Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/12/2019

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (188) - Juntando hipocrisia à desvergonha

Primeiro, disse uma verdade inconveniente, com grande desvergonha, vinda dele: as empresas portuguesas sofrem de «fraquíssima qualidade da sua gestão» e são incapazes de trazer inovação. Santos Silva também disse que as empresas não serão capazes «de perceber a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados», um equívoco conveniente para passar graxa à audiência.

Confrontado com reacção inesperadamente firme da CIP, que lhe lembrou «o Estado da falência em que a fraquíssima administração política de sucessivos governos nos deixaram…. alguns de que o próprio Augusto Santos Silva fez parte», o ex-trotskista juntou à desvergonha a hipocrisia. «Não quis ofender, se o efeito foi esse só tenho que me penitenciar», disse.

Mais um exemplo de que um apparatchik instalado no Estado Sucial nunca desce tão baixo que não possa descer ainda mais.

A elites merdosas do Portugal dos Pequeninos acusam-se mutuamente de fazerem do país o Portugal dos Pequeninos

Tudo começou quando Augusto Santos Silva, ministro em exercício dos Negócios Estrangeiros, trotskista juvenil com passagem pelo MES e entrada no PS com saída do anonimato de uma carreira de professor de escola secundária para uma carreira de deputado e ministro sucessivamente de Guterres, Sócrates e Costa, na sessão de encerramento do Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro em Coimbra, considerou que as empresas portuguesas sofrem de «fraquíssima qualidade da sua gestão» e que não serão capazes «de perceber a vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados».

Em resposta, António Saraiva, o presidente da CIP, que vergava a mola na Lisnave na época em que Santos Silva frequentava as catacumbas do trotskismo, puxou o lustro à classe empresarial e deu o troco na mesma moeda ao ex-trotskista: «as afirmações proferidas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros só podem ser entendidas por terem sido ditas por alguém que, vivendo fechado em ambientes palacianos, há muito que não sai à rua para ver como o mundo lá fora gira e avança».

Ambos puxam a brasa à sardinha rançosa das suas respectivas classes, passando ao lado de que, sendo certa a fraquíssima qualidade da gestão da maioria das empresas portuguesas, enfiar-lhe dentro manadas de pós-graduados e doutorados em sociologia, sexologia e matérias afins por universidades da treta geralmente incapazes de inovar seja o que for, só baixaria mais a qualidade da gestão, e ainda passando ao lado de que um membro de uma classe política medíocre e infestada de corruptos com o passado de serventuário que ele tem deveria guardar de Conrado o prudente silêncio a respeito da fraquíssima qualidade seja do que for.

30/12/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (12)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas

Primeiro o governo socialista cancela em 2016 a construção da barragem de Girabolhos que, segundo a Ordem dos Engenheiros, se tivesse sido construída teria limitado a extensão das cheias do rio Mondego. No ano seguinte, em 2017, após o desastre do combate aos incêndios florestais o governo gasta com alarido quase um milhão de euros para criar um sistema de avisos por SMS.

Decorridos dois anos, há duas semanas, com o rio Mondego a ameaçar cheias, a Protecção Civil não envia mensagens de alerta por «falta de pessoal para dar resposta». Falta de pessoal para usar um sistema de envio automático de mensagens? Falta de pessoal depois de durante o primeiro mandato o governo do Dr. Costa ter contratado mais 40 mil novos funcionários públicos para fortalecer a sua clientela eleitoral?

Também a ADSE se queixa de falta de pessoal para tratar 650 mil reembolsos pendentes.

Falta de pessoal que não foi sentida para enviar uma esquadra de apparatchiks para "inspeccionar" as zonas atingidas pelas cheias. A esquadra foi comandada pelo palhaço que ocupa o ministério do Ambiente que no decurso da "inspecção" avisou as «aldeias (que) vão ter de ir pensando em mudar de sítio», enquanto garantia que os diques que ruíram serão «completamente concluídos no prazo de dois meses», garantia que vale o que costumam valer as garantias dos palhaços.

«Em defesa do SNS, sempre»

A mensagem de Natal, com o SNS como tema único, foi uma demonstração da completa falta de decoro do Dr. Costa n.º 2 que se apresentou virgem de quatro anos da inacção do Dr. Costa n.º 1.

A DGS lá se baralhou nas estatísticas de mulheres mortas devido a complicações na gravidez, Afinal os números do ano passado são mais baixos e são mais altos em 2017 e em 2016 são o dobro! No total dos 3 anos passaram de 32, que já eram muito maiores do que a média, para 36. Por curiosidade. registe-se que o semanário de reverência Expresso, uma espécie de Acção Socialista, escreveu na última página do seu número de sábado que «o que parecia ser um abrupto aumento do número de mortes (...) na verdade, o total do ano passado foi de 15». O jornalista de serviço a esta "notícia" deve ser mais uma daquelas bactérias diligentes da fossa séptica socialista de que o exemplo mor é o daquele rapaz ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar.

29/12/2019

Mitos (300) - Diferenças salariais entre homens e mulheres (9) - Os 257 anos que faltam para a "paridade"

Outros mitos: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)

O pay gap atribuído à discriminação de sexos (que o politicamente correcto chama géneros) é um dos «factos alternativos» mais populares nos meios esquerdistas. Não é que não exista um pay gap, aliás existem vários, mas desde pelo menos a II Guerra nenhum deles se funda a discriminação de sexos ou de raças. De resto, com a mesma falta de fundamento, seria mais fácil apontar a discriminação entre bem nascidos e mal nascidos de ambos os sexos ou, se preferirem, de todos os 112 "géneros" identificados pelo Tumblr.

Na verdade, como procurei mostrar nos oito posts anteriores as diferenças salariais entre sexos, que, sublinho, se existissem seriam actualmente ilegais em quase todo o mundo, resultam de diferenças no acesso a certas profissões ou funções, consequência de mais de uma centena de milhar de anos de divisão do trabalho por sexos. Por memória volto a publicar o diagrama seguinte.

Retorno a este tema a pretexto de mais uma treta destinada a produzir sound bites e a ser propagada pelo jornalismo de causas identitárias. Desta vez, foi o Fórum Económico Mundial que concluiu que «ao ritmo atual, as desigualdades entre homens e mulheres no acesso ao emprego, oportunidades de carreira e igualdade salarial levarão 257 anos a corrigir».

Uma simples consulta da lista de países permitiria a uma mente com meia dúzia de neurónios activos colocar o desconfiómetro no vermelho. Alguns países mais "paritários" do que Portugal são: Burundi, Cuba, Bielorrússia, México, Trinidade e Tobago e Moldávia. 

De modo que, no ponto em que as coisas estão, fico com um impulso irresistível de avacalhar a conversa, aconselhando as carpideiras identitárias a não se preocuparem porque, muito antes dos 257 anos que nos separam da "paridade", já as mudanças climáticas previstas pelas respectivas carpideiras, que em grande parte coincidem com as identitárias, terão tornado inabitável o planeta.

Em particular para as luso-carpideiras identitárias, acrescentaria que a falência do sistema de segurança social acontecerá aqui neste Portugal dos Pequeninos ainda antes da inabitabilidade do planeta tornando "paritárias" as pensões.

Um dia como os outros na vida do estado sucial (40) - Frequentemente ineficaz e geralmente ineficiente

Eficácia é fazer as coisas certas e eficiência é fazer as coisas bem, ou, dito de outra maneira, fazer as coisas que temos de fazer usando o mínimo de recursos. Idealmente deveríamos tentar ser eficazes e eficientes. O Estado sucial português, agora ocupado pelo PS, consegue o prodígio de ser frequentemente ineficaz e fazê-lo de forma geralmente ineficiente.

Ocorreu-me isso ao ler esta notícia que nos dá conta que para assistir um homem que tinha sido atropelado na IC2 e teve morte imediata foram enviados 8-veículos-8 dos bombeiros, GNR e INEM com 23-"operacionais"-23. Neste exemplo, a eficácia era simples porque se tratava apenas de retirar um cadáver, o que foi feito, usando recursos absurdamente exagerados.

Todos os dias temos exemplos de ineficácia e ineficiência do Estado sucial português. Ocorre-me um episódio anedótico passado há um par de meses a menos de 100 metros de minha casa. Um pequeno gato vadio introduziu-se debaixo de um carro e depois no compartimento do motor. A proprietária do carro e a sua filha tentaram extrair o gato sem sucesso e acabaram a chamar os bombeiros que chegaram com grande aparato num camião e num jeep com quatro "operacionais". Passado um bom quarto de hora, com duas dúzias de mirones a dar palpites, os "operacionais" ainda não tinham conseguido extrair o gato. Talvez cansado de tanta agitação o gato resolver finalmente pisgar-se e desaparecer.

28/12/2019

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (94) - Vai fazer-se de morto? Permita-se-me a dúvida

Outras preces

Segundo fontes que circulam aos círculos no círculo do poder político, a jornalista Ângela Silva é, pelas palavras do outro contribuinte do (Im)pertinências, uma espécie de porta-voz do PR que escreve como se fosse o travesseiro da criatura. 

Por essa razão, deveríamos dar algum crédito à jornalista quando escreve na edição diária do semanário de reverência que «Marcelo prepara-se para viver 2020 como um ano de passagem, se não a fazer de morto, pelo menos num estilo mais contido e próprio de um ano pré-eleitoral, em que já todos o olharão, para além de Presidente, como, de novo, candidato a Belém

Ainda assim, exortando embora o anunciado propósito de fazer de morto, permitam-me a dúvida se S. Exª. será capaz de suspender o papagaio mor do reino que habita em si. Se o conseguir até ao final do mandato, prometo, sem nada garantir, que ponderarei votar no seu nome nas próximas eleições presidenciais.

26/12/2019

Dúvidas (283) - Onde mete o frango os quatro mil litros de água?

Hydrologic Cycle
Segundo o Water Foot Print (WFT), citado pelo Jornal de Negócios, «um frango de um quilo bebe mais de quatro mil litros de água». Dando de barato que esse número tem alguma base científica, como um frango com 1 kg costuma ser abatido entre os 28 e os 42 dias de idade e obviamente não conseguirá beber 100 litros de água por dia, os quatro mil litros serão usados principalmente para produzir as rações que o bicho come.

E, nesse caso, para onde vão os quatro mil litros de água? Como não vão para Marte, para a Lua ou  para o espaço, ficarão a fazer o que a água costuma fazer - circular. E, sendo assim, porque nos havemos de preocupar com a «pegada de água», nós que já temos que nos preocupar com as resmas de outras pegadas?

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (187) - A pesada herança do polvo socialista (II)


Uma estória socialista resumida (já aqui contada):

João Conceição, actualmente administrador da REN, nomeado pelo governo socialista de José Sócrates em 2009, foi contratado em 2008 pelo BCP por Paulo Macedo, actualmente presidente da Caixa nomeado pelo actual governo socialista, na época membro da administração do BCP de que era então presidente Santos Ferreira, um amigo do peito de Guterres, antigo líder do PS e primeiro-ministro de dois governos socialistas. Santos Ferreira, desde sempre um homem às ordens do PS, que tinha transitado directamente para o BCP vindo da presidência da Caixa, para onde fora nomeado pelo governo socialista de Sócrates, Caixa onde autorizou empréstimos a Berardo e outros para comprarem acções do BCP, empréstimos que hoje fazem parte do malparado da Caixa que Você, leitor, e eu pagámos com os aumentos de capital para tapar os buracos.

Voltando a João Conceição, foi contratado pelo BCP ao mesmo tempo que nomeado assessor de Manuel Pinho, ministro da Economia de Sócrates e homem de confiança e às ordens de Ricardo Salgado, o DDT, presidente do BES cuja falência Você, leitor, e eu pagamos e vamos continuar a pagar. No BCP João Conceição foi contratado por 10 mil euros por mês que recebeu até Maio de 2009, totalizando 153 mil euros, agora reclamados pelo BCP com o fundamento de João Conceição não ter prestados quaisquer serviços, ao que este argumenta que fez tudo o que lhe mandaram fazer (para mais pormenores ler aqui).

Perdido? É natural, é o labirinto habitado pelo polvo socialista.

Actualização desta estória socialista:

«O Ministério Público entende que João Conceição, o ex-consultor de Manuel Pinho e atual administrador da empresa REN – Redes Energéticas Nacionais, “aderiu” em janeiro de 2007 ao “pacto” acordado originalmente entre o ex-ministro da Economia, António Mexia e João Manso Neto para conceder alegados benefícios de 1,2 mil milhões de euros à EDP. Daí ter-lhe imputado dois crimes de corrupção passiva para ato ilícito no interrogatório que decorreu a 28 de novembro.» (Estória completa)

25/12/2019

Prenda de Natal para a Protecção Civil: ideias para combater as inundações


Segundo a Water Foot Print (WFT), citada pelo Jornal de Negócios:
  • São necessários seis mil litros de água para a criação de um porco de um quilo
  • Para a produção de um quilo de um vaca são necessários 15,400 mil litros
  • Um frango de um quilo bebe mais de quatro mil litros de água.
Porque não soltar nas zonas atingidas pela Elsa umas varas de porcos, umas manadas de vacas e uns bandos de frangos?

O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O comunismo é o seu contrário

"Amante das viagens, da maquilhagem e da fotografia". A vida de luxo do filho do novo primeiro-ministro de Cuba

24/12/2019

Lost in translation (330) - Subida virtuosa dos impostos, disse ele

«O secretário do Estado dos Assuntos Fiscais considera que a subida da carga fiscal é “virtuosa” no atual contexto de Portugal. Isto porque o aumento das receitas fiscais resulta não do agravamento dos impostos mas antes do crescimento da economia e dos empregos, argumenta António Mendonça Mendes em entrevista ao Jornal de Negócios» (Eco)

Segundo a Deloitte, quem tiver um salário 1.000 euros e for aumentado em 10 euros (1%), pagará mais 30 euros de IRS.

"Eleições faz de conta" premeiam e punem

Sondagem da Intercampus vs resultados das legislativas
Uma vez que as sondagens são "eleições faz de conta", é possível que os ganhos dos pequenos partidos tenham pouco significado. Em todo o caso, PAN, Chega e IL têm ganhos relativos importantes, o que pode significar alguma coisa. No caso do Livre, que em condições normais beneficiaria do efeito "faz de conta", é claramente uma punição ao trio patético composto pelos Drs. Tavares, Katar Moreira e Assessor De Saias.

No caso do Chega, que multiplica por quatro as intenções de voto, o Dr. Ventura deveria mandar um generoso presente de Natal ao Dr. Ferro Estou-me C@g@ndo Rodrigues e uma lembrança a todos os outros patetas "anti-fascistas", nomeadamente à comentadoria radical chique que vê Hitlers em cada esquina (mas não vê Estalines).

23/12/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (11)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Costa, o Ilusionista Mor do Reino

Depois de declarar virada a página da austeridade, tirar da cartola um programa “neoliberal”, declarar que «não é de esquerda promover défices e aumento da dívida» e depois de quatro anos de governo surpreender-se por «ainda ninguém ter sido julgado no caso do BES», mostraria que Costa é um ilusionista de classe mundial, não fosse o caso de a audiência que o aplaude ser pouco exigente - já aplaudiu um Sócrates e outros artistas do mesmo calibre.

Errata: a prima não era prima, era filha do padrasto

Por devoção ao rigor, devo fazer uma correcção à crónica da semana passada onde, a propósito das intervenções no programa "Sexta às 9" no caso do lítio e no caso ISCEM (e, acrescento agora, no caso dos bónus da TAP) pela ex-directora da RTP Maria Flor Pedroso, a apelidei de «prima do Dr. Costa». Parece não ser verdade. Em vez disso, fontes geralmente bem informadas escreveram que ela é apenas filha do padrasto do Dr. Costa. Engano que, estou certo, é desculpável. Afinal a nódoa cai em qualquer pano, como se viu pelo exemplo do cento de jornalistas amigos da verdade que subscreveram o abaixo-assinado garantindo que a Senhora era uma jornalista sem mácula depois daqueles casos que seriam suficientes para manchar três carreiras.

«Temos resultados, temos contas certas».

Foi uma semana desoladora para o nosso antigo herói Centeno. Gralhas no orçamento, mentiras na carga fiscal, chutos para a frente na receita consignada ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social e erros materialmente relevantes na Conta Geral do Estado de 2018 apontados pelo Tribunal de Contas.

Talvez frustrado com as gralhas, o Ronaldo das Finanças em entrevista ao Expresso respondeu grosso ao Dr. Rio, depois deste ter confundido as despesas em contabilidade pública e em contabilidade nacional, com um «não sabe nada de economia – e muito menos Finanças públicas - ou nunca viu fazer um Orçamento do Estado» e insinuando que a oposição tem «um complexo de Pavlov». Não é que seja mentira, mas, dito assim, é um pouco violento e inesperado para um "técnico" que só está a fazer tempo para o sossego do BdP.

22/12/2019

SERVIÇO PÚBLICO: O que está em causa na "delação premiada" que não é delação nem é premiada? (2)

Uma espécie de continuação daqui.


Em resposta a António Campos, um dinossauro socialista que veio a público vociferar contra a "delação premiada", que na versão em cima da mesa não é delação nem é premiada - “o método fascista do bufo”, segundo ele -, Miguel Pinheiro desmistifica no Observador o caso do Brasil com o exemplo de António Palocci um homem do PT da máxima confiança de Lula e de Dilma cujas revelações provadas permitiram acusar o topo do PT.

E por falar em Lula, os últimos desenvolvimentos do Lava Jato permitiram incriminar ainda mais o ex-presidente através do seu filho Lulinha. Para citar a revista Veja «Lula ajudava a Oi-Telemar, que ajudava Suassuna, que ajudava Lulinha, que ajudava Bittar, e todos ajudavam o presidente.» Como no poema Quadrilha de Drummond de Andrade.

Condecorar Jesus é ridículo? Talvez, mas ridículo, mortalmente ridículo foi...

«O Presidente da República decidiu condecorar Jorge Jesus com a Ordem do Infante Dom Henrique, pelo prestígio que o seu trabalho como treinador lhe granjeou, bem como a Portugal. 

Depois de importantes vitórias em Portugal, Jorge Jesus afirmou-se também no estrangeiro e, em particular no Brasil e na América Latina, com a vitória do Flamengo no ‘Brasileirão’ e na Taça dos Libertadores.»

É ridículo condecorar com um Ordem do Infante Dom Henrique um treinador que se tornou uma das pessoas mais populares do Brasil, um país com 20 vezes a população e 90 vezes o tamanho de Portugal?

Talvez. Contudo, ridículo, mortalmente ridículo, foi ter condecorado com a Ordem Militar de Cristo Teixeira dos Santos, um ministro das Finanças, ajudante de José Sócrates e cúmplice da bancarrota que originou o maior resgate desde a batalha de Ourique. Por exemplo.

21/12/2019

Pro memoria (397) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em ? mil milhões (XIII)

Posts anteriores (I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII), (VIII), (IX), (X), (XI) e (XII)

Em retrospectiva: Teixeira dos Santos, co-autor com José Sócrates do desastre da nacionalização de um banco que valia 2% do mercado, ainda em 2012, decorridos 4 anos da sua decisão fatídica, justificava a inevitabilidade da sua decisão porque não custaria nada e a falência do BNP, segundo ele, levaria à quebra do PIB em 4%.

Recordemos ainda que a nacionalização do BPN foi entusiasticamente apoiada pelo Berloque na pessoa do seu Querido Líder Louçã, agora semi-aposentado, o que não impediu sete anos depois a sua sucessora Querida Líder Catarina Martins dizer com grande descaro que o Novo Banco «é cada vez mais o novo buraco (...) e cada vez lembra mais o BPN».

De vez em quando, são tornadas públicas estimativas de quanto já custou e de quanto ainda vai custar a nacionalização do BPN. Nesta altura, estou a imaginar-vos a perguntar: quanto já custou? estimativas? Então as contas não são do passado e as estimativas para futuro? Sim, respondo, num país normal; num país que não sofresse da maldição da tabuada. Em Portugal fazem-se estimativas para o passado e palpites para o futuro.

Fast forward: segundo a aritmética do Tribunal de Contas no parecer à Conta Geral do Estado, o BPN custou aos contribuintes «4,9 mil milhões de euros entre 2011 e 2018» e no final este último ano «as garantias prestadas pelo Estado às sociedades veículo do ex-BPN totalizavam 1.377 milhões», significando 6,2 mil milhões de euros de perdas estão garantidas.

Não falando do Animal Feroz que é um caso patológico, se Teixeira dos Santos tivesse um pingo de vergonha, por esta e por muitas outras razões, teria recusado ser condecorado em 2015 ou, pelo menos, deveria fazer como o conde do poema de O'Neill «que cora ao ser condecorado».

Moral da estória que não tem moral, como diz o lema de estimação do (Im)pertinências:
Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.

20/12/2019

ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo de factos alternativos

«Alunos portugueses são caso de sucesso na OCDE» titula o Jornal Económico, explicando que «os resultados estão aí. No geral, mostram que os alunos portugueses estão ligeiramente melhor do que a média da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) e continuam a ser dos que protagonizam maior evolução.»

Na verdade, os alunos portugueses de 2015 e 2018 decaíram em duas áreas e mantiveram a pontuação na terceira:

  • Leitura desceu de 498 para 492
  • Ciências de 501 para 492
  • Matemática manteve-se em 492

Sendo certo que os alunos portugueses estão ligeiramente melhor do que a média da OCDE essa melhoria não se deve a um desempenho melhor, é até ligeiramente pior, como se vê. Em termos de ranking em Leitura e Ciências, Portugal desceu três lugares entre os 78 países participantes e continua atrás de entre 12 e 15 países da UE28.

Então porque estamos ligeiramente melhor do que a média da OCDE? Porque as pontuações médias desceram com o aumento do número dos países participantes de 72 para 76 e os novos países (Kazakhstan, Baku (Azerbaijan), North Macedonia, Saudi Arabia, Bosnia and Herzegovina, Brunei Darussalam) tiveram todos pontuações muito abaixo da média. Voilà!

19/12/2019

SERVIÇO PÚBLICO: O que está em causa na "delação premiada" que não é delação nem é premiada?

Confesso, tenho a maior desconfiança da invocação de grandes princípios a propósito de pequenos fins. É o caso da reacção de alguns políticos, juízes e juristas às reformas apresentadas pela ministra da Justiça para combater a corrupção, uma praga endémica neste país, potenciada pelo colectivismo que caracteriza a ética frouxa dominante cá do burgo.

Acresce que a corrupção é uma prática profundamente classista: é mais raro ver um pé-descalço envolvido em actividades de corrupção do que ver um lince da serra da Malcata e, se essa raridade ocorre, já alguém viu algum advogado dos que costumam defender as elites merdosas representar um arguido teso e usar as emperradas engrenagens judiciais com recursos até ao Supremo?

Não vou escalpelizar o assunto, que é tema que não domino. Vou remeter para dois artigos de Luís Rosa, um que explica as reformas propostas e outro que desmonta os argumentos para as recusar.

18/12/2019

A reforma da missa do galo vista pelos partidos

Anda por aí uma mensagem sobre a missa do galo que me parece incompleta.

«O BE quer que a missa do galo passe a chamar-se missa do galo e da galinha; o PAN diz que vai interpor uma providência cautelar para acabar com ela; o LIVRE exige que o galo seja preto e venha duma capoeira da Cova da Moura; a IL acha que o pato, o pombo e o peru também devem poder concorrer à missa e o CHEGA diz que é uma vergonha o galo não ter colete à prova de bala. O Ferro Rodrigues, em jeito de cacarejo, já avisou que não tarda nada, lhes corta o pio.»

Falta o PSD que quer que o galo seja do Norte; o PCP que o galo tenha certificado anti-fascista; o PS que o galo leve consigo à missa todo o galinheiro.

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O Estado Sucial como alfa e ómega do Portugal dos Pequeninos. Não há vida para além do orçamento


As pesquisas equivalentes para outros países dão os seguintes resultados:
  • Espanha «"pressupuesto general 2020" site:es» - 1 640 
  • França «"budget de l'État 2020" site:fr» - 640
  • Escócia «"scottish budget 2019" site:.scot» - 410
O que significa esta obsessão com orçamento? Significa que o Estado Sucial português engoliu a sociedade civil que não existe fora dele e os portugueses e as organizações de todas naturezas em Portugal estão penduradas na toalha da mesa do orçamento.

E poderia ser de outro modo? Na Europa os partidos comunistas desapareceram, os radicais resumem-se praticamente aos partidos Verdes, os socialistas estão fora dos governos europeus e por cá tivemos um governo de socialistas que perderam as eleições, apoiado por comunistas e esquerdistas, e agora temos outro que governa sem maioria e vai tratando da mercearia com os mesmos.

17/12/2019

Algumas prostitutas têm mais integridade do que alguns jornalistas


«... nós jornalistas adoramos criticar a corrupção e denunciamos os empresários quando não fazem bem as coisas, e denunciamos o sistema judicial, até podemos afundar um restaurante com uma crítica negativa. Mas não gostamos nada de falar de nós próprios, nunca o fazemos, não fazemos autocrítica. E em Espanha, como havia um código de silêncio sobre a imprensa, o nosso gueto, o nosso establishment, não saía nada sobre o que se estava a passar. No entanto, a corrupção que denunciávamos na política tinha-se propagado ao jornalismo. O nepotismo que denunciávamos estava nas redações. Muitos dos que denunciavam estavam também avençados ou recebiam ofertas regulares, vendiam-se. (...)

Não é só dependência política, ou a corrupção de renunciar aos princípios de interesse público do jornalismo em troca de interesses económicos. Falo de jornalistas que recebem dinheiro e avenças de empresas sobre as quais escrevem. Noutro dia estive com os dirigentes de um clube da 1ª divisão do futebol espanhol e disseram-me: “Quando chegámos, o que nos surpreendeu foram os gastos no orçamento para comprar jornalistas”. Avenças aos jornalistas desportivos para não criticarem os dirigentes. Isto converteu-se numa norma em Espanha. Ou por exemplo as viagens em que grandes empresas levam jornalistas a ver jogos dos mundiais de futebol. São jornalistas que se deparam com situações em que terão de falar dessas empresas. Se aceitaste essa viagem, isso compromete a tua independência. Mas não é o mesmo aceitar uma viagem que cobrar uma avença de uma empresa. A Telefónica, durante muitos anos, pagou avenças a 80 dos jornalistas mais conhecidos de Espanha. Tinha um presidente muito controverso, mas não encontrarás uma só crítica em todos os meios espanhóis durante todos os anos em que ele esteve à frente da empresa. É quase impossível. E é por isso. O que ofende muitos companheiros é eu dizer que em Espanha não é possível comprar um jornalista, mas pode alugar-se um

Da entrevista de David Jimenez, ex-director do El Mundo, ao Observador

Evidentemente que este retrato vale também para Portugal onde é dominante o jornalismo de causas, confessáveis e inconfessáveis. Dirão, mas isso é o problema do jornalismo, do sistema, não é dos jornalistas. Lamento discordar. O sistema não é desculpa para a falta de profissionalismo, integridade e independência e sem jornalistas profissionais, íntegros e independentes não há jornalismo profissional, íntegro e independente.

16/12/2019

Quem tem má reputação não sofre danos reputacionais

Primeiro foi o caso do lítio para proteger Galamba, depois foi o caso do Instituto Superior de Comunicação Empresarial, para proteger uma amiga. Em ambos os casos, a intervenção no programa "Sexta às 9" da RTP da directora da RTP Maria Flor Pedroso, prima do Dr. Costa, revela um padrão. E a reacção dos jornalistas que subscreveram um abaixo-assinado para lhe limparem a folha confirma esse padrão.

O mesmo padrão é observável no amigo do Dr. Costa, antigo administrador da mesma RTP, cargo que acumulou com fornecedor de conteúdos, e actual secretário de Estado dos Mídia, que vai lançar uma iniciativa para sensibilizar os jornalistas a produzirem informação "rigorosa" e educar os leitores para a consumirem. 

Desta vez as intervenções da prima do Dr. Costa não correram bem, o caso foi mais escrutinado do que o costume e Maria Flor Pedroso viu-se compelida a demitir-se. A administração da RTP aceitou a demissão, explicando que a demissionária argumentara que «face aos danos reputacionais causados à RTP, não tem condições para a prossecução de um trabalho sério, respeitado e construtivo, como sempre tem feito»

É um equívoco. Desde logo, porque jamais alguém poderia causar danos reputacionais a uma organização governamental cuja reputação desde a sua fundação dificilmente poderia sofrer danos. Segundo, porque os casos que levaram à demissão de Maria Flor Pedroso mostram que o trabalho feito não foi sério, respeitado e construtivo e, com o inevitável desgaste do governo do primo serão precisas cada vez mais "intervenções" que o passado não garante não teriam lugar no futuro.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (10)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Apreciamos a liberdade da nossa imprensa

Depois do caso do lítio que o programa "Sexta às 9" da RTP, o canal governamental, foi forçado a apresentar só depois das eleições pela directora Maria Flor Pedroso, prima do Dr. Costa (cá está, outra vez, a grande família socialista), temos o caso do Instituto Superior de Comunicação Empresarial, onde lecciona Maria Flor Pedroso, e de cuja proprietária é amiga (lá está, os amigos são uma espécie de prolongamento da família), a quem avisou e aconselhou sobre as investigações inconvenientes da jornalista Sandra Felgueiras (uma metediça, está visto).

Não fora o movimento (lá está, espontâneo) de 113 indignados jornalistas que se mobilizaram num abaixo-assinado (lá está, o abaixo-assinado como arma de luta), e a directora da RTP e prima do Dr. Costa estaria ameaçada de ser injustamente impedida de continuar a exercer o seu múnus patriótico. Logo agora, que o primo Dr. Costa destacou o antigo administrador da RTP, dono de um fornecedor de conteúdos para RTP e seu fiel amigo (lá está, os amigos são para as ocasiões) para a secretaria de Estado dos Mídia onde se prepara para lançar uma «campanha de sensibilização» para educar os jornalistas a produzirem e os leitores a consumirem informação rigorosa (lá está, a coisa já tinha sido pensada por Eric Arthur Blair quando imaginou o ministério da Verdade).

É uma vergonha pretender proibir a palavra vergonha

Talvez cumprindo a sua vocação de grande educador do povo, o Dr. Ferro Rodrigues com o seu chapéu de segunda figura do Estado Sucial admoestou e ameaçou o deputado do Chega por usar as palavras «vergonha» e «vergonhoso» demasiadas vezes a propósito da governação do Dr. Costa o que, no seu entender, significava «desprestigiar as instituições democráticas».


É muita ousadia para quem já esteve «cagando para o segredo de justiça» e pertence ao grupo parlamentar socialista cujos deputados já usaram 259 vezes a palavra vergonha só na última década.

O tiro ao Centeno tornou-se o desporto oficial

No primeiro mandato o bode expiatório foi o governo "neoliberal" papel que passados cinco anos já prescreveu. Foi preciso, portanto, encontrar um substituto. Está encontrado e, por coincidência, é o herói do primeiro mandato - o Ronaldo das Finanças. Não apenas os seus colegas de governo sopram dissidências para os jornalistas amigos como até a Dr.ª Ferreira Leite, uma antiga ministra das Finanças, classificou de «faz de conta» o orçamento e exortou os colegas do Dr. Centeno a verem-se livres dele, mostrando que não apenas faz o serviço socialista quando o PS está na oposição, como mostrou durante os 4 anos do governo do seu partido, mas igualmente quando o PS governa. O Dr. Costa deveria agradecer-lhe criando uma comissão para a Dr.ª Manuela presidir.

A coisa até já passou a fronteira e chegou a Bruxelas onde, numa reunião do Conselho Europeu com o Ronaldo presente com o chapéu da Zona Euro, este e o Dr. Costa se pegaram a propósito do orçamento europeu que o primeiro exaltou e o segundo detractou para espanto dos presentes que não estavam habituados a tal coisa. Até o circunspecto semanário de reverência dedica quase uma página ao tema.

15/12/2019

Bolsonaro vs. Obrador, servidor de Cristo vs. o próprio Cristo, sabe que não sabe vs. pensa que sabe tudo. Diferentes e afinal iguais

«Aparentemente são opostos e inimigos. O brasileiro Jair Bolsonaro é um ex-capitão do Exército da extrema direita. Andrés Manuel López Obrador, do México, é um revolucionário da esquerda. Bolsonaro apela ao pior dos brasileiros, com suas críticas contra mulheres e gays, racismo ocasional e predilecção por armas e derrube das árvores da Amazónia. López Obrador (conhecido como AMLO) invoca o nobre propósito de tornar o México mais justo e menos desigual. No entanto, apesar de todas as diferenças, os dois presidentes mais importantes da América Latina são surpreendentemente semelhantes em muitos aspectos. Depois de aproximadamente um ano no cargo, ambos enfrentam dificuldades.

Ambos são reaccionários no sentido mais puro, conjurando um passado dourado imaginário. Bolsonaro celebra a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985. AMLO, que enfatiza ser um democrata, acredita que tudo estava melhor no México antes da mudança para o "neoliberalismo" na década de 1980. Ambos são nacionalistas com pouco interesse no mundo exterior e preferiam que o mundo exterior os ignorasse. São crentes e inseriram a religião no discurso político de Estados até então seculares. Bolsonaro, protestante pentecostal, fez campanha com o slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". AMLO implicitamente compara-se a Cristo, que foi "sacrificado ... por defender os pobres". Ambos defendem os valores familiares tradicionais, apesar de verem ameaças diferentes para eles: correcção política de esquerda no caso de Bolsonaro, neoliberalismo para a AMLO. Embora Bolsonaro, cujo gabinete está cheio de oficiais, dependa mais obviamente de ajuda militar, AMLO também reforçou o papel do exército. Ele chamou o exército de "povo, de uniforme" e colocou um general aposentado no comando de uma nova Guarda Nacional.

14/12/2019

Tive dúvidas até começarem a assinar o abaixo-assinado

Primeiro, estranha-se. Afinal trata-se da prima do Dr. Costa:

«A jornalista da RTP Sandra Felgueiras acusa a diretora de informação de ter passado "informação interna e sensível" ao instituto ISCEM que estava a ser investigado pelo "Sexta às 9", algo que Maria Flor Pedroso desmente.» (DN)

Depois, entranha-se. Afinal as campainhas de Pavlov tocam e a matilha corre a assinar o abaixo-assinado:

«Um grupo de profissionais ligados à organização do 4.° Congresso dos Jornalistas decidiu avançar com um abaixo-assinado “em defesa da integridade” da diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso.

A iniciativa partiu de uma conversa informal entre os jornalistas Pedro Coelho, José Manuel Mestre e Paulo Martins. Em causa está o caso Maria Flor Pedroso versus Sandra Felgueiras, relativamente às investigações do programa “Sexta às 9”, embora não haja qualquer referência no documento à situação interna da estação de televisão pública.» (Expresso)

Lost in translation (329) - Envergonhar o governo do Dr. Costa diz-se em socialês "desprestigiar as instituições democráticas"

«Tenho que parar isto a tempo e não tolerarei tentativas de desprestigiar as instituições democráticas, seja o Governo, os partidos, o Parlamento ou o Presidente da República» 
Referindo-se ao deputado do partido Chega, que tem usado a palavra «vergonha» para classificar acções do governo, ameaçou o Dr. Ferro Rodrigues, ex-líder e dirigente do partido do governo, também conhecido como segunda figura do Estado, fazendo recordar o presidente da Assembleia Nacional a admoestar um deputado da Ala Liberal por incomodar o governo do Dr. Marcelo (o padrinho, não o afilhado).

13/12/2019

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (91) – Is he hopeless? Definitely

Backward, comrades!
Mais do que uma claríssima vitória de BoJo e dos Tories (o melhor resultado desde Thatcher), estas eleições foram uma estrondosa derrota de Jeremy Corbyn (o pior resultado dos Trabalhistas desde 1935). Um Corbyn sobre o qual já aqui escrevemos que, visando enterrar o New Labour de Blair, iria enterrar o Old Labour, que defendia as minas de carvão para todos e carruagens só para mulheres, que era ambíguo em relação ao terrorismonão era credível, era apoiado por grupúsculos esquerdistasinspirava-se no socialismo bolivariano, era "nacional socialista" (esta era uma piada) e um esquerdista senil.

Derrota estrondosa, apesar de Corbyn ter prometido no seu Manifesto que o governo Trabalhista proporcionaria aos britânicos o céu na terra: Revolução Industrial Verde, salário mínimo de 10 libras por hora, Serviço Nacional de Educação, aumento do financiamento do SNS incluindo dentista e medicamentos gratuitos, banda larga grátis, etc. Um longo etc. que incluía a nacionalização de uma boa parte da economia.

Economist

Podemos confirmar que era tudo isso que escrevemos e ainda acrescentar que Corbyn é um demagogo, felizmente mal sucedido porque o eleitorado britânico foi suficientemente maduro para não lhe dar crédito. Em particular, uma parte da "working-class", um bastião tradicional dos trabalhistas, abandonou Corbyn e votou nos conservadores, como se pode ver no diagrama acima. Foi provavelmente o preço da ambiguidade de Corbyn em relação ao Brexit.

O "capitalismo" de Estado não é capitalismo, é comunismo de "mercado"

«Quando a NBA recuou em Outubro para apaziguar Pequim após uma chuva de protestos em Hong Kong, a liga de basquetebol foi criticada por se submeter a um regime autoritário. Daryl Morey, gerente geral do Houston Rockets, num tweet (posteriormente apagado) escreveu: "Lute pela liberdade, fique com Hong Kong". Isso levou a China a suspender as transmissões da NBA na pré-temporada, a retirar patrocinadores dos jogos no país e a romper os laços com os Rockets.

Diante da perspectiva de um tweet que desfaz décadas de trabalho para promover o crescimento no mercado externo mais importante da NBA, a liga capitulou. Mas a decisão da associação de basquetebol de seguir a linha do Partido Comunista Chinês (PCC) está longe de ser a excepção. Longe da humilhação pública da NBA, a China está a recorrer a um mecanismo pouco usado anteriormente para controlar silenciosamente as relações com marcas e empresas estrangeiras que operam na China, afirmam especialistas. E cada vez mais empresas internacionais estão silenciosamente a atender às exigências do PCC.

O mecanismo usado é um comité do partido que opera em empresas e instituições privadas e estatais, cujos membros são escolhidos tanto pelo partido quanto pelas empresas em questão. Oficialmente, esses comités existem para permitir que as empresas se mantenham melhor informadas sobre as mudanças legais e regulamentares e actualizadas com o clima político na China. No entanto, eles são cortinas para esconder a influência cada vez maior que o partido exerce sobre as empresas que operam no país, afirmam especialistas.

Até há 18 meses atrás, esses comités do partido eram em grande parte simbólicos, mas até o final do ano passado, em 106.000 empresas estrangeiras tinham sido criados comités do PCC, totalizando 70% das empresas que operam na China, segundo o Departamento de Organização do Comité Central. Isso representa um aumento de 125% em relação a 2011, quando o número era de 47.000. No geral, dos 2,7 milhões de empresas privadas da China no exterior e no exterior, 68% criaram um comité partidário, um aumento de 30% nos últimos cinco anos. Do Walmart à Walt Disney, vários gigantes americanos têm comités do partido na China.

"O PCC sempre demonstrou poder administrativo para reprimir ou punir empresas que não seguem a sua linha", diz Xin Sun, professor de negócios chineses e asiáticos do King's College. Mas esse poder tornou-se tornou cada vez mais proeminente sob o presidente Xi Jinping, diz ele. "E as empresas estão prestando mais atenção para não se envolverem em acções consideradas inaceitáveis ​​pelo partido".

Não há dúvida de que empresas, nacionais e estrangeiras, continuarão colidindo com as sensibilidades políticas da China. À medida que os laços entre o partido e as empresas se aproximam em sectores da segunda maior economia do mundo e a confiança das autoridades da China aumenta, seguir a linha do PCC será mais importante para empresas estrangeiras. E com o mercado consumidor chinês é vital para as indústrias globais - de bens de luxo à aviação - sair da linha pode ter consequências cada vez mais graves. 

Em alguns casos, esses resultados serão tornados espectacularmente públicos, como acontece com Morey e a NBA. Na maioria dos casos, os comités do partido garantirão que você nem venha a saber.»

Excerto de HOW CHINA MANIPULATES FOREIGN FIRMS na Ozi

É esta China dominada pelo PCC que o governo socialista considera um parceiro privilegiado com quem quer aprofundar relações.

12/12/2019

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (24) - Meninas que os portugueses acolhem calorosamente

Outros portugueses no topo do mundo.

Salvo erro, foi esta a segunda vez que a Time colocou os portugueses no topo do mundo, ou seja na sua capa. Não, não é que a activista climática menina Greta Thunberg tenha adoptado a nacionalidade portuguesa. O que justifica a referência é a foto da capa da Time tirada na zona de Lisboa num cenário que é como que uma antecipação alegórica da submersão da costa portuguesa pela subida do nível do mar proveniente das mudanças climáticas causadas, segundo a menina Greta e as outras meninas, pelos «sistemas de opressão coloniais, racistas e patriarcais».

E qual foi a outra vez que a Time colocou os portugueses no topo do mundo? A outra vez foi a propósito de Bragança, ou, mais exactamente, a propósito das meninas brasileiras que praticavam boas acções nessa bela cidade. Nessa altura, a Time celebrou as meninas brasileiras na sua edição europeia de Outubro de 2003 num delicioso artigo com o título «When The Meninas Came To Town» que o (Im)pertinências acolheu com gosto num post baptizado de «As meninas do alterne são a alegria dum patriota».

E o que tem uma coisa a ver com a outra? Tem tudo a ver. A Time, as meninas estrangeiras, as boas acções, o acolhimento caloroso por portugueses em terras de Portugal e, principalmente, as impertinências.

A notícia de que a desigualdade está a aumentar muito é um pouco exagerada

A semana passada o outro contribuinte citou no post «E se a desigualdade resultar mais da diferença nos rendimentos do "trabalho" do que da diferença entre "ricos" e "pobres"» o artigo «Capital, Trabalho e Desigualdade» de Luís Cabral publicado no dia 30 do mês passado, que questionava o mantra da desigualdade crescente.

Por coincidência, a Economist dedicou o número da semana 30-11 a 6-12 ao tema «Inequality illusions» e incluiu nesse número o artigo «Inequality could be lower than you think», cuja versão abreviada pode ser lida aqui. Baseado e citando dados de vários estudos recentes, o artigo punha seriamente em dúvida esse mantra, e concluía:

«O facto de reivindicações duvidosas serem feitas sobre a desigualdade não reduz a urgência de combater a injustiça económica. Mas exige garantir que as suposições nas quais as políticas se baseiam sejam precisas. Aqueles, como o Partido Trabalhista da Grã-Bretanha, que são a favor da redistribuição radical do rendimento e da riqueza, devem ter certeza de que a desigualdade é tão alta quanto eles pensam - especialmente quando suas políticas trazem custos indirectos, como dissuasão de riscos e investimentos. Segundo uma estimativa, o imposto sobre a riqueza de Warren deixaria a economia americana 2% menor depois de uma década.

Até que esses debates sejam resolvidos, seria melhor para os formuladores de políticas pisarem um terreno mais sólido. Os mercados imobiliários do mundo rico estão a privar jovens trabalhadores de dinheiro e oportunidades; é necessária mais construção nos locais que oferecem empregos atractivos. A economia americana precisa de uma revolução na aplicação da lei antitrust para revigorar a concorrência. E, independentemente das tendências da desigualdade, muitos trabalhadores de alto rendimento, incluindo médicos, advogados e banqueiros, são protegidos da concorrência por regulamentação e licenciamento desnecessários, além de restrições sem sentido à imigração altamente qualificada, que devem ser afrouxadas.

Essa agenda exigiria que os governos combatessem os NIMBYS (Not In My Back Yard) e os lóbis corporativos. Mas reduziria a desigualdade e impulsionaria o crescimento. E os seus benefícios não dependem de um conjunto de crenças sobre rendimento e riqueza que podem vir a mostrar-se erradas»

Os problemas são vários: (1) do lado da oferta de opiniões muitos dos profissionais praticam a ciência de causas; (2) do lado da procura é muito mais fácil ter crenças do que torrar a mioleira a analisar os factos e a estudar os assuntos, e (3) a humana tendência para desprezar os factos que não confirmam as crenças.

11/12/2019

SERVIÇO PÚBLICO: "O falhanço do sistema constitucional americano não é um falhanço do sistema constitucional americano, é um falhanço das “sociedades humanas”

«Mesmo que acontecimentos e possíveis revelações posteriores levem os republicanos do Senado a votar para condenar Trump, o mero facto de que as provas já conhecidas não terem sido suficientes para que não restasse qualquer dúvida de que o condenariam, mostra que a república americana ainda “depende do acidente e da força”.

Se o resultado de um processo de “impeachment” e o seu julgamento no Senado depende não dos factos, mas da disponibilidade dos membros de um partido para serem cúmplices dos crimes que esses factos revelam, absolvendo o presidente que os ordenou e cometeu, isso significa que “o bom governo” está permanentemente refém das circunstâncias do dia (“o acidente”) e do peso eleitoral (“a força”) dos que estão no poder, em vez de repousar na “reflexão e escolha”.

Os leitores mais imbuídos de um espírito antiamericano talvez se tenham entusiasmado ao ler as linhas anteriores. Não deviam. Porque o falhanço do sistema constitucional americano não é um falhanço do sistema constitucional americano, é um falhanço das “sociedades humanas”, da natureza humana, e os países que (ainda) não sofreram o destino que os EUA estão a sofrer apenas tiveram mais sorte com os tais “acidentes” e equilíbrio de “força” a que foram sujeitos, e não arranjos constitucionais melhores.

E, diga-se de passagem, Portugal não tem razões para se incluir nesse lote de sortudos. Afinal foi aqui que alguém como José Sócrates foi protegido por todos ou quase todos, da maioria socialista ao sistema judicial, quando já era mais do que evidente o carácter corrupto da sua acção em casos como o da “licenciatura”, do bloqueio da CGD à OPA da Sonae à PT, ou da tentativa de tomada de controlo da TVI

Excerto de Acidente e força, Bruno Alves no Jornal Económico

Felizmente que ainda existem comentadores com erudição, clarividência e independência. Infelizmente são poucos e, receio, não são muitos os que os lêem e apreciam.

CASE STUDY: Trumpologia (54) - Têm ambos razão

Mais trumpologia.

«Sem surpresa, o advogado do Partido Democrata acusou Donald Trump de ter um “esquema” para obter “lucros políticos e pessoais” através dos seus contactos com o Presidente da Ucrânia, Volydymyr Zelensky. Já o advogado do Partido Republicano, mantendo uma linha já previamente defendida, referiu que este processo é o resultado da “obsessão” dos democratas em tirar Donald Trump da Casa Branca.» (Observador)

10/12/2019

Manifestações de paranóia/esquizofrenia (32) - Se houvesse divergência política terminariam a reunião já no próximo século

Outras manifestações de paranóia/esquizofrenia

O problema está naquela manchinha vermelha
«Crise do Livre acabou ao fim de 22 horas de reunião e da audição de 11 personalidades (durante 19 horas e meia).

Afinal não há divergência política entre Joacine Katar Moreira e a direção do Livre». (...) 

Contas feitas e no final de 27 páginas de parecer,  (...)»

Mitos (299) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXII)

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

Um exemplo de lucidez e independência raro entre os militantes de causas ambientais (e, para ser honesto, igualmente raro entre os militantes do negacionismo) é o de Bjorn Lomborg, Director do Copenhagen Consensus Center. A demonstrar isso mesmo, escreveu há duas semanas no Project Syndicate um artigo desmistificando o alarmismo à volta da inundação resultante do degelo em várias partes do mundo. Aqui vai um excerto e a sugestão de ler o resto.

«As últimas notícias alarmantes sobre as mudanças climáticas são que enormes extensões de terra densamente habitada estarão submersas em 2050, com as suas cidades "apagadas". Esses relatórios - que apareceram no The New York Times e em muitos outros meios de comunicação - baseiam-se em bom trabalho de pesquisa de cientistas da Climate Central, mas eles entenderam mal a história.

Isso faz parte de um padrão prejudicial. A mudança climática é um problema criado pelo homem que precisamos resolver, mas muitas das notícias sobre seus supostos efeitos assustam-nos sem razão e enganam-nos sobre como agir.

O artigo, publicado no mês passado na Nature Communications, mostra que as estimativas anteriores do impacto do aumento do nível do mar estavam erradas, porque se baseavam em medições do nível do solo que às vezes incluíam erroneamente as alturas das árvores ou das casas. Por outras palavras, a vulnerabilidade ao aumento do nível do mar foi subestimada. Isso é importante.

Mas a mídia usou isso para criar uma visão distópica de 2050. O Times publicou um mapa aterrador mostrando que o sul do Vietname “quase desaparecerá” porque estará “debaixo d'água na maré alta”. O Times disse aos leitores: “Mais de 20 milhões de pessoas no Vietname, quase um quarto da população, vivem em terras que serão inundadas. ”E alertou para efeitos semelhantes em todo o mundo.

Esta notícia tornou-se viral. Bill McKibben, fundador da organização ambiental 350.org, twittou que "As mudanças climáticas estão encolhendo [o] planeta, da maneira mais assustadora possível". O cientista climático Peter Kalmus disse que já se preocupou em "ser rotulado como 'alarmista'", mas notícias como essa o fizeram adoptar o termo.

O que a mídia deixou de mencionar é que a situação no sul do Vietnã hoje é quase idêntica  à situação projectada em 2050


09/12/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (9)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Ronaldo das Finanças, de bestial a besta...

Esta operação de mudança do género bom para o género mau a que está a ser submetido Centeno é muito esclarecedora sobre duas características deste PS: a instrumentalização do pessoal político fora do círculo de confiança de Costa e a correia de transmissão montada nos jornais.

«Centeno volta a falhar prazo para tornar as contas públicas mais transparentes» e «Tribunal de Contas acusa ministério de Centeno de falta de liderança na reforma das Finanças Públicas» são dois títulos impossíveis de ler até recentemente, ambos respeitando o mesmo facto conhecido há quatro anos: os chutos para a frente da reforma da contabilidade pública por um Ronaldo das Finanças a quem não interessa nada a transparência das contas. «Centeno do Eurogrupo censura esboço orçamental de Centeno», é outro título impossível, sobretudo de um dos Diários do Governo.

... mas ainda tem amigos...

... nalguns jornais que celebram com grande euforia o recuo de 252,3 para 251,4 mil milhões (0,36%) da dívida pública em Outubro. Recuo que é um avanço de 50 mil milhões desde o início do programa de resgate.

... e também no Expresso que lhe dedica duas páginas e meia ilustradas com três fotos 30x14cm num artigo com chamada na primeira página que é todo um desígnio «Centeno com porta aberta para no mandato no Eurogrupo». Porta aberta, porém, com um quid: «tem de continuar nas Finanças».

Sabendo-se que Centeno não é parvo e, uma vez falhada a sua candidatura ao FMI, sendo conhecida a sua vontade de presidir ao BdP (onde tem umas contas a acertar), é improvável que queira continuar nas Finanças, agora que estão praticamente esgotados os truques, está no horizonte a maldita realidade a caminho de fazer a cobrança e o governo do Dr. Costa precisa desesperadamente de derramar dinheiro em cima dos problemas. De onde talvez se deva concluir que com amigos destes o Dr. Centeno não precisa de inimigos.

08/12/2019

Eu também sou estúpido

«Aliás as pessoas estúpidas são tão estúpidas que não percebem como os mesmos políticos que falharam rotundamente quando, nos incêndios de 2017, o país viveu uma situação de emergência se propõem agora resolver nada mais nada menos que a emergência climática do planeta. Valha a verdade, e contra nós portugueses falo, se nos fiarmos no percurso do engenheiro Guterres, temos de admitir que é mais fácil ser bem sucedido a mandar no planeta que neste seu modesto rectângulo! É evidente que as idiossincrasias nacionais levam a que as nossas pessoas estúpidas sejam ainda mais estúpidas que as demais. Por exemplo, perante a magnitude do conceito da justiça climática qualquer estúpido português dirá que aquilo que ele queria mesmo era uma justiça que funcionasse em prazos e moldes humanamente razoáveis. Isto para não falar da desordem mental que alguns estúpidos experimentam quando constatam que o mesmo país, Portugal, que segue com entusiasmo militante as sessões do inquérito ao presidente dos EUA aceitou em silêncio que o presidente da república e o primeiro-ministro de Portugal não fossem interrogados a propósito do desaparecimento/achamento das armas de Tancos porque isso perturbaria o desempenho das suas altas funções.»

«As pessoas estúpidas», Helena Matos no Observador

Madama Butterfly, uma celebração do imperialismo americano, opressor, racista e patriarcal, exaltação da submissão e negação da emancipação do género oprimido

Transmissão do Met de Nova Iorque no Auditório do Mr Five per Cent 
Enquanto via no Met dos Tesos a Butterfly, com um Pinkerton frouxo e uma Cio-Cio-San respeitável numa produção vistosa do falecido Minghela, interroguei-me como seria vista esta ópera por um esquerdalho radical, praticante da religião anti-capitalista da identidade de género e das lutas climáticas. Tive uma epifania e escrevi o resultado no título.

07/12/2019

Países árabes no caminho de serem Estados seculares?

Arabs are losing faith in religious parties and leaders

«"NÃO À RELIGIÃO ou seita", gritam os manifestantes no Iraque. "Não ao Islão, não ao cristianismo, revolta pela nação", ecoam os do Líbano. Em todo o mundo árabe, as pessoas estão a voltar-se contra os partidos políticos religiosos e os clérigos que os ajudaram a chegar ao poder. Muitos parecem estar a abandonar o Islão também.

Essas tendências são reflectidas em novos dados do Arab Barometer, uma organização de sondagens nos países árabes. Em toda a região, a proporção de pessoas que expressam muita confiança nos partidos políticos, a maioria com tom religioso, caiu em mais de um terço desde 2011, para 15%. (A parcela de iraquianos que afirmam não confiar nos partidos aumentou de 51% para 78%.) O declínio na confiança dos partidos islâmicos é igualmente dramático, passando de 35% em 2013, quando a pergunta foi amplamente feita, para 20% em 2018.»

06/12/2019

Mudam-se os tempos, mudam-se os nomes

«Passados quatro anos, as políticas de austeridade foram renomeadas políticas de cativações, o crescimento económico não apareceu, os desequilíbrios reais das políticas públicas acentuaram-se e o primeiro-ministro, António Costa, procura nas instituições europeias balanço de Banco Central onde colocar a dívida pública, as imparidades dos bancos e verbas orçamentais em que possa encontrar estímulos ao crescimento. Os teólogos sabem sempre o que fazer quando a realidade denuncia a ilusão dos dogmas: mudam os nomes às coisas e continuam inocentes dos pecados cometidos.»

 A ilusão do dogmático, Joaquim Aguiar no Jornal de Negócios

A batota eleitoral desculpa-se quando é por uma "boa causa"

No artigo da Economist citado no post «Uma visão independente e objectiva do jornalismo profissional sobre a génese do caos boliviano» fez-se referência a um relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos que auditou as eleições. O relatório final agora conhecido concluiu ter havido uma "clara manipulação” dos resultados eleitorais para dar a vitória a Morales logo na primeira volta.

Ainda a tinta do relatório final não tinha secado já o Guardian, um jornal inglês que pratica o jornalismo de causas (ainda que com mais competência do que a média do jornalismo de causas doméstico), num expediente típico da esquerdalhada, publicava um abaixo assinado a «exigir que a OEA  retratasse as suas declarações enganosas sobre a eleição, que contribuíram para o conflito político».

As primeiras linhas enunciam logo ao que vem o panfleto: «O governo Trump apoiou aberta e fortemente o golpe militar de 10 de Novembro que derrubou o governo do presidente Evo Morales». Quod est demonstrandum.

Os primeiros signatários desse panfleto são Ha-Joon Chang, James Galbraith, Thea Lee e Mark Weisbrot, conhecidos praticantes radicais da ciência de causas e apoiantes de Lula, Chávez-Morales e tutti quanti. São os novos idiotas úteis do marxismo pós-moderno na versão socialismo tropical. Não há nada de novo sob o sol.

05/12/2019

Os idiotas úteis e a agenda escondida da luta contra as mudanças climáticas (2)

Já tinha escrito e publicado o post anterior quando li no Blasfémias a agenda, desta vez exibida, da luta contra as mudanças climáticas da Climáximo, uma subsidiária do berloquismo gerida também pela família Louçã - o genro do tele-evangelista. Reza assim:
«Ou derrubamos o capitalismo e mais uma vez nos lançamos na luta das revoluções internacionalistas, ou o terror capitalista autoritário será combinado com um clima implacável para afundar numa escassez desconhecida e numa decomposição social sem precedentes
É uma espécie de vulgata do trotskismo da IV Internacional reciclada para aplicação nas lutas ambientais.

Os idiotas úteis e a agenda escondida da luta contra as mudanças climáticas

Num artigo panfletário «Porque insistimos na greve», publicado no Project Syndicate, as três "activistas climáticas" Greta Thunberg, Luisa Neubauer e Angela Valenzuela, revelam sem dar por isso o leitmotiv que as inspira ou, talvez, que inspira os seus inspiradores:
«Afinal, a crise climática não diz apenas respeito ao ambiente. É uma crise de direitos humanos, de justiça, e de vontade política. Foi criada e alimentada por sistemas de opressão coloniais, racistas e patriarcais. Precisamos de desmantelá-los a todos. Os nossos líderes políticos não podem mais fugir às suas responsabilidades.»
Pergunta-se, e várias pessoas se perguntaram, afinal o que têm as mudanças climáticas a ver com os direitos humanos e com a sistemas de opressão coloniais, racistas e patriarcais?

Tem imenso aos olhos das várias encarnações da esquerdalhada, órfãos dos marxismos, leninismos, trotskismos, maoismos, etc. que hoje se abrigam sob estas bandeiras pós-modernas da identidade de género, das lutas anti-racistas contra um racismo inexistente ou ultra-minoritário, e, neste caso em particular, das lutas contra as mudanças climáticas.

O que está em causa é sempre o mesmo, a luta contra dois inimigos que historicamente convivem entre si. O capitalismo como sistema social e económico e a democracia liberal como sistema político. Sistemas incompatíveis com o Estado distópico que a esquerdalhada precisaria de criar e ocupar para trocar as desigualdades existentes, consequência inevitável da liberdade, por outras desigualdades e, acessoriamente, controlar eficazmente a produção e consumo de energia e asfixiar o capitalismo e o resto.

É claro que tudo isto passa ao lado da menina Greta (das outras meninas não tenho a certeza) que, como muitos outros jovens e imensos adultos, são o que os comunistas soviéticos chamavam nos anos 20 e 30 do século passado aos jornalistas e intelectuais, ingénuos uns e outros nem por isso, que faziam o agiprop comunista no mundo ocidental: idiotas úteis.

04/12/2019

Dúvidas (282) - E se a desigualdade resultar mais da diferença nos rendimentos do "trabalho" do que da diferença entre "ricos" e "pobres"

O texto seguinte de Luís Cabral, um economista e professor na Universidade de NY que escreve regularmente no Expresso ao arrepio do pensamento socialista dominante no semanário, questiona o núcleo das premissas da vulgata da desigualdade de inspiração marxista tardia que nos últimos anos está a servir de sustentação "científica" para o retorno do Estado intervencionista.

«Não é novidade para ninguém que o nível de desigualdade em muitas economias desenvolvidas é elevado e tem subido em anos recentes. Por exemplo, nos Estados Unidos, o top 1 por cento dos mais ricos recebia cerca de 10 por cento do rendimento nacional nos anos 70. Hoje, esse valor duplicou para cerca de 20 por cento. Em Portugal, apesar de tudo temos um valor inferior, cerca de 8 por cento. No Chile, cerca de 23 por cento. No Brasil, 28 por cento! (Neste contexto, o que admira não são os protestos em Santiago, o que realmente admira é a falta de mais protestos em São Paulo e no Rio.)

Qual é a raiz destas desigualdades? Como é evidente, há mais do que uma causa, e a importância relativa de cada causa varia de país para país e de ano para ano. No que segue, refiro-me principalmente ao caso dos Estados Unidos, por dois motivos. Primeiro, existem mais dados e mais estudos sobre a economia americana. Segundo, para os presentes efeitos o que se tem passado nos Estados Unidos é mais relevante para Portugal do que o que se tem passado no Brasil ou no Chile. 

Há alguns anos, no livro "Capital no Século XXI", o economista francês Thomas Piketty propôs uma teoria para a concentração no top 1 por cento: Os donos do capital veem a sua riqueza (e o seu rendimento) crescer à taxa de juro. Os trabalhadores, pelo contrário, só ganham mais quando a economia cresce. Ora, a taxa de juro tem sido superior à taxa de crescimento da economia, e para os mais ricos os rendimentos do capital são mais importantes do que os rendimentos do trabalho. Logo, na corrida entre capital e trabalho ganha o capital, e na corrida entre ricos e pobres ganham os ricos.

Esta teoria e a sua aplicação têm muitos problemas, dos quais destaco os seguintes: Primeiro, nos últimos anos a taxa de juro tem sido inferior à taxa de crescimento da economia e isso não impediu que os índices de desigualdade tenham aumentado.

«Não subestimem a força dos miúdos zangados», diz a Greta. Nem o oportunismo do Melga camarário

03/12/2019

DIÁRIO DE BORDO: Um merecido prémio do ano e de carreira para S. Ex.ª o ministro do Ambiente


Querida Greta, obrigada pelo teu ativismo

«Bem-vinda a Portugal, o primeiro país do mundo a assumir a meta de atingir a neutralidade carbónica em 2050.» (Expresso)
«O ministro do Ambiente escreveu uma carta à ativista, a dois dias da chegada a Lisboa. Matos Fernandes destaca os avanços feitos em Portugal, mas admite que ainda há muito trabalho pela frente, ou não fosse Portugal “um dos países europeus que mais sofre com as consequências das alterações climáticas”»

Aqui ao lado, a querida Greta, activista ambiental, posando para a posteridade a bordo do iate onde se fez transportar para poupar dióxido de carbono.

A democracia do senhor das Produções Fictícias é uma democracia fictícia

«Esta secretaria de Estado é uma afirmação política, um sinal distintivo deste Governo, que valoriza todos os media livres, independentes e democráticos, entre eles, o serviço público de televisão – o papel central da RTP – e a Agência Lusa como elementos fundamentais para a cultura, sim. Mas, sobretudo como elementos estruturantes da democracia», declarou na conferência Financiamento dos Media promovida pelo Sindicato dos Jornalistas, com o chapéu de secretário de Estado do Audiovisual, do Cinema e dos Media, o Sr. Nuno Artur Silva, ex-administrador da RTP e proprietário de facto da empresa Produções Fictícias fornecedora de conteúdos para a RTP.

E o que dizer desta treta sobre a RTP – e a Agência Lusa como elementos estruturantes da democracia? Por exemplo o que escreveu António Barreto no Público, citado no seu blogue Jacarandá:

«Como nunca antes, o Governo “marca as agendas”, selecciona as notícias e os estudos, escolhe os órgãos de imprensa que fazem jeitos, paga publicidade institucional, não responde a quem procura e investiga, alimenta a maior parte das agências de comunicação que, sem o governo, pouco teriam para fazer. Os noticiários das televisões parecem feitos nos gabinetes dos ministros.

Os órgãos de informação vivem tempos difíceis, dramáticos mesmo. Não só a Internet, os telemóveis e as redes sociais os ameaçam, como a sua dependência é cada vez maior. Uns por vontade e doutrina: alguns jornalistas de esquerda silenciam quase tudo o que não convém aos seus amigos, condenam o que lhes cheira a direita ou a incomodidade. Os de direita, poucos actualmente, não se comportam de maneira muito diferente, só que argumentam quanto podem com as liberdades, dado que o governo fica à esquerda. A verdade, todavia, é que existe uma espécie de ambiente geral, de clima cultural ou de moda e espírito sempre disponíveis para agradar à esquerda, calar os defeitos, inventar conveniências e fabricar verdades, mas sobretudo condicionar e definir as agendas. Os mesmos lapsos, os mesmos erros, os mesmos defeitos, as mesmas medidas políticas, as mesmas iniciativas, as mesmas mentiras, as mesmas aldrabices e os mesmos roubos cometidos pelas direitas e pelas esquerdas têm tratamentos absolutamente diferentes. Condescendência, desculpa ou silêncio para a esquerda, crítica, intransigência e investigação para a direita. Esquecimento para a esquerda, memória para a direita. Nos tempos dos governos de Cavaco Silva não era muito diferente, só que os jornalistas se comportavam então com um pouco mais de liberdade e havia menos agências de comunicação. Os governos de Sócrates eram parecidos, só que mais brutos. Os de Costa refinam.»