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15/12/2003

BLOGARIDADES: Qual é o préstimo dum arquitecto?

Ocupado a fazer pela vidinha, a dar atenção às quatro gerações impertinentes, e a pesquisar pachachas para desmontar a fraude do rato de biblioteca O Meu Pipi, só agora consegui chegar ao fim do esforço pedido pelo (pela?) Mimosa da Vareta Funda PARA PENSAREM! sobre os dramas existenciais dos arquitectos que já são 11.000, sem contar os que não estão inscritos na Ordem.
A primeira queixa é que o Estado permite que técnicos não arquitectos façam projectos, sem que a populaça aparentemente se incomode com isso. Esquecendo o Estado, de quem devemos esperar cada vez menos, porque será que a populaça, que hesitaria em confiar os seus dentes a uns técnicos que sabem dar anestesia e pôr um alicate, entrega o boneco da choça às mãos dum desenhador ou dum engenheiro, criaturas pouco hábeis com o lápis?
A premissa está errada. A populaça não confia os dentes a ninguém, a populaça sofre as cáries e o mau hálito como um facto da vida. Porque haveria de confiar a choça a um arquitecto?
Outra queixa é que a populaça não sabe o nome de nenhum arquitecto português. E saberá o nome dum médico além do marmanjo que dá consultas lá no centro de saúde do bairro? Ou dum engenheiro que projecta pontes? Ou dum economista, além do que estiver de serviço (se estiver algum) no ministério das Finanças? Dos profissionais liberais, de quem mais a população conhece o nome além do Luís Figo? Agora exagerei. Também há o Cristiano Ronaldo que agora foi para o Manchester, sem esquecer, dos que ficaram, aquele rapaz baixinho que está sempre a mergulhar para o chão (como é que ele se chama?).
Não quero ser ainda pior do que sou, mas ouso perguntar-me: quantos nomes de arquitectos a maioria dos arquitectos conhece, para além do que mora na prancheta do lado?
Quanto a exigências, são apontadas duas. A primeira é às entidades públicas. Nisto não há nenhuma originalidade. Afinal qual a porra de profissão que não espera que as entidades públicas façam por ela alguma coisa?
A segunda exigência é a nós próprios, isto é eles. O programa é demonstrar que tudo isto não foi sinónimo de uma batalha corporativista fechada. Aqui será preciso bastante talento, porque o que foi demonstrado com as 350 presenças e 10.650 ausências é que se trata duma batalha corporativista bastante fechada.
Finaliza com um apelo sejam vocês exigentes, isto é nós.
Pela minha parte já comecei. Se tiver tempo vou continuar com o Case Study O que espera dum arquitecto uma criatura que quer fazer uma choça.
(Continua? Sei lá.)

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