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12/04/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (5) - O passado pode ensinar-nos alguma coisa sobre o presente

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

Visual Capitalist
Até agora, as estatísticas da OMS mostram um número de óbitos relacionados com Covid-19 um pouco superior a 110 mil (110.827 no momento em que começo a escrever este post). Na verdade, na maior parte dos países, incluindo Portugal, não se trata apenas de mortos pelo "Covid-19" mas de morte com "Covid-19". Ou seja, contam-se como vítimas do pandemia todas as pessoas que morrem infectadas o que, como escrevi no post anterior, faz tanto sentido como classificar como morte por gripe comum os casos em que um doente terminal morre constipado.

Ainda assim, nesta altura, a pandemia em curso é uma das menos mortíferas registadas na história, com pouco mais de metade das mortes da Swine Flu, conhecida entre nós por Gripe A, causada pelo vírus de gripe H1N1, aparentado ao da Pneumónica (Spanish Flu) de há cem anos.

Estima-se que a Gripe A tenha há dez anos infectado 700 a 1.400 milhões ou 11 a 21% da população mundial de então, ou seja mais do que a Pneumónica (Spanish Flu) apesar de ter causado apenas 2% a 4% das mortes desta. A pandemia actual, depois de mais de quatro meses (começou em Dezembro em Wuhan) infectou até agora menos de dois milhões. Um estudo realizado em 2010 concluiu que o risco de doença grave resultante da gripe H1N1 de 2009 não era maior que o da gripe sazonal, que a OMS estima que cause 250.000 a 500.000 mortes por ano.

Quem se lembra hoje da pandemia de Gripe A há dez anos? Por que razão não despertou a excitação dos mídia nem a histeria colectiva como a pandemia do Covid-19? Provavelmente por uma coincidência de várias razões entre as quais o facto dos primeiros casos da Gripe A terem surgido nos Estados Unidos e ter-se concluído na altura que o vírus tinha origem no México, enquanto a pandemia actual foi primeiro identificada num local "exótico".

(Continua)

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