[Mais heranças: I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII]
Agora que o governo achou que poderia aplacar os sindicatos e tirar o tapete à oposição aumentando o salário mínimo, com os inevitáveis danos colaterais (dificultar a viabilidade de dezenas de milhar de pequenas empresas, proteger da concorrência as empresas que pagam salários mais elevados e não aumentar o emprego, para já não falar da possibilidade real de aumentar o desemprego), o jornalismo de causas tirou da gaveta um novo mote, adequado a época festiva e escreveu em coro: «o salário mínimo vale hoje menos do que em 1974».
Sem se dar conta, o novo situacionismo de hoje está a homenagear o situacionismo do «antigo regime» cujas reservas em ouro e em divisas tornaram possível durante muitos meses continuar a importar os bens essenciais para compensar o que as empresas fechadas ou paralisadas com greves e a população activa inactiva nas manifs não produzia durante o PREC e ainda assim fixar um salário mínimo em 577 euros, a preços actuais.
É uma comparação simpática para o «antigo regime». Simpática mas inadequada porque a comparação objectivamente mais adequada seria a do período de intervenção da troika a partir de Junho de 2011 com os dois períodos anteriores de intervenção do FMI, nos quais os salários mínimos desceram para 419 euros em 1977 e 346 euros em 1984, a preços actuais, valores abaixo 14% e 29%, respectivamente, do salário actual de 485 euros.
Em conclusão, pelo menos do ponto de vista do salário mínimo, os resultados da governação comunista sobre a herança de 40 anos do antigo regime conseguem, apesar de tudo, ser mais danosos do que os resultados de 40 anos de governação de inspiração socialista sobre a herança da governação comunista.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
13/04/2014
Mitos (164) - a pesada herança da longa noite fascista (IX)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário