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Contudo, o caso de Adriano Moreira é talvez o mais espantoso em termos camaleónicos. Tão espantoso que ainda mais me espanto por isso, espantosamente, não parecer espantar ninguém. Até agora.
No sábado, o Comendador Marques de Correia na sua rubrica «Ditosos filhos que tal pátria têm» na Gente do Expresso, releva a carreira de Adriano Moreira começada na oposição democrática ao salazarismo, continuada como secretário de Estado e ministro do Ultramar do regime, ao qual se supunha opor-se e ao serviço do qual abriu o campo de trabalho do Chão Bom em Angola (*). Do ministério do Ultramar transitou para a Escola Superior Colonial, como se chamava então o ISCSPU, agora ISCSP e emergiu no pós 25 de Abril como um dos ideólogos e líder do CDS. Actualmente, como se tem visto, pouco se distingue de Freitas do Amaral no seu percurso a caminho do socialismo, apenas interrompido aqui e ali por um refluxo explicado por alguma beliscadura ao seu inflado ego.
(*) E não o campo do Tarrafal em Cabo Verde, como erradamente refere o Comendador quando cita a portaria 18.539 de 17-06-1961, assinada pelo então ministro do Ultramar Adriano José Alves Moreira. Quem reabriu o Tarrafal foi o ministro Silva Cunha em 1965 pela Portaria n.º 21217 de 10-04-1965.
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