Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

22/04/2012

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Afastemos do ministério da Inducação e das escolas os netos de Rousseau

A ESCOLA PÚBLICA

Acabamos sempre por voltar ao local do crime. Em 1977, terminei uma tese sobre a escola durante os primeiros anos do salazarismo. Como me aconselhou o prof. Sedas Nunes, deveria prosseguir o trabalho nesta disciplina. Por várias razões, decidi seguir outro rumo, o que não me impediu de, em diversas ocasiões, ter escrito sobre os problemas do ensino. Em abril de 1974, imaginei que, através de uma boa rede de escolas públicas, Portugal poderia eliminar as desigualdades que, desde a infância, me haviam escandalizado. Até fiz um documentário, "Nados e Criados Desiguais". Depois, fui-me apercebendo de que o sonho não era tão fácil de concretizar quanto pensara.

Tem-se falado muito nos gastos disparatados com a reconstrução de alguns liceus. Quando me sentei ao computador estava determinada a escrever sobre este tópico, mas, a meio, a minha bússola intelectual obrigou-me a mudar de rumo, levando-me a fazer uma revisão da matéria. Eis, em dez pontos, aquilo em que acredito.

1 - Não são tanto os edifícios que contam no sucesso escolar, mas os professores. Precisamos de ter, nas nossas escolas, indivíduos bem preparados, bem re-munerados e sobretudo acarinhados pela comunidade.

2 - O envio de papelada para cima dos professores, que faz as delícias dos funcionários do Ministério, deve terminar, a fim de que aqueles possam ensinar em paz.

3 - Se a cultura pseudoprogressista transmitida nos cursos de Ciências de Educação continuar dominante, estaremos a formar indivíduos incapazes não só de ganhar o seu sustento mas de ter um mínimo de cultura geral.

4 - Muito do que se passa na sala de aula depende das expectativas dos docentes. Se estes olharem os filhos dos pobres como candidatos a empregos subalternos nunca deles exigirão o suficiente para que possam sair do círculo de pobreza onde estão encerrados.

5 - Nos últimos trinta anos, sacrificámos a qualidade à quantidade, do que resultou uma redução no nível de exigência dos exames. Os "netos de Rousseau" devem ser afastados, logo que possível, do GAVE (gabinete que prepara os exames).

 6 - Apesar de poderem ser um veículo de mobilidade social, as escolas têm como missão central transmitir o saber, pelo que não devem ser pensadas como uma máquina de engenharia social.

7 - À ex-secretária de Estado Ana Benavente deve ser interditada a aproximação de qualquer escola pública.

8 - A melhor forma de ajudar os filhos dos pobres é através da elaboração de bons programas, que os ensinem a ler, a pensar e a saber exprimir-se.

9 - As crianças não são naturalmente boas. Carecem, assim, por parte dos pais e dos professores, da imposição de uma certa disciplina. A concessão de demasiada liberdade leva-as a tornaram-se tiranetes.

10 - Podemos ter igualdade de resultados ou igualdade de oportunidades: não as duas. A primeira, defendida pelos esquerdistas, leva a que às crianças dotadas, provenientes de meios socialmente desfavorecidos, não lhes seja exigido tudo aquilo que podem dar. A coberto de uma ideologia bondosa está a cometer-se um crime.

Maria Filomena Mónica, no Expresso (em uma das 2 ou 3 peças em centenas de páginas que valem os 3 euros que custa o semanário oficial do socialismo lusitano, como escreveu o Pertinente)

Sem comentários: