Picados pelas revelações de Olli Rehn, que recordou ter um ano antes alertado Teixeira dos Santos para a probabilidade do pedido de resgate, alerta ao qual Sócrates, os seus ministros e o PS fizeram orelhas moucas, vários dirigentes socialistas fizeram comentários tentando limpar a sua folha e a do clã socrático.
Um desses dirigentes foi Pedro Silva Pereira, o alter ego do senhor engenheiro, que escreve um artigo com o curioso título «Onde estava o Olli?» onde acusa o comissário Rehn de mentir em público sobre o que teria dito em privado, citando várias declarações públicas do próprio e de terceiros, onde em coro todos juravam que não seria preciso o resgate, antes, ou que garantiram ter ficado surpreendidos, depois.
Silva Pereira tem razão quando diz que o Olli e os outros fizeram declarações públicas sobre a não inevitabilidade do resgate. Apenas esquece que, o Olli, os outros e ele próprio, todos mentem quando lhes é conveniente e, neste caso concreto, esperaria ele que os responsáveis europeus falassem em público da inevitabilidade do resgate a Portugal, precipitando-o?
Silva Pereira termina com a inevitável ladainha socrática - «Portugal só pediu ajuda externa quando foi encostado à parede» - como que a garantir que não esqueceu nada nem apreendeu nada. De onde me permito perguntar onde estava o Pedro? E me permito responder com as palavras que o seu camarada Ferro Rodrigues, com a autoridade que lhe advém dos silêncios durante a caminhada para a falência do Estado, usou para descrever o que o governo anda a fazer: o Pedro estava entretido a «negar a realidade», ontem, quando metia a cabeça na areia para não ver que o dinheiro na tesouraria nem chegava para os salários dos funcionários públicos, como hoje, quando escreve sobre o passado.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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