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13/05/2013

Dúvidas (16) – A economia paralela só prejudica o Estado?

«A ideia que um país perde com a economia paralela é profundamente errada. Portugal, definido como o conjunto dos portugueses, não perde nada com a economia paralela. Um dos actores da economia portuguesa, o estado, perdeu.


A economia não existe porque temos um Estado para alimentar. As pessoas exercem actividades porque têm que se vestir, alimentar, viver e adquirir tudo aquilo que cada cidadão considera essencial para si próprio, famílias e todos aqueles com quem pretende ser altruísta e ainda para suportar todas as ambições de investimento, poupança ou esbanjamento que passem pela sua cabeça e que estejam ao seu alcance.

Se 20% da economia não é tributada, os cidadãos no seu conjunto não perderam. Uns receberam mais, outros menos, mas no agregado ganharam, porque conseguiram obter mais bens e serviços consumindo os mesmos recursos. No limite, usando o pressuposto absurdo de considerar que não há nenhum desperdício no estado, Portugal ficaria na mesma.

Confundir a economia de um país com as suas finanças públicas é um erro crasso que está imbuído em muitos raciocínios, tanto à direita como à esquerda – mas principalmente à esquerda para quem o estado é tudo.»

Lido em «A Esquerda Não Sabe Fazer Contas», um post de jcd no Blasfémias.

Vendo a coisa um pouco mais de perto, não só o Estado perde com a economia paralela. Perdem também os contribuintes que suportam o custo incorrido pelo Estado com todos os serviços públicos prestados a preços inferiores ao custo a que se acede independentemente de rendimentos declarados. Como no caso da saúde, educação, justiça, segurança ou a utilização de infraestruturas públicas, serviços aos quais os «paralelos» têm acesso nas mesmas condições mas em cujo custo não comparticipam, o que gera uma iniquidade para os que contribuem.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Como no caso da saúde, educação, justiça, segurança ou a utilização de infraestruturas públicas, serviços aos quais os «paralelos» têm acesso"
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Tem razão. Mas ainda assim, sinto que há mais justiça em não dar a um Estado esbanjador o dinheiro que custa tanto a ganhar.

tina