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03/12/2019

A democracia do senhor das Produções Fictícias é uma democracia fictícia

«Esta secretaria de Estado é uma afirmação política, um sinal distintivo deste Governo, que valoriza todos os media livres, independentes e democráticos, entre eles, o serviço público de televisão – o papel central da RTP – e a Agência Lusa como elementos fundamentais para a cultura, sim. Mas, sobretudo como elementos estruturantes da democracia», declarou na conferência Financiamento dos Media promovida pelo Sindicato dos Jornalistas, com o chapéu de secretário de Estado do Audiovisual, do Cinema e dos Media, o Sr. Nuno Artur Silva, ex-administrador da RTP e proprietário de facto da empresa Produções Fictícias fornecedora de conteúdos para a RTP.

E o que dizer desta treta sobre a RTP – e a Agência Lusa como elementos estruturantes da democracia? Por exemplo o que escreveu António Barreto no Público, citado no seu blogue Jacarandá:

«Como nunca antes, o Governo “marca as agendas”, selecciona as notícias e os estudos, escolhe os órgãos de imprensa que fazem jeitos, paga publicidade institucional, não responde a quem procura e investiga, alimenta a maior parte das agências de comunicação que, sem o governo, pouco teriam para fazer. Os noticiários das televisões parecem feitos nos gabinetes dos ministros.

Os órgãos de informação vivem tempos difíceis, dramáticos mesmo. Não só a Internet, os telemóveis e as redes sociais os ameaçam, como a sua dependência é cada vez maior. Uns por vontade e doutrina: alguns jornalistas de esquerda silenciam quase tudo o que não convém aos seus amigos, condenam o que lhes cheira a direita ou a incomodidade. Os de direita, poucos actualmente, não se comportam de maneira muito diferente, só que argumentam quanto podem com as liberdades, dado que o governo fica à esquerda. A verdade, todavia, é que existe uma espécie de ambiente geral, de clima cultural ou de moda e espírito sempre disponíveis para agradar à esquerda, calar os defeitos, inventar conveniências e fabricar verdades, mas sobretudo condicionar e definir as agendas. Os mesmos lapsos, os mesmos erros, os mesmos defeitos, as mesmas medidas políticas, as mesmas iniciativas, as mesmas mentiras, as mesmas aldrabices e os mesmos roubos cometidos pelas direitas e pelas esquerdas têm tratamentos absolutamente diferentes. Condescendência, desculpa ou silêncio para a esquerda, crítica, intransigência e investigação para a direita. Esquecimento para a esquerda, memória para a direita. Nos tempos dos governos de Cavaco Silva não era muito diferente, só que os jornalistas se comportavam então com um pouco mais de liberdade e havia menos agências de comunicação. Os governos de Sócrates eram parecidos, só que mais brutos. Os de Costa refinam.»

2 comentários:

Carlos Conde disse...

Para o Barreto a "direita" integra o governo do Prof. Cavaco Silva...
OK, junte-se o Barreto com a Greta e marchem para Madrid.

Anónimo disse...

A Esquerda percebe que tudo é uma guerra e se não ganhar território, perde-o; e se se limitar a manter o que já tem, está a perder a oportunidade de ganhar mais.

A direita esconde-se, isola-se, só querendo ser deixada em paz, vira as costas a tudo o que é de valor e cede espaço, incapaz de reagir, reafirmando a velha máxima:

"Sou liberal! Defendo o direito da esquerda de fazer o que quiser! Mesmo que me ataque! Não ataco de volta porque sou muito, muito superior! Por isso é que tudo cedo à esquerda!"

O Liberalismo, meu caro, é uma posição de total derrotismo, é um "vive e deixa viver" de quem já não acredita que haja algo que valha a pena defender; é o virar as costas a quem lhes faz guerra todos os dias em vez de os enfrentar em combate.

Enfim, é o puto que se contenta em ser humilhado a toda a hora sem se defender porque podia ser pior...

IRF