Depois de declarar virada a página da austeridade, tirar da cartola um programa “neoliberal”, declarar que «não é de esquerda promover défices e aumento da dívida» e depois de quatro anos de governo surpreender-se por «ainda ninguém ter sido julgado no caso do BES», mostraria que Costa é um ilusionista de classe mundial, não fosse o caso de a audiência que o aplaude ser pouco exigente - já aplaudiu um Sócrates e outros artistas do mesmo calibre.
Errata: a prima não era prima, era filha do padrasto
Por devoção ao rigor, devo fazer uma correcção à crónica da semana passada onde, a propósito das intervenções no programa "Sexta às 9" no caso do lítio e no caso ISCEM (e, acrescento agora, no caso dos bónus da TAP) pela ex-directora da RTP Maria Flor Pedroso, a apelidei de «prima do Dr. Costa». Parece não ser verdade. Em vez disso, fontes geralmente bem informadas escreveram que ela é apenas filha do padrasto do Dr. Costa. Engano que, estou certo, é desculpável. Afinal a nódoa cai em qualquer pano, como se viu pelo exemplo do cento de jornalistas amigos da verdade que subscreveram o abaixo-assinado garantindo que a Senhora era uma jornalista sem mácula depois daqueles casos que seriam suficientes para manchar três carreiras.
«Temos resultados, temos contas certas».
Foi uma semana desoladora para o nosso antigo herói Centeno. Gralhas no orçamento, mentiras na carga fiscal, chutos para a frente na receita consignada ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social e erros materialmente relevantes na Conta Geral do Estado de 2018 apontados pelo Tribunal de Contas.
Talvez frustrado com as gralhas, o Ronaldo das Finanças em entrevista ao Expresso respondeu grosso ao Dr. Rio, depois deste ter confundido as despesas em contabilidade pública e em contabilidade nacional, com um «não sabe nada de economia – e muito menos Finanças públicas - ou nunca viu fazer um Orçamento do Estado» e insinuando que a oposição tem «um complexo de Pavlov». Não é que seja mentira, mas, dito assim, é um pouco violento e inesperado para um "técnico" que só está a fazer tempo para o sossego do BdP.
Não há vida para além do orçamento
Não vou maçar-vos mais com o orçamento (já agora leiam o que escreveu o outro contribuinte sobre este tema obsessivo). Já foi escrito e dito abundantemente tudo quanto havia a escrever e a dizer, salvo o mais importante que também foi escrito e dito mas muito raramente, claro.
 |
| Sábado |
A família socialista tem imenso jeito para o negócio
«Como é possível que um negócio tão sensível esteja então centrado numa empresa que ainda não tem atividade e já está envolvida em processos nos tribunais por litígios entre os sócios! Apresenta como "consultor" financeiro um ex-governante socialista! Nasceu com a morada de uma junta de freguesia controlada pelo PS! No projeto que submeteu ao governo se comprometeu a apresentar um capital social de um milhão de euros, mas que afinal são só 50 mil euros!» Escreveu Óscar Afonso, do Observatório de Economia e Gestão de Fraude. No Estado Sucial do Dr. Costa tudo é possível, pois se até as vacas voam.
«Temos que ter orgulho e satisfação em termos sido capazes de oferecer aos nossos concidadão um sistema de saúde que é dos melhores do mundo», garantiu o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, um cargo com um nome quase tão grande como as tretas do ministro a quem o seu amigo Dr. Costa deveria também oferecer a pasta da Propaganda.
O Estado Sucial só não é perfeito porque ainda existem "os privados"
Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas (que deve ter sido tomado de assalto pelo neoliberalismo), a Parceria Publico-Privada do Hospital de Vila Franca de Xira aumentou a oferta de cuidados de saúde com uma poupança de 30 milhões de euros. É por isso que o governo quer acabar com este contrato.
Boa Nova, seguida de O choque da realidade com a Boa Nova, seguido de nova Boa Nova
Há duas semanas, referi que o resultado dos dois Programas de Arrendamento Acessível concorrentes do candidatos a sucessor de Costa foram 78 (setenta e oito) contratos assinados, dos quais metade em Lisboa.
Boa Nova, seguida de O choque da realidade com a Boa Nova, seguido de nova Boa Nova
Há duas semanas, referi que o resultado dos dois Programas de Arrendamento Acessível concorrentes do candidatos a sucessor de Costa foram 78 (setenta e oito) contratos assinados, dos quais metade em Lisboa.
A guerra de sucessão deve estar renhida porque esta semana o semanário de reverência dedica quase uma página inteira ilustrada com uma foto do sucessor Medina a fitar o horizonte anunciando um novo programa que agora se chama «Renda Segura». A ideia que consiste em a câmara de Lisboa arrendar as casas aos senhorios a longo prazo alugando-as a rendas mais baixas poderia até ser uma boa ideia. Só que o aparelho socialista é capaz de estragar qualquer boa ideia - leia-se este artigo de Helena Matos sobre o caso dos apartamentos na Rua Eduardo Bairrada.
A situação nunca é tão boa que o socialismo não a possa piorar
Nos primeiros dez meses do ano o saldo acumulado das Balanças Corrente e de Capital desceu 2,8 mil milhões de euros, informa-nos o BdP. E só não caiu muito mais porque o turismo, que o ano passado representou quase 15% do PIB, vai aguentando as contas externas. Baseado nos ensinamentos da governação do Dr. Costa poderíamos acrescentar às leis de Murphy mais esta em epígrafe.
As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu
O gráfico acima é de um artigo com o título «Endividamento da economia volta a baixar da fasquia dos 725 mil milhões de euros». Títulos alternativos: endividamento da economia aumenta 1,2 mil milhões em relação a Setembro do ano passado, endividamento da economia aumenta 7 mil milhões em relação ao final do ano passado, etc.
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
Segundo o BdP, em Outubro o crédito total ao consumo bateu novos recordes e aumentou 13,2%, com o crédito pessoal a aumentar 21,3%, o automóvel 6,3% e o descoberto de cartão 8,5% . O mesmo BdP, apostado em estragar boas notícias, prevê um crescimento de 1,7% do PIB em 2020 abaixo do 1,9% do governo.
Sem comentários:
Enviar um comentário