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27/07/2015

ESTADO DE SÍTIO: Bismarck, o Twitter e a alcoolemia

Já aqui recordei que Otto von Bismarck comparou um dia a feitura das leis ao fabrico de salsichas: quando menos se souber como são feitas, melhor. Se Otto fosse vivo olharia incrédulo, dar-lhe-ia um chilique e voltaria a correr para a tumba, porque não apenas a feitura das leis, com que já poucos se incomodam, também as negociações ao mais elevado nível são twittadas online pelos participantes e divulgados documentos e relatos tintim por tintim dos detalhes das reuniões, quem disse o quê e até gravações.

Recentemente, durante a saga do teatro grego iniciada com a vitória do Syriza, as prestações narcisísticas de Yanis Varoufakis elevaram a comédia mediática a um nível nunca antes alcançado. Isso já seria suficientemente mau se tivesse ficado confinado aos actores que representam esse Estado falhado. Não ficou, e pudemos assistir à competição entre quase todos os participantes nas reuniões da Eurozona pela hashtag mais popular, no caso das novas gerações, ou pelas orelhas dos jornalistas, no caso dos cromos.

Um dos casos mais ridículos, pela idade e pela experiência, de conversão a estas patetices é o de Jean-Claude Juncker que além do seu «chaotic management style, (and) rumours of an alcohol problem», e talvez por isso mesmo, se tem mostrado incapaz de conter as suas palhaçadas (exemplo: beliscar e beijar as bochechas de Tsipras) e a sua verborreia indiscreta, comentando o que supostamente se passa nas reuniões e puxando o lustro ao seu já lustroso ego, deixando implícito que com ele tudo foi melhor ou sem ele tudo seria pior. Vejam-se as suas revelações sobre o suposto desejo dos governos da Irlanda, Portugal e Espanha só discutirem o perdão parcial da dívida grega depois das suas eleições, como se ele não fosse o presidente da CE e não existisse o artigo 125.º do Tratado de Lisboa.

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