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06/04/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (26) - Em tempo de vírus (IV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Mestres do ilusionismo

É preciso reconhecer que há coisas que o Dr. Costa e a sua equipa fazem muito bem. A prestidigitação, nomeadamente.

Veja-se o à-vontade com que ele actua em qualquer palco - por exemplo no palco de uma Cristina aos gritinhos. Palco que os invejosos dirão ser uma anfitriã pouco respeitável para falar de coisas sérias como a pandemia. Veja-se como a criatura consegue fazer passar a ideia de que tem liderado o grupo dos pedintes contra os ricos e confira-se o relato do El País das horas de reunião à volta do tema coronavírus e onde não se menciona uma única vez o grande estradista Costa.

Ou leia-se como o semanário de reverência garante que «o governo quer responder à crise com investimento». O mesmo governo que orçamentou o ano passado, nos tempos das vacas gordas - ou voadoras, se preferirem -, 4.853 milhões de investimento público e executou menos 900 milhões, vai agora buscar dinheiro onde? Só se fosse à Óropa, mas os ricos não se mostram muito disponíveis a pagar a crise, por muito que o Dr. Costa invoque solidariedade e ameace o fim da UE.

«Estamos preparados»

Depois das diversos volteios sobre o impacto da pandemia que começou por ser nada, passou por ser o fim do mundo e agora não sabemos bem o que vai ser, o mesmo se passou com as medidas: os testes que criavam falsa sensação de segurança e as máscaras que não eram para usar, que talvez fosse, para usar e agora são para alargar a mais grupos.

Até a aritmética falhou na contagem dos casos em que houve duplicações e os médicos dizem que o sistema de registo «é um pesadelo burocrático». A trapalhada é tão óbvia que até o director do Público, até aqui um paladino da DGS, viu-se obrigado a reconhecer que «temos um problema». É verdade, mas é só um dos muitos outros problemas.

E o material, claro. No site MATERIAL EM FALTA criado pelo pessoal da saúde listam-se mais de 400 itens.

Com tudo isto não admira que o dinheiro também esteja em falta. É o que acontece com a linha de crédito Capitalizar Covid-19 (uns míseros 365 milhões), destinada às empresas em dificuldades por causa da pandemia, que está quase esgotada.

Cuidando da freguesia eleitoral, sempre

Mesmo quando as vacas se despenham, o governo não abandona a sua clientela e, em pleno estado de emergência e início do lay-off e despedimento de centenas de milhar de trabalhadores das empresas, actualizou a base remuneratória e o valor das remunerações base mensais da Administração Pública.

Antecipações e anunciações

Esta é uma modalidade de ilusionismo a que o Dr. Costa e o governo recorrem abundantemente, sobretudo agora que a pólvora para os foguetes está a desaparecer. «António Costa anuncia pacote de apoio à economia mas antecipa que “não haverá excedente”», «Governo prepara mais sete mil milhões de euros para as empresas, «Ministro da Educação antecipa que aulas no terceiro período serão à distância», são alguns dos exemplos desta modalidade.

Os ricos que paguem a crise

Afinal quem são os ricos e os pobres? Os ricos representam três quartos do PIB. Os pobres representa um quarto do PIB e metade da dívida. Isso a nível da Óropa. Por cá os ricos são os senhorios a quem o Estado Sucial vai obrigar a aceitar a suspensão das rendas.

E os ricos respondem: cada um paga a sua crise

A presidente da CE diz que os «coronabonds» são um «mero slogan» e descarta-os. Está enganada os coronabonds são uma espécie da cavalo de Tróia para entrar no cofre dos ricos.

Os ricos da Óropa dizem: cada um paga a sua crise. Os de cá comem e calam e tentam sacar alguma coisita no festim de subsídios.

A solução dos socialistas para as falhas do socialismo é mais socialismo e mais Estado Sucial

Não é que a pandemia seja causada pelo governo, afinal o governo só teve poderes para degradar a capacidade de resposta da administração pública em benefício da sua freguesia eleitoral e adoptar medidas discutíveis que vão deixar a economia de rastos, isto é deixar as empresas de rastos..

E o que admite o governo fazer com as empresas que essas medidas deixarão de rastos? A resposta do amigo Siza Vieira não deixa margem para dúvidas: «O Estado tem ferramentas para nacionalizar empresas e vai usá-las se achar conveniente. Ou, dito de outra maneira, o Estado tem ferramentas para transformar o sector privado num anexo do sector empresarial público que como se sabe é composto por centenas de empresas que têm entre si de comum, além do proprietário, a ineficácia, a ineficiência, os subsídios e as centenas de milhões de euros de prejuízos todos os anos.

Apreciamos a liberdade da nossa imprensa

Em Espanha, como cá, o governo faz o possível por transformar a imprensa na sua câmara de eco. A diferença é que os jornalistas deste lado da fronteira fazem com mansidão o seu papel e os do lado de lá «boicotam conferências do governo até que perguntas deixem de ser boicotadas por secretário de Estado». Não há nada como ter uma imprensa amiga que agora até inclui os peões berloquistas e comunistas, receosos de no meio da guerra que inventaram sejam tomados como traidores.

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu.

E não, não é por causa do pandemia que a dívida pública cresceu 5 mil milhões para 255 mil milhões. é apenas um exercício de aquecimento para o que vem a seguir. Quando finalmente se atingirem os 300 mil milhões, o Dr. Costa e com ele toda a imprensa amiga dirão que a culpa é da pandemia tal como os seus antecessores já tinha justificado o resgate com a crise financeira.

Tal como vão atribuir à pandemia a degradação do saldo da Segurança Social que caiu 73 milhões em Janeiro e Fevereiro, ainda sem ser gasto um cêntimo com tal propósito.

Agora sim, o mafarrico está a chegar

Pois se até S. Exª. o presidente dos Afectos admite que «vai haver uma queda do produto interno bruto (PIB) monumental em todos os países. Está seguramente certo e está errado porque imagina que é culpa da pandemia, sem perceber que a queda monumental se deve a já estarmos a caminho do chão, termos uma pernas fraquitas e à cura que talvez seja mais pesada do que a doença e ainda não realizou que a responsabilidade por isso é do governo e... dele próprio, que anda há quatro anos aos beijinhos e abraços a cuidar da sua popularidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Cá está a 'castanha' da semana. Neste local às 2as-Feiras.
Abraço

Ricardo disse...

Mas a culpa passa sempre(vamos a ver desta vez quando isto passar e se fizerem eleições legislativas por essa Europa fora)para os "perigosos populistas" não é!?