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09/12/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (9)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Ronaldo das Finanças, de bestial a besta...

Esta operação de mudança do género bom para o género mau a que está a ser submetido Centeno é muito esclarecedora sobre duas características deste PS: a instrumentalização do pessoal político fora do círculo de confiança de Costa e a correia de transmissão montada nos jornais.

«Centeno volta a falhar prazo para tornar as contas públicas mais transparentes» e «Tribunal de Contas acusa ministério de Centeno de falta de liderança na reforma das Finanças Públicas» são dois títulos impossíveis de ler até recentemente, ambos respeitando o mesmo facto conhecido há quatro anos: os chutos para a frente da reforma da contabilidade pública por um Ronaldo das Finanças a quem não interessa nada a transparência das contas. «Centeno do Eurogrupo censura esboço orçamental de Centeno», é outro título impossível, sobretudo de um dos Diários do Governo.

... mas ainda tem amigos...

... nalguns jornais que celebram com grande euforia o recuo de 252,3 para 251,4 mil milhões (0,36%) da dívida pública em Outubro. Recuo que é um avanço de 50 mil milhões desde o início do programa de resgate.

... e também no Expresso que lhe dedica duas páginas e meia ilustradas com três fotos 30x14cm num artigo com chamada na primeira página que é todo um desígnio «Centeno com porta aberta para no mandato no Eurogrupo». Porta aberta, porém, com um quid: «tem de continuar nas Finanças».

Sabendo-se que Centeno não é parvo e, uma vez falhada a sua candidatura ao FMI, sendo conhecida a sua vontade de presidir ao BdP (onde tem umas contas a acertar), é improvável que queira continuar nas Finanças, agora que estão praticamente esgotados os truques, está no horizonte a maldita realidade a caminho de fazer a cobrança e o governo do Dr. Costa precisa desesperadamente de derramar dinheiro em cima dos problemas. De onde talvez se deva concluir que com amigos destes o Dr. Centeno não precisa de inimigos.

Em defesa do SNS, sempre

O truque recorrente do Ronaldo das Finanças de anunciar em grandes parangonas aumento do orçamento e cortar na execução, está outra vez patente na despesas da Saúde que ficaram até Outubro abaixo do orçamentado em 470 milhões. Estes truques são depois complementados com os da ministra da Saúde que, nos intervalos de trautear A Internacional, conta estórias aos jornais que depois são desmentidas.

«O SNS, ou melhor o estado da saúde em Portugal, é, provavelmente, o melhor exemplo da política de mentira e manipulação em que se transformou a apregoada cruzada de devolução dos rendimentos». É difícil não concordar com esta opinião no jornal SOL do histórico do PS Manuel dos Santos, que, como é corrente em gente que faz carreira nos partidos, só foi iluminado pela verdade depois de ter sido detractado pelo Dr. Costa.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

Nos doze meses terminados em Setembro tivemos o 15.º crescimento (1,9%) dos 25 já conhecidos. No terceiro trimestre as coisas ficaram piores e tivemos um crescimento de apenas 0,3%, o 17.º crescimento.

O Estado Sucial como máquina de extorsão

Confirmando o que já se sabia há alguns meses, o relatório da OCDE, mostra um novo recorde da carga fiscal que subiu em 2016 para 34,1%, em 2017 para 34,4% e em 2018 para 35,4%.

O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas

Lembram-se da novela do mandato único da PGR inventada para evitar a renovação do mandato de Joana Marques Vidal que tão más recordações deixou aos socialistas? Tudo isso é passado. Quase um ano após o início da inquérito à Inspecção Geral de Finanças por suspeitas de crimes de corrupção, peculato e abuso de poder, ainda não há arguidos.

O ministro do Ambiente além de escrever cartas à Querida Greta também nomeia «para o seu gabinete um técnico especialista com apenas dois meses de experiência profissional.

O governo alterou o regime das Parcerias Público-Privadas abandonando os 16 critérios da lei anterior, incluindo a análise custo-benefício, e substituindo-os por critérios definidos à medida, caso a caso, numa resolução do governo - tudo ficaria ainda mais fácil se a resolução já contivesse o nome do feliz premiado.

Entretanto, prossegue a tentativa de enfiar pela porta do cavalo a regionalização rejeitada em referendo em 1998 para criar mais oportunidades para colocação de apparatchiks excedentários do PS e, dizem alguns, também do PSD como preço a pagar a Rio para ficar do lado certo.

Tão amigos que nós fomos

Desta vez, sem papel passado, o Partido Comunista faz uma longa lista de exigências como condição para aprovar o orçamento. Sabendo-se que várias dessas exigências não serão ser aceites pelo PS, trata-se apenas de um expediente.

«A educação é a nossa paixão»

O relatório do PISA 2018 divulgado a semana passada trouxe boas e más notícias. As más são: em Leitura e Ciências, Portugal desceu três lugares entre os 78 países abrangidos e continua atrás de entre 12 e 15 países da UE28. As boas notícias são: subiu um lugar em Matemática e a pontuação em qualquer das três áreas tem vindo a melhorar consistentemente desde 2000.

A melhor boa notícia e a pior má notícia são, respectivamente, o Dr. Costa, o seu ministro da Educação, a Fenprof e a doutrina berloquista ainda não tiveram tempo estragar o trabalho de Maria de Lurdes Rodrigues e Nuno Crato; tudo indica que com as medidas previstas, como o fim dos "chumbos", a mesma equipa recupere nos próximos anos o tempo perdido.

O choque da realidade com a Boa Nova

À Boa Nova do lançamento de dois Programas de Arrendamento Acessível concorrentes pelos candidatos a sucessor de Costa seguiu-se o resultado de 78 (setenta e oito) contratos assinados, dos quais metade em Lisboa. O ministro da Habitação e líder do pedronunismo recusa considerar este resultado como um falhanço - é por isso que ele é um putativo sucessor de Costa.

O Fórum para a Competitividade chama a atenção para outro possível choque de uma Boa Nova - o aumento do salário mínimo - com a realidade, neste caso os efeitos negativos no emprego se não houver aumento da produtividade.

É possível enganar toda a gente durante algum tempo, é possível enganar todos algum tempo, …

Segundo as sondagens da Intercampus, as intenções de voto no PS desceram para 34,9%, quase dois pontos percentuais do resultado das eleições. Rio também não se pode rir porque continua a três pontos percentuais do mau resultado das eleições. Cresceram sobretudo o Chega de 2,5% para 4,8% e o Iniciativa Liberal de 0,8% para 2,9%.

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