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11/04/2020

Não foi a banca que foi salva e não foi o Estado que salvou. A banca não vai salvar-nos e o plano Marshall é um delírio ou outro nome para os ricos que paguem a crise

Percebo que Dona Catarina Martins grite salvámos a banca, agora a banca tem de salvar-nos. Afinal ela é uma artista do teatro independente, o teatro a quem o estado diz «toma lá dinheiro e faz qualquer coisa», como em tempos o caracterizou António Feio, um artista do teatro dependente do público.

Percebo que o Dr. Louçã mande o pelotão berloquista gritar que devemos evitar que a banca tenha lucros. Ele sabe perfeitamente que uma banca sem lucros, como qualquer empresa sem lucros, está destinada a falir... ou a ser nacionalizada. Percebo perfeitamente que o Sr. Jerónimo diga coisas parecidas porque ele também sabe do mesmo.

Percebo perfeitamente que o Dr. Costa diga coisas parecidas em modo "solidário", como os bancos «já contaram com a comunidade nacional no suporte à sua actividade. Agora é a fase de os bancos ajudarem». Para o caso é indiferente se ele acredita ou não, porque o Dr. Costa não tem convicções, só tem conveniências.

Já tenho mais dificuldade em perceber que o Dr. Rio diga também o mesmo, porque ele tem obrigação de saber que as parcelas mais significativas do activo e do passivo dos bancos são os créditos a clientes e os depósitos de clientes, respectivamente. De onde, numa crise, como aquela em que acabámos de entrar, o crédito malparado só pode aumentar e os depósitos de clientes só podem diminuir, por isso ele poderia ter ficado calado porque só por milagre a banca aumentaria os lucros. Como deveria saber que a banca portuguesa não está adequadamente capitalizada.

E todos deveriam ter percebido que o dinheiro dos contribuintes para salvar a banca na crise de 2011 não foi bem para salvar a banca. Foi para salvar os credores da banca que entraram em incumprimento e para salvar os accionistas, como os Espírito Santo que usaram o dinheiro do banco em proveito próprio e em proveito da tentativa de domínio da banca pela clique socialista liderada pelo Sr. Eng. José Sócrates. E também deveriam percebido que a maioria desses credores inadimplentes eram empresas do complexo político-empresarial socialista que na sua maioria parasitavam o Estado Sucial.

E o Estado não salvou essa gente, o Estado usou o dinheiro dos contribuintes e mais dívida, ou seja o dinheiro futuro dos contribuintes, pelo que, segundo a lógica das supracitadas luminárias, seria essa gente quem teria o dever de salvar os contribuintes. Por isso, é  melhor os contribuintes darem corda aos sapatos porque terão de ser eles próprios a salvar-se, como habitualmente..

E quanto ao plano Marshall proposto pelo Dr. Poiares Maduro - uma proposta surpreendente para uma criatura que até aqui não parecia desprovida de senso, proposta que no mínimo é um outro nome para os Corona bonds e no máximo um perfeito disparate - devemos começar por recordar algumas coisas: (1) os beneficiários do Plano Marshall foram países europeus destruídos por uma guerra que arrasou as suas indústrias e as infraestruturas em geral; (2) por muito que o Dr. Costa e outros políticos chamem guerra às medidas para debelar a pandemia, a única coisa que esta destruiu foram as fantasias; (3) o doador de então foi um Estado que ele próprio precisa agora de se ajudar nesta crise e para tal já mobilizou 1.800 mil milhões de euros, isto é, 3,6 vezes os 500 mil milhões de euros de uma União Europeia ou mais de 5 vezes considerando as respectivas populações; (4) o presidente em exercício do dador não é um Harry Truman, mas um Donald Trump que foi eleito a prometer Make America Great Again e não Make Europe Great Again.

2 comentários:

Camisa disse...

CoronaBonds só com Governo único central e se calhar uma troika a Governar a Europa e especialmente os países do sul era o melhor que podia acontecer a todos

a.leitão disse...

Grato pelos postais que diáriamente tenho o gosto e prazer de ler