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16/12/2019

Quem tem má reputação não sofre danos reputacionais

Primeiro foi o caso do lítio para proteger Galamba, depois foi o caso do Instituto Superior de Comunicação Empresarial, para proteger uma amiga. Em ambos os casos, a intervenção no programa "Sexta às 9" da RTP da directora da RTP Maria Flor Pedroso, prima do Dr. Costa, revela um padrão. E a reacção dos jornalistas que subscreveram um abaixo-assinado para lhe limparem a folha confirma esse padrão.

O mesmo padrão é observável no amigo do Dr. Costa, antigo administrador da mesma RTP, cargo que acumulou com fornecedor de conteúdos, e actual secretário de Estado dos Mídia, que vai lançar uma iniciativa para sensibilizar os jornalistas a produzirem informação "rigorosa" e educar os leitores para a consumirem. 

Desta vez as intervenções da prima do Dr. Costa não correram bem, o caso foi mais escrutinado do que o costume e Maria Flor Pedroso viu-se compelida a demitir-se. A administração da RTP aceitou a demissão, explicando que a demissionária argumentara que «face aos danos reputacionais causados à RTP, não tem condições para a prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo, como sempre tem feito»

É um equívoco. Desde logo, porque jamais alguém poderia causar danos reputacionais a uma organização governamental cuja reputação desde a sua fundação dificilmente poderia sofrer danos. Segundo, porque os casos que levaram à demissão de Maria Flor Pedroso mostram que o trabalho feito não foi sério, respeitado e construtivo e, com o inevitável desgaste do governo do primo serão precisas cada vez mais "intervenções" que o passado não garante não teriam lugar no futuro.

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