Será verdade? É uma pequena parte da verdade. Porém, está longe de ser toda a verdade. Há uns pormaiores que devemos recordar ao PS.
O primeiro deles é que o desemprego começou a aumentar muito antes das políticas de austeridade deste governo. Aliás, a tendência da população desempregada nas últimas décadas foi sempre para aumentar em números absolutos e em particular o desemprego não fez outra coisa senão aumentar desde 2001, não obstante nesse período, como nos últimos 37 anos, a prioridade oficial dos governos ter sido a criação de emprego, quer directamente, engordando o exército de funcionários públicos, quer indirectamente através do milagroso investimento público e dos subsídios de todos os tipos às empresas. Conviria explicar este fenómeno.
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O segundo pormaior é que sendo a baixa produtividade o handicap principal da nossa competitividade – o outro são as escassas competências em inovação, para a aumentar será preciso eliminar empregos de menor produtividade e substituí-los por outros de maior produtividade. Por várias razões, que seria fastidioso enumerar, nem mesmo numa economia soviética com um plano quinquenal é possível sincronizar a destruição e a criação de emprego. Por isso, é inevitável aumentar o desemprego antes de poder aumentar o emprego.
O terceiro pormaior é que a criação de empregos precisa de investimento. E por onde anda o capital disponível para investir? Por cá só temos dívidas, porque todo o capital disponível foi investido em projectos com TIR negativa, projectos onde vamos continuar a enterrar uma parte das nossas poupanças nas próximas décadas – a outra parte vai ser para pagar juros. Tais como os milhares de km de vias rodoviárias, muitas delas decoradas com rotundas, de SCUT que se serão CCUT até ao fim dos tempos, onde pouco circulamos por falta de dinheiro para comprar combustíveis. Tais como mais de um milhar de postos de carregamento de veículos eléctricos que não existem. Tais como milhares de geradores eólicos para produzir energia quando não precisamos dela. Etc. Um grande etc.
E como todo o capital disponível não foi suficiente para aplicar as políticas «anti-recessivas» que o PS agora reclama, endividámo-nos até ao tutano e hoje temos que recorrer à caridade da troika. Troika com quem o PS subscreveu um memorando de entendimento que nos obriga (haja Deus) a tomar uma série de medidas que nem o pessoal político do PS (nem o do PSD) teriam tomates para tomar e, entre elas, medidas de austeridade que se tornaram inevitáveis porque as políticas governamentais que o PS (e o PSD durante os anos em que esteve no governo) agora e sempre defendeu nos conduziram aonde nos encontramos.
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