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15/01/2014

Pro memoria (158) – A quadratura do círculo (2)

Há 3 semanas escrevi:

Depois de mais de 2 anos a clamar contra a austeridade, ou seja contra a redução da despesa, e o aumento dos impostos, o PS pela boca do seu secretário nacional Eurico Brilhante Dias comenta os dados da execução orçamental até Novembro com as seguintes palavras: «estes valores não só não nos surpreendem, como são a confirmação que a consolidação orçamental em 2013 é, no mínimo, insuficiente».

Vamos ver se percebemos: o que seria necessário para a consolidação orçamental em 2013 ser suficiente? Segundo a aritmética corrente, ter-se-ia que reduzir mais a despesa e/ou aumentar mais os impostos que são precisamente as medidas contra as quais o PS clamou e clama.

Corajosamente, o Dr. Brilhante ainda partilhou connosco uma previsão arriscada: «Portanto, Portugal passará para 2014 com um défice orçamental muito próximo dos 6%». Digo corajosamente porque nas últimas décadas o PS (e os outros partidos do «S» e os do «C» e o do «E») falhou praticamente todas as previsões. Receio que o Dr. Brilhante falhe outra vez, apesar de só já faltar meia dúzia de dias para fechar o ano.

Três semanas depois, já podemos antecipar com razoável segurança que o défice de 2013 ficará não «muito próximo dos 6%» mas muito mais próximo dos 5% e, por isso, um PS que falhou sistematicamente as previsões dos défices dos seus governos, consegue ainda pela boca do Dr. Brilhante falhar as previsões dos governos dos outros.

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