ano após ano, sobretudo após a adopção do euro, a endividarmo-nos para mantermos o padrão de consumo. Com uma moeda própria, na última dúzia de anos teríamos feito uma ou duas desvalorizações e corrigido à bruta a divergência. O gráfico seguinte mostra claramente o caminho que percorremos.
O quadro seguinte evidencia um outro aspecto: todos os 9 países com um PIB
per capita mais elevado, a começar no Luxemburgo e a acabar na Bélgica, têm um consumo
per capita menor em termos relativos à média dos EU27. Os países com consumo superior em termos relativos ao PIB são: o Reino Unido, a França, a Itália, o Chipre, a Grécia, Portugal, Lituânia e Polónia. Não deveria ser surpresa que estes países se dividem três grupos: os que têm moeda própria (RU, Lituânia e Polónia) e que por isso dispõem de uma política monetária independente; os que estão sob assistência da troika (Chipre, Grécia, Portugal) e os que estão em risco (França e Itália).
Note-se que a Irlanda, também a este respeito, corre em pista própria, como se vê pelo comportamento dos
yields da dívida pública e pela saída da recessão já o ano passado. Note-se também o ajustamento brutal do PIB entre 2008 e 2012, um exemplo de que é preferível começar por tomar as medidas mais duras de ajustamento do que empurrá-las com a barriga para a frente.
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