[Outras esperas do minotauro]
Estão quase a completar-se 6 anos do início desta série de posts denunciando, numa época em que os mídia quase não tocavam no assunto, as manobras socráticas de autorizar a venda da Vivo pela PT, para injectar dinheiro no GES, que já então ameaçava ruína, e impor à PT a compra da Oi, um chaço controlado pelo pêtismo. Manobras que, se não salvaram o GES, colocaram irremediavelmente de joelhos a PT, da qual foi mais tarde vendida a parte operacional à Altice, expurgada da participação na Oi que hoje afunda a Pharol (ex-PT SGPS).
E mais afundará a Pharol porque a Oi é uma empresa falida a negociar um plano de recuperação judicial da sua dívida de 65 mil milhões de reais (quase 20 mil milhões de euros) a 67 mil credores, montante que equivale a mais de 3 vezes as perdas da Petrobrás no Lava-jato ou a quatro anos do programa social Bolsa Família.
Recorde-se que na génese do escândalo PT-Vivo-Oi vamos encontrar várias figuras do regime deste lado e do outro lado do Atlântico: José Sócrates e o PS, Ricardo Salgado, o Dono Disto Tudo, Lula da Silva e o PT, uns e outros, acompanhados pelos empresários pendurados nos dois complexos político empresarial "irmãos".
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/12/2016
SERVIÇO PÚBLICO: Da próxima vez também não vai ser diferente (9)
[Uma espécie de continuação de «Too big to fail» - another financial volcanic eruption in the making (1) e (2) e de «Da próxima vez também não vai ser diferente»]
É tão raro encontrarmos nos mídia portugueses gente que saiba do que está a falar quando fala das políticas de quantitative easing (QE) e de taxas de juro evanescentes adoptadas pela Fed, seguida de Banco de Inglaterra, BCE e Banco Central do Japão que devemos escutá-los ou lê-los com atenção redobrada. Como é o caso de Paulo Soares de Pinho, director de The Lisbon MBA da Católica-Lisboa SBE e da Nova SBE, de que citamos vários excertos da sua entrevista ao Observador onde toca num dos pontos que temos vindo a salientar (o perigo de uma próxima bolha criada pelos incentivos a assumir riscos excessivos e a financiar projectos inviáveis resultantes destas políticas dos bancos centrais) e destaca o papel particular do capital de risco na criação de bolhas.
Falou-se muito de que a bolha que envolvia as startups tecnológicas estaria prestes a rebentar em 2016. Mas não rebentou.
Não rebentou, porque ainda não chegou a altura de rebentar. As bolhas especulativas são criadas tipicamente pelo rescaldo de uma crise financeira. Isto é assim há 200 anos. O que cria uma bolha especulativa é, na sequência de uma crise financeira, os bancos centrais entrarem em pânico e baixarem as taxas de juro. O que faz com que os investidores não encontram alternativas interessantes para aplicar o dinheiro. Nós temos as taxas de juro historicamente mais baixas desde que há registos, os investidores não sabem o que fazer ao dinheiro. Literalmente. Um banco hoje paga para colocar dinheiro no banco central. Nunca tivemos taxas de juro negativas, por exemplo, e as pessoas entram em desespero. É verdadeiramente desesperante o que fazer ao dinheiro.
É tão raro encontrarmos nos mídia portugueses gente que saiba do que está a falar quando fala das políticas de quantitative easing (QE) e de taxas de juro evanescentes adoptadas pela Fed, seguida de Banco de Inglaterra, BCE e Banco Central do Japão que devemos escutá-los ou lê-los com atenção redobrada. Como é o caso de Paulo Soares de Pinho, director de The Lisbon MBA da Católica-Lisboa SBE e da Nova SBE, de que citamos vários excertos da sua entrevista ao Observador onde toca num dos pontos que temos vindo a salientar (o perigo de uma próxima bolha criada pelos incentivos a assumir riscos excessivos e a financiar projectos inviáveis resultantes destas políticas dos bancos centrais) e destaca o papel particular do capital de risco na criação de bolhas.
Falou-se muito de que a bolha que envolvia as startups tecnológicas estaria prestes a rebentar em 2016. Mas não rebentou.
Não rebentou, porque ainda não chegou a altura de rebentar. As bolhas especulativas são criadas tipicamente pelo rescaldo de uma crise financeira. Isto é assim há 200 anos. O que cria uma bolha especulativa é, na sequência de uma crise financeira, os bancos centrais entrarem em pânico e baixarem as taxas de juro. O que faz com que os investidores não encontram alternativas interessantes para aplicar o dinheiro. Nós temos as taxas de juro historicamente mais baixas desde que há registos, os investidores não sabem o que fazer ao dinheiro. Literalmente. Um banco hoje paga para colocar dinheiro no banco central. Nunca tivemos taxas de juro negativas, por exemplo, e as pessoas entram em desespero. É verdadeiramente desesperante o que fazer ao dinheiro.
30/12/2016
Dúvidas (181) - Porque não gosta a esquerdalhada de Trump?
Ford. Trump diz que bloqueará vendas do GT nos EUA
«Produzido no Canadá, o mais recente desportivo da Ford Motor Company, o Ford GT, promete ser o primeiro confronto de uma guerra entre o construtor automóvel norte-americano e o recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. E tudo porque o governante pretende obrigar o fabricante a transferir a produção do modelo, do vizinho Canadá para os EUA.» (Observador)
Só pode ser um mal-entendido. É mais o que o une do que o que os separa.
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ACREDITE SE QUISER: Homens-objecto
Os actores masculinos começam, por fim, a queixar-se de serem "objectificados" pelas fãs do
Segundo um estudo da USC Annenberg a "hiper-sexualização" dos homens nos filmes aumentou nos últimos anos. Dos 100 filmes de maior audiência nos Estados Unidos em 2007, 4,6% dos personagens masculinos foram vistos em "trajes sexualizados" e 6,6% "com alguma nudez". Em 2014, esses valores foram de 8,0% e 9,1%. 2013 marcou o ponto mais alto desta tendência, com 9,7% dos personagens masculinos em roupas sexualmente atraentes e 11,7% tirando alguma (ou todas) as peças do seu vestuário.
[Lido no Economist Espresso]
ARTIGO DEFUNTO: Abusar dos adjectivos à míngua de substantivos adequados
«… escolher para o seu gabinete o racista, sexista e antissemita Stephen Bannon» escreveu a jornalista no Expresso Diário a respeito do chief strategist de Trump que aqui caracterizei como um doutrinador anti-elites, um dos inspiradores da Alt-Right e do Tea Party, auto-proclamado «nacionalista económico» que defende políticas keynesianas que fariam as delícias da nossa esquerda.
Chamar ao homem racista, sexista e antissemita só porque tem ideias que a jornalista não aprecia, ou talvez nem conheça ou não compreenda (leituras recomendadas: Hollywood Reporter e NYT), é comparável a chamar jacobina, estalinista e antidemocrata a uma jornalista alinhada com o BE, por exemplo.
Chamar ao homem racista, sexista e antissemita só porque tem ideias que a jornalista não aprecia, ou talvez nem conheça ou não compreenda (leituras recomendadas: Hollywood Reporter e NYT), é comparável a chamar jacobina, estalinista e antidemocrata a uma jornalista alinhada com o BE, por exemplo.
29/12/2016
Pro memoria (332) – Num deserto de obras, um dilúvio de projectos
Económico (clique para ampliar) |
Nada mau para um governo que até Setembro reduziu os gastos de capital em 32,7% e o investimento em 28,4%. Evoca-me o que disse alguém depois de escutar um discurso verborreico: «num deserto de ideias, um dilúvio de palavras».
Registemos para memória futura, até à «data previsível da conclusão desta legislatura».
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COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (3) - As vacas espantaram o diabo, escreveu ele
«O ano que agora termina foi extraordinário para Portugal. Mais extraordinário ainda porque se foi definindo no quadro de uma dialética entre duas alegorias políticas poderosas, ou seja, entre o diabo e o desafio das vacas voadoras. O desafio ganhou o combate no imaginário coletivo e isso fez toda a diferença.
Ao anunciar a chegada do diabo no outono, Pedro Passos Coelho propôs aos portugueses o regresso à receita da austeridade, do medo, da desistência, do acabrunhamento e da falta de ambição que prevaleceu durante o seu mandato governativo entre 2011 e 2015.
Motivados pela proposta de António Costa, para coletivamente serem capazes de desafiar os limites, os portugueses preferiram continuar a fazer as vacas voarem e os resultados conseguidos demonstram que a aposta foi acertada.»
«Portugal 2016 - Crónica de um país em que as vacas espantaram o diabo», uma crónica no jornal i de Carlos Zorrinho, secretário de estado de Guterres e de Sócrates, presidente do Grupo Parlamentar do PS, actual deputado ao Parlamento Europeu.
Aguardemos o que Zorrinho terá para nos dizer quando as vacas aterrarem.
Ao anunciar a chegada do diabo no outono, Pedro Passos Coelho propôs aos portugueses o regresso à receita da austeridade, do medo, da desistência, do acabrunhamento e da falta de ambição que prevaleceu durante o seu mandato governativo entre 2011 e 2015.
Motivados pela proposta de António Costa, para coletivamente serem capazes de desafiar os limites, os portugueses preferiram continuar a fazer as vacas voarem e os resultados conseguidos demonstram que a aposta foi acertada.»
«Portugal 2016 - Crónica de um país em que as vacas espantaram o diabo», uma crónica no jornal i de Carlos Zorrinho, secretário de estado de Guterres e de Sócrates, presidente do Grupo Parlamentar do PS, actual deputado ao Parlamento Europeu.
Aguardemos o que Zorrinho terá para nos dizer quando as vacas aterrarem.
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28/12/2016
CASE STUDY: Trumpologia (4) - Dealing with Don. Super, really excited, privileged and honoured
Mais trumpologia.
«The chief business of the American people is business,” said Calvin Coolidge, but it is a shock for corporate types that one of their own will soon inhabit the White House. Business leaders bashed Donald Trump during the election campaign, ridiculing his “stupid” policies. Now the tables are turned; big American companies have come under attack for manufacturing abroad. Business is currying favour: earlier this month, corporate pragmatism was on full view as technology-industry leaders (many of whom had backed Hillary Clinton) met the president-elect at Trump Tower and declared themselves “super-excited” (Amazon’s Jeff Bezos), “really excited” (Elon Musk of Tesla) and “privileged and honoured to even be here” (Oracle’s Safra Catz). True, business is overjoyed at Mr Trump’s promises of deregulation, corporate-tax reform and economic stimulus through infrastructure spending. But uncertainty over whether those boosts will be accompanied by protectionism will hold back corporate investment in 2017—though few bosses will dare admit it.»
Lido no Economist Espresso 28-12-2016
«The chief business of the American people is business,” said Calvin Coolidge, but it is a shock for corporate types that one of their own will soon inhabit the White House. Business leaders bashed Donald Trump during the election campaign, ridiculing his “stupid” policies. Now the tables are turned; big American companies have come under attack for manufacturing abroad. Business is currying favour: earlier this month, corporate pragmatism was on full view as technology-industry leaders (many of whom had backed Hillary Clinton) met the president-elect at Trump Tower and declared themselves “super-excited” (Amazon’s Jeff Bezos), “really excited” (Elon Musk of Tesla) and “privileged and honoured to even be here” (Oracle’s Safra Catz). True, business is overjoyed at Mr Trump’s promises of deregulation, corporate-tax reform and economic stimulus through infrastructure spending. But uncertainty over whether those boosts will be accompanied by protectionism will hold back corporate investment in 2017—though few bosses will dare admit it.»
Lido no Economist Espresso 28-12-2016
27/12/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (25)
Outras preces.
Deve haver uma razão para explicar que um presidente da República manifeste o seu pesar no site oficial no próprio dia da morte do cantor pop George Michael, deixe em silêncio a morte nesse mesmo dia de Silva Marques, antigo dirigente e líder da bancada parlamentar do partido de que Marcelo foi presidente e só depois de criticado nos mídia por esse facto emendou a mão.
Esta obsessão compulsiva de ser popular deveria preocupar os portugueses. Segundo os inquéritos à opinião pública, a 60% deles não só não os preocupa como parece que a apreciam. A mim parece-me um índice do elevado grau de infantilização a que chegou a opinião pública. Só pode acabar mal.
Deve haver uma razão para explicar que um presidente da República manifeste o seu pesar no site oficial no próprio dia da morte do cantor pop George Michael, deixe em silêncio a morte nesse mesmo dia de Silva Marques, antigo dirigente e líder da bancada parlamentar do partido de que Marcelo foi presidente e só depois de criticado nos mídia por esse facto emendou a mão.
Esta obsessão compulsiva de ser popular deveria preocupar os portugueses. Segundo os inquéritos à opinião pública, a 60% deles não só não os preocupa como parece que a apreciam. A mim parece-me um índice do elevado grau de infantilização a que chegou a opinião pública. Só pode acabar mal.
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Pro memoria (331) - A concertação social como feira de gado
O ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva, o tal que gosta de malhar na direita, foi filmado durante o jantar de Natal do PS a comparar a concertação social a uma «feira de gado».
Não critico a criatura por ter dito o que pensa - coisa rara nos tempos que correm no país dos afectos - usando uma alegoria relativamente adequada à situação. Contudo, não posso deixar de imaginar a indignação da geringonça e dos seus prosélitos se a a mesma imagem tivesse sido usada pelo saco de porrada Rui Machete, o anterior ministro. É a doutrina Somoza em toda a sua pujança.
Não critico a criatura por ter dito o que pensa - coisa rara nos tempos que correm no país dos afectos - usando uma alegoria relativamente adequada à situação. Contudo, não posso deixar de imaginar a indignação da geringonça e dos seus prosélitos se a a mesma imagem tivesse sido usada pelo saco de porrada Rui Machete, o anterior ministro. É a doutrina Somoza em toda a sua pujança.
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TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Ponde as barbas de molho, Costa também está apaixonado pela educação
«O que o país precisa não é de mais “conhecimento”, mas sim de utilizar o conhecimento que tem, para não andarmos todos a louvar a “geração mais qualificada de sempre” ao mesmo tempo que produzimos a geração qualificada mais pobre de sempre. No Portugal dos descamisados doutorados, o verdadeiro défice está na classe empresarial e num tecido económico incapaz de absorver dezenas de milhares de trabalhadores qualificados, que rapidamente se tornam sobrequalificados por não terem forma de exercer as profissões para as quais se formaram. É isto que António Costa devia estar a combater. Só que esse combate não se faz com mais Estado, como se fez durante anos, porque já não há dinheiro para isso. Faz-se com mais iniciativa privada e mais sociedade civil – um caminho proibido no seio da coligação que nos governa, para quem um bom investidor é apenas o estádio larvar de um mau patrão. E como há défice de apoio para combater o novo défice, combate-se o velho como se fosse novo. Resolvem-se os verdadeiros problemas do país? Não resolvem. Mas compõem-se bonitas mensagens de Natal.»
Excerto de «A mensagem de Natal de António Costa», João Miguel Tavares no Público
Excerto de «A mensagem de Natal de António Costa», João Miguel Tavares no Público
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COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (2) - Rigor financeiro, disse ele
«Em qualquer caso, é muito importante que se tenha chegado a esse resultado, porque há nove meses as pessoas profetizavam que nunca se chegaria a nada parecido com isso.
Ainda vamos no défice de nove meses e o optimismo do primeiro-ministro parece mostrar que ele sabe mais coisas do que nós sabemos e que espera ainda melhor do que o défice de Setembro, porque ele fala num défice inferior a 2,5%. Eu, realisticamente, falei sempre em 2,5%.
Aparentemente, pode acontecer que o optimismo do primeiro-ministro justifique um défice até ligeiramente inferior a 2,5%, mas para já 2,5% é aquilo que a Comissão Europeia achava ser fundamental e é aquilo que corresponde a ser seguido um caminho de rigor financeiro e que eu também considero fundamental e os portugueses consideram.»
Disse o presidente da República aos jornalistas depois de ter promulgado em corrida o OE 2017
Registo que o governo da geringonça conseguiu pela primeira vez na história de Portugal acertar no défice com um rigor de um ponto base, É extraordinário quando os governos que o antecederam falharam por vários pontos percentuais. No caso de Teixeira dos Santos, outro paradigma de rigor financeiro, o défice de 2009 começou em 2,2% e acabou em 10,0%.
Tanto rigor recorda-me uma anedota de actuários - uns sujeitos conhecidos pelas suas preocupações de rigor - cuja conclusão é serem os profissionais que trabalham para a Mafia os mais rigorosos de todos. Eles não se limitam a estimar a taxa de mortalidade, prevêem exactamente quem vai morrer.
Ainda vamos no défice de nove meses e o optimismo do primeiro-ministro parece mostrar que ele sabe mais coisas do que nós sabemos e que espera ainda melhor do que o défice de Setembro, porque ele fala num défice inferior a 2,5%. Eu, realisticamente, falei sempre em 2,5%.
Aparentemente, pode acontecer que o optimismo do primeiro-ministro justifique um défice até ligeiramente inferior a 2,5%, mas para já 2,5% é aquilo que a Comissão Europeia achava ser fundamental e é aquilo que corresponde a ser seguido um caminho de rigor financeiro e que eu também considero fundamental e os portugueses consideram.»
Disse o presidente da República aos jornalistas depois de ter promulgado em corrida o OE 2017
Registo que o governo da geringonça conseguiu pela primeira vez na história de Portugal acertar no défice com um rigor de um ponto base, É extraordinário quando os governos que o antecederam falharam por vários pontos percentuais. No caso de Teixeira dos Santos, outro paradigma de rigor financeiro, o défice de 2009 começou em 2,2% e acabou em 10,0%.
Tanto rigor recorda-me uma anedota de actuários - uns sujeitos conhecidos pelas suas preocupações de rigor - cuja conclusão é serem os profissionais que trabalham para a Mafia os mais rigorosos de todos. Eles não se limitam a estimar a taxa de mortalidade, prevêem exactamente quem vai morrer.
26/12/2016
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (63)
Outras avarias da geringonça.
Um dos resultados das reversões levadas a cabo pela geringonça é o aumento do custo horário da mão-de-obra. No 3.º trimestre esse custo aumentou 1,5% na Zona Euro, 1,9% na UE e 3,6% em Portugal. Como a produtividade não tugiu nem mugiu, é fácil antecipar os efeitos sobre a competitividade da economia portuguesa.
Entretanto, as outras peças da geringonça preparam-se para extorquir mais concessões ao PS, perdão concessões ao país. Jerónimo de Sousa inaugurou a campanha do PCP para saída do Euro e a renegociação da dívida. Alguém deveria explicar à criatura que uma fracção considerável da dívida pública é detida pelos bancos que operam em Portugal, pelo Fundo de Estabilização da Segurança Social e por uns milhares de sujeitos passivos que aplicaram as suas economias nas emissões recentes de OT.
Um dos resultados das reversões levadas a cabo pela geringonça é o aumento do custo horário da mão-de-obra. No 3.º trimestre esse custo aumentou 1,5% na Zona Euro, 1,9% na UE e 3,6% em Portugal. Como a produtividade não tugiu nem mugiu, é fácil antecipar os efeitos sobre a competitividade da economia portuguesa.
Entretanto, as outras peças da geringonça preparam-se para extorquir mais concessões ao PS, perdão concessões ao país. Jerónimo de Sousa inaugurou a campanha do PCP para saída do Euro e a renegociação da dívida. Alguém deveria explicar à criatura que uma fracção considerável da dívida pública é detida pelos bancos que operam em Portugal, pelo Fundo de Estabilização da Segurança Social e por uns milhares de sujeitos passivos que aplicaram as suas economias nas emissões recentes de OT.
25/12/2016
Mitos (244) - O contrário do dogma do aquecimento global (XIII)
Outros posts desta série.
Em meados do século passado eram libertadas anualmente para a atmosfera 6 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono. Em 2014 esse número foi seis vezes maior e, em consequência, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera aumentou de 311 partes por milhão (ppm) em 1950 para 400 em 2015. Entre 1959 e 1989 o ritmo do aumento aumentou de 0,75 para 1,86 ppm por ano. Contudo, desde 2002 tem-se mantido praticamente constante.
Há várias explicações para isso: uma parte do CO2 é capturado pelos oceanos e outra parte é processada pela fotossíntese e transformada em massa vegetal pelas plantas. Um estudo recente (fonte) mostra que à medida que a concentração de dióxido de carbono aumenta na atmosfera a fotossíntese acelera-se.
Por isso, ao que parece em consequência das mudanças climáticas, entre 1982 e 2009 a área com vegetação aumentou 18 milhões de km2 - uma área aproximadamente igual ao dobro da superfície dos Estados Unidos - o que pode estar desacelerar essas mudanças climáticas.
E isso significa que serão revertidas as mudanças climáticas e travado o aquecimento global? Ninguém sabe. Significa apenas que a ciência de causas que tem sustentado a tese do irremediável aquecimento global por causas humanas (leia-se o homem branco e o capitalismo) pode ser fancaria.
Em meados do século passado eram libertadas anualmente para a atmosfera 6 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono. Em 2014 esse número foi seis vezes maior e, em consequência, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera aumentou de 311 partes por milhão (ppm) em 1950 para 400 em 2015. Entre 1959 e 1989 o ritmo do aumento aumentou de 0,75 para 1,86 ppm por ano. Contudo, desde 2002 tem-se mantido praticamente constante.
Há várias explicações para isso: uma parte do CO2 é capturado pelos oceanos e outra parte é processada pela fotossíntese e transformada em massa vegetal pelas plantas. Um estudo recente (fonte) mostra que à medida que a concentração de dióxido de carbono aumenta na atmosfera a fotossíntese acelera-se.
Por isso, ao que parece em consequência das mudanças climáticas, entre 1982 e 2009 a área com vegetação aumentou 18 milhões de km2 - uma área aproximadamente igual ao dobro da superfície dos Estados Unidos - o que pode estar desacelerar essas mudanças climáticas.
E isso significa que serão revertidas as mudanças climáticas e travado o aquecimento global? Ninguém sabe. Significa apenas que a ciência de causas que tem sustentado a tese do irremediável aquecimento global por causas humanas (leia-se o homem branco e o capitalismo) pode ser fancaria.
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Desfazendo ideias feitas,
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24/12/2016
ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo de "referência" é o jornalismo de causas adoptado pelo jornal que se diz de referência
1.ª página do Caderno Principal do Expresso |
Pedro Santos Guerreiro, director do Expresso
«Críticos podem convocar congresso até à primavera»
Título da página 10.
«Marcelo dá mão ao líder do PSD»
Título da página 11.Só um jornal de "referência" consegue dedicar duas páginas a tratar de factóides em parte da sua própria criação não citando as fontes, de onde se conclui ter acesso ao cortex pré-frontal do presidente da República.
Estas manobras permitem completar esta conclusão: Passos Coelho não é o líder da oposição que a geringonça e o presidente dos Afectos precisam e, pelos vistos, também não do jornalismo de causas que lhe procura obsessivamente um substituto, o que talvez faça dele um candidato a líder que a oposição precisa (e o país, quem sabe?).
ACREDITE SE QUISER: «Um insignificante episódio burocrático»
Inês Pedrosa, jornalista e escritora de causas, enquanto «responsável pela Casa Fernando Pessoa (CFP), decidiu adjudicar vários contratos de fornecimento de serviços com um valor de cerca de dez mil euros, sem consulta a quaisquer outros fornecedores, a um amigo com o qual partilhava a sua habitação. Eram as próprias facturas emitidas por esse prestador de serviços que continham como endereço de contacto a morada de I.P. Além disso, vários outros contratos de valor mais elevado, embora nominalmente adjudicados a terceiros, foram depois executados pelo mesmo prestador de serviços.» (ler aqui a estória contada por José António Cerejo)
Até aqui nada de muito surpreendente. Afinal o nepotismo é uma doença nacional endémica. Mais surpreendente é a carta aberta de desagravo em que 38 luminárias das artes independentes pretendem limpar da folha de Inês Pedrosa o que classificam como «um insignificante episódio burocrático».
Até aqui nada de muito surpreendente. Afinal o nepotismo é uma doença nacional endémica. Mais surpreendente é a carta aberta de desagravo em que 38 luminárias das artes independentes pretendem limpar da folha de Inês Pedrosa o que classificam como «um insignificante episódio burocrático».
23/12/2016
Dúvidas (179) - Se o óbvio é ululante, para quê dizê-lo?
O que terá levado um presidente da República a fazer um anúncio urbi et orbi na TV, sem precedentes, da promulgação de um Orçamento de Estado acrescentando que tal «não significa que concorde com tudo politicamente e juridicamente»?
Suspeito que apenas para preparar uma manobra, em que é exímio, de tirar o cavalinho da chuva lá mais para a frente, quando a coisa borregar.
Portas disse uma vez de Marcelo que Deus lhe deu a inteligência e o Diabo a maldade. Um dia virá em que Costa poderá acordar com uma faca espetada nas costas.
Suspeito que apenas para preparar uma manobra, em que é exímio, de tirar o cavalinho da chuva lá mais para a frente, quando a coisa borregar.
Portas disse uma vez de Marcelo que Deus lhe deu a inteligência e o Diabo a maldade. Um dia virá em que Costa poderá acordar com uma faca espetada nas costas.
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Mitos (248) – Plantar árvores é bom para o ambiente
Em consequência do reflorestamento compulsivo da Califórnia durante os últimos 100 anos, em seguida a cada um dos múltiplos incêndios, com grande gáudio dos ambientalistas, a densidade das árvores multiplicou-se por seis, na maior parte árvores mais pequenas do que as primitivas.
Em consequência, a existência de mais combustível alimentou incêndios cada vez mais frequentes e de intensidade crescente a que se seguiram reflorestações cada vez mais vastas. As árvores mais velhas que no passado costumavam resistir aos incêndios foram desaparecendo e a densidade crescente de árvores absorveu cada vez mais água da chuva, suspendeu cada vez mais neve que se evaporou antes de chegar ao solo e aumentou drasticamente a evapotranspiração. Num ambiente cada vez mais seco a frequência e intensidade dos incêndios aumentou ainda mais.
Finalmente este processo que se auto-alimentava parece ter sido percebido e, com grande desgosto de alguns ambientalistas, os Serviços Florestais da Califórnia iniciaram um corte maciço de árvores para recuperar a densidade original.
Moral da estória, se é que a estória tem moral: nem sempre os ambientalistas fazem bem ao ambiente.
(Fonte)
Em consequência, a existência de mais combustível alimentou incêndios cada vez mais frequentes e de intensidade crescente a que se seguiram reflorestações cada vez mais vastas. As árvores mais velhas que no passado costumavam resistir aos incêndios foram desaparecendo e a densidade crescente de árvores absorveu cada vez mais água da chuva, suspendeu cada vez mais neve que se evaporou antes de chegar ao solo e aumentou drasticamente a evapotranspiração. Num ambiente cada vez mais seco a frequência e intensidade dos incêndios aumentou ainda mais.
Finalmente este processo que se auto-alimentava parece ter sido percebido e, com grande desgosto de alguns ambientalistas, os Serviços Florestais da Califórnia iniciaram um corte maciço de árvores para recuperar a densidade original.
Moral da estória, se é que a estória tem moral: nem sempre os ambientalistas fazem bem ao ambiente.
(Fonte)
22/12/2016
CASE STUDY: A cada um a sua globalização
Um pouco por todo o lado, a globalização ou o que é tido como tal (no essencial, simplesmente a redução das barreiras ao comércio internacional), desde sempre ostracizada pela esquerda de inspiração marxista e mal amada pela direita, foi convertida por toda a esquerda e pela direita não liberal na bête noire dos povos, causadora do desemprego e em geral de todos os males, à falta de outra explicação.
Um pouco por todo o lado? Não exactamente. Muito nuns lados, quase nada nos outros. Ora vejam-se os diagramas seguintes (fonte) que mostram a distribuição das atitudes face à globalização das populações de 19 países.
Como seria de esperar, a França lidera as atitudes negativas face à globalização, que os franceses baptizaram de mondialisation (l'exception française, voilà). A novidade são os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. E, no entanto, esses três países e vários outros foram durante décadas dos que mais beneficiaram com a globalização. No extremo oposto, encontramos como amantes da globalização os países que nos últimos anos estão a sair da miséria por via dela. Curiosamente, não é visível praticamente nenhuma relação entre esta atitude e a relacionada com os imigrantes que parece muito mais influenciada por factores culturais e pela homogeneidade ou diversidade étnica.
O segundo diagrama confirma as suspeitas. Quanto mais dinâmicas foram no passado recente as economias dos países e maiores ganhos tiverem os respectivos povos, mais positivas são as suas atitudes face à globalização. Não deveria ser uma surpresa, pois não?
Um pouco por todo o lado? Não exactamente. Muito nuns lados, quase nada nos outros. Ora vejam-se os diagramas seguintes (fonte) que mostram a distribuição das atitudes face à globalização das populações de 19 países.
Como seria de esperar, a França lidera as atitudes negativas face à globalização, que os franceses baptizaram de mondialisation (l'exception française, voilà). A novidade são os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. E, no entanto, esses três países e vários outros foram durante décadas dos que mais beneficiaram com a globalização. No extremo oposto, encontramos como amantes da globalização os países que nos últimos anos estão a sair da miséria por via dela. Curiosamente, não é visível praticamente nenhuma relação entre esta atitude e a relacionada com os imigrantes que parece muito mais influenciada por factores culturais e pela homogeneidade ou diversidade étnica.
O segundo diagrama confirma as suspeitas. Quanto mais dinâmicas foram no passado recente as economias dos países e maiores ganhos tiverem os respectivos povos, mais positivas são as suas atitudes face à globalização. Não deveria ser uma surpresa, pois não?
Dúvidas (178) - O líder que a oposição precisa é Passos Coelho?
Tenho dúvidas. Quem não tem dúvidas é António Costa e a geringonça que visivelmente gostariam de ter uma oposição mais afectuosa e por isso encarregam o jornalismo de causas ao seu serviço de se esfalfar a fabricar alternativas ao homem que ganhou as eleições.
Ah! E também o presidente dos Afectos precisa de um factótum disponível na rua de S. Caetano quando a geringonça se desengonçar para prolongar ad nauseam o seu afectuoso consolado e continuar fazer o papel do outro.
Em conclusão, Passos Coelho não é o líder da oposição que a geringonça e o presidente dos Afectos precisam, o que faz dele um candidato a líder que a oposição precisa (e talvez o país).
Ah! E também o presidente dos Afectos precisa de um factótum disponível na rua de S. Caetano quando a geringonça se desengonçar para prolongar ad nauseam o seu afectuoso consolado e continuar fazer o papel do outro.
Em conclusão, Passos Coelho não é o líder da oposição que a geringonça e o presidente dos Afectos precisam, o que faz dele um candidato a líder que a oposição precisa (e talvez o país).
21/12/2016
BREIQUINGUE NIUZ: Saiu o tiro pela culatra
Depois de Trump ter ganho a maioria no Colégio Eleitoral, os apoiantes de Clinton, incluindo um pequeno número de fiéis e uma maioria esmagadora de votantes no mal menor, começaram a campanha para pressionar os eleitores republicanos a não votar em Trump. Resultado da votação de ontem no Colégio Eleitoral:
«O candidato republicano venceu sem dificuldades, como se esperava, com 304 votos eleitorais, contra 227 de Clinton. Tendo em conta os resultados do voto popular, o Partido Republicano levou 306 ‘grandes eleitores’ ao Colégio, pelo que apenas dois votaram contra Trump. Já o Partido Democrata levou 232 elementos, tendo havido cinco ‘infiéis’.» (Observador)
«O candidato republicano venceu sem dificuldades, como se esperava, com 304 votos eleitorais, contra 227 de Clinton. Tendo em conta os resultados do voto popular, o Partido Republicano levou 306 ‘grandes eleitores’ ao Colégio, pelo que apenas dois votaram contra Trump. Já o Partido Democrata levou 232 elementos, tendo havido cinco ‘infiéis’.» (Observador)
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Esta espécie de jornalismo é uma vergonha
«A primeira escola pública aparece em 42º lugar no ranking, mas o destaque, pela positiva, é dado às escolas públicas e, pela negativa, às privadas.
Estes tipos não são jornalistas. São sequazes de um regime político que arruinou o país.
Num regime democrático, a função do jornalismo é a de servir de filtro entre os políticos e a população, distinguindo a verdade da mentira, a boa acção governativa da má, o uso legítimo do poder do seu abuso.
Nada disto está presente nesta espécie de jornalismo - apenas o seu contrário.»
Pedro Arroja no Portugal Contemporâneo
É esta espécie de jornalismo que Baptista-Bastos baptizou de «jornalismo de causas», fazendo história sem o saber como M Jourdain de Molière dizia prosa.
Estes tipos não são jornalistas. São sequazes de um regime político que arruinou o país.
Num regime democrático, a função do jornalismo é a de servir de filtro entre os políticos e a população, distinguindo a verdade da mentira, a boa acção governativa da má, o uso legítimo do poder do seu abuso.
Nada disto está presente nesta espécie de jornalismo - apenas o seu contrário.»
Pedro Arroja no Portugal Contemporâneo
É esta espécie de jornalismo que Baptista-Bastos baptizou de «jornalismo de causas», fazendo história sem o saber como M Jourdain de Molière dizia prosa.
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Lost in translation (282) - O jornalês e o esquerdalhês em português
Como se sabe, o português é cada vez mais uma língua morta substituída por vários dialectos. Vou dar hoje dois exemplos com títulos em jornalês, ambos do Acção Socialista Expresso diário, um deles em jornalês puro e outro numa tradução do esquerdalhês. Aqui vão eles.
Tradução: o montante extorquido aos sujeitos passivos para pagar os calotes resultantes dos projectos inviáveis dos amigos do regime e para controlar as empresas que não são consideradas amigas do regime já atinge 8% do PIB.
Tradução: os berloquistas querem que os custos dos estudos universitários sejam pagos na totalidade nos próximos três anos por todos os sujeitos passivos, incluindo a maioria que não estudou, não estuda, nem estudará, nem tem filhos a estudar em universidades.
Tradução: o montante extorquido aos sujeitos passivos para pagar os calotes resultantes dos projectos inviáveis dos amigos do regime e para controlar as empresas que não são consideradas amigas do regime já atinge 8% do PIB.
Tradução: os berloquistas querem que os custos dos estudos universitários sejam pagos na totalidade nos próximos três anos por todos os sujeitos passivos, incluindo a maioria que não estudou, não estuda, nem estudará, nem tem filhos a estudar em universidades.
20/12/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (24) - Uma outra Vichyssoise?
Outras preces.
«Encenador que fundou a companhia juntamente com Luís Miguel Cintra garante que Presidente da República não esteve na sessão de estreia do teatro em 1973, como Marcelo garantiu»
«Encenador que fundou a companhia juntamente com Luís Miguel Cintra garante que Presidente da República não esteve na sessão de estreia do teatro em 1973, como Marcelo garantiu»
COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (1)
Uma nova secção do (Im)pertinências onde serão recolhidos para memória futura os juízos laudatórios do desempenho do zingarelho inventado por António Costa, composto por PS, PCP e BE e baptizado de geringonça, juízos produzidos pelos comentadores (incluindo o residente em Belém), opinion dealers e jornalistas de causas que a têm levado ao colo.
O primeiro post é dedicado a Nicolau Santos com um excerto da sua coluna habitual no caderno de Economia do Expresso onde o nosso pastorinho favorito da economia dos amanhãs que cantam se congratula pelo desempenho do chefe da geringonça a quem se devem as ultrapassagens das várias catástrofes anunciadas.
«Que pessoas e factos marcaram a economia portuguesa em 2016? À cabeça, o primeiro-ministro, António Costa. É sobretudo a ele que se devem as ultrapassagens das várias catástrofes anunciadas. Era o Orçamento do Estado para 2016 que não teria o apoio do BE e do PCP. Teve. Era o OE-2016 que não passaria na Comissão Europeia e no Eurogrupo. Com algumas correções passou. Era a sua execução que iria falhar. Não falhou. Eram as sanções europeias por causa do défice de 2015. Não houve. Era a agência de notação canadiana DBRS que iria descer o rating da dívida pública para lixo. Também não aconteceu. Era a elaboração do OE para 2017 que levaria a coligação governativa a rebentar. Não rebentou. Era o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, que não seria aceite em Bruxelas. Foi e não é considerada ajuda de Estado.» (Acção Socialista Expresso de 17-12-2016)
O primeiro post é dedicado a Nicolau Santos com um excerto da sua coluna habitual no caderno de Economia do Expresso onde o nosso pastorinho favorito da economia dos amanhãs que cantam se congratula pelo desempenho do chefe da geringonça a quem se devem as ultrapassagens das várias catástrofes anunciadas.
«Que pessoas e factos marcaram a economia portuguesa em 2016? À cabeça, o primeiro-ministro, António Costa. É sobretudo a ele que se devem as ultrapassagens das várias catástrofes anunciadas. Era o Orçamento do Estado para 2016 que não teria o apoio do BE e do PCP. Teve. Era o OE-2016 que não passaria na Comissão Europeia e no Eurogrupo. Com algumas correções passou. Era a sua execução que iria falhar. Não falhou. Eram as sanções europeias por causa do défice de 2015. Não houve. Era a agência de notação canadiana DBRS que iria descer o rating da dívida pública para lixo. Também não aconteceu. Era a elaboração do OE para 2017 que levaria a coligação governativa a rebentar. Não rebentou. Era o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, que não seria aceite em Bruxelas. Foi e não é considerada ajuda de Estado.» (
ACREDITE SE QUISER: Agarrado ao lugar
«Passos Coelho está agarrado ao lugar» disse, em entrevista ao Público, Alberto João Jardim, uma criatura que ocupou durante 40-anos-40 o cargo de Bokassa das Ilhas, segundo a formulação de Jaime Gama nos idos de 1992.
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19/12/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (23)
Outras preces.
«Rebelo de Sousa, um dos sócios principais da sociedade de advogados SRS Legal (Simmons & Simmons), é irmão do Presidente da República, facto que fonte ligada às negociações sublinhou como sendo naturalmente valorizado pelos investidores chineses.
Curiosamente, a contratação de Rebelo de Sousa ocorre numa altura em que a banca tem estado em destaque na agenda oficial e oficiosa do Presidente da República, que tem tido na CGD uma das suas prioridades.» (jornal i)
Alguém falou em conflito de interesses? Não dei por isso.
«Marcelo Rebelo de Sousa apareceu ontem no Teatro da Cornucópia para uma reunião com a companhia durante a qual perante as câmaras e os jornalistas tentou conseguir um estatuto especial para impedir o fim do grupo fundado por Luís Miguel Cintra. O Presidente chegou a pedi-lo ao ministro da Cultura que inesperadamente apareceu no encontro. Mas se há muito quem queira salvar a Cornucópia, também há quem ache que a Marcelo extravasou os seus poderes ao intervir no caso.» (jornal i)
Alguém falou em peronização do regime? Sim, Helena Matos.
«Rebelo de Sousa, um dos sócios principais da sociedade de advogados SRS Legal (Simmons & Simmons), é irmão do Presidente da República, facto que fonte ligada às negociações sublinhou como sendo naturalmente valorizado pelos investidores chineses.
Curiosamente, a contratação de Rebelo de Sousa ocorre numa altura em que a banca tem estado em destaque na agenda oficial e oficiosa do Presidente da República, que tem tido na CGD uma das suas prioridades.» (jornal i)
Alguém falou em conflito de interesses? Não dei por isso.
«Marcelo Rebelo de Sousa apareceu ontem no Teatro da Cornucópia para uma reunião com a companhia durante a qual perante as câmaras e os jornalistas tentou conseguir um estatuto especial para impedir o fim do grupo fundado por Luís Miguel Cintra. O Presidente chegou a pedi-lo ao ministro da Cultura que inesperadamente apareceu no encontro. Mas se há muito quem queira salvar a Cornucópia, também há quem ache que a Marcelo extravasou os seus poderes ao intervir no caso.» (jornal i)
Alguém falou em peronização do regime? Sim, Helena Matos.
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (62)
Outras avarias da geringonça.
Tivemos a semana passada mais um exemplo das políticas sociais da geringonça ao prometer distribuir aos pobres 280 milhões a extorquir no final aos contribuintes. Neste caso, os pobres são cerca de 2.500 embarretados em 550 milhões com o papel comercial dos Espírito Santo comprado ao BES, onde detinham 1,8 mil milhões, em média mais de 700 mil euros de património financeiro por cabeça.
Nas suas reversões Costa têm-se esquecido do reverter a herança dos swaps a maioria dos quais contratados pelas empresas públicas nos tempos dos governos Sócrates (de um dos quais Costa fez parte). Vem a propósito lembrar que o tribunal inglês deu razão ao Santander, a quem continua a ter de se pagar 440 milhões, e lembrar igualmente que os swaps do Santander somam 1,7 mil milhões e só estão provisionados 10%. No total, segundo a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (UTAM), são mais de 2,5 mil milhões em risco.
Tivemos a semana passada mais um exemplo das políticas sociais da geringonça ao prometer distribuir aos pobres 280 milhões a extorquir no final aos contribuintes. Neste caso, os pobres são cerca de 2.500 embarretados em 550 milhões com o papel comercial dos Espírito Santo comprado ao BES, onde detinham 1,8 mil milhões, em média mais de 700 mil euros de património financeiro por cabeça.
Nas suas reversões Costa têm-se esquecido do reverter a herança dos swaps a maioria dos quais contratados pelas empresas públicas nos tempos dos governos Sócrates (de um dos quais Costa fez parte). Vem a propósito lembrar que o tribunal inglês deu razão ao Santander, a quem continua a ter de se pagar 440 milhões, e lembrar igualmente que os swaps do Santander somam 1,7 mil milhões e só estão provisionados 10%. No total, segundo a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (UTAM), são mais de 2,5 mil milhões em risco.
ACREDITE SE QUISER: Sindicato patrão adapta a oferta à procura
Jornal SOL de 17-12-2016 |
(...)
«Organizações como as nossas devem ser suficientemente elásticas de forma a adaptar a oferta à procura» explicou a direcção do hospital do SAMS.
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pela boca morre o peixe,
verdade inconveniente
18/12/2016
Nem só o Estado é amigo do empreendedor (9) - A maldição do jornalismo promocional – uma inversão
Como se poderá confirmar em outros posts desta série, o jornalismo promocional - uma variedade do jornalismo de causas - está frequentemente associado a uma maldição que leva as empresas promovidas a passar pelas maiores trapalhadas e no limite algumas delas a desaparecerem.
O caso ilustrado pela imagem seguinte é diferente. A empresa em causa tem uma longa experiência de trapalhadas antes de o jornalismo promocional lhe dedicar outra vez a sua extremosa atenção. Neste caso as trapalhadas precedem a promoção que fica a parecer um resgate de imagem.
Trata-se do Grupo Lena. Sim, esse mesmo Grupo Lena envolvido até ao pescoço nas embrulhadas do Eng. Sócrates. Só para recordar, dois títulos recentes do mesmo dia (16-09-2016): «Presidente do grupo Lena confessa subornos a Sócrates» «Grupo Lena desmente pagamentos a Sócrates» de um jornal «inimigo» (CM) e de um «amigo» (JN).
O artigo do Expresso é um paradigma do jornalismo promocional de que o jornal é um exímio praticante, nomeadamente no seu caderno de Economia, recheado de press releases disfarçadas de artigos geralmente assinados apenas pelas iniciais. Neste caso a promoção é prejudicada pela foleirice da foto do presidente. Sim, esse mesmo presidente citado nos dois referidos jornais.
O caso ilustrado pela imagem seguinte é diferente. A empresa em causa tem uma longa experiência de trapalhadas antes de o jornalismo promocional lhe dedicar outra vez a sua extremosa atenção. Neste caso as trapalhadas precedem a promoção que fica a parecer um resgate de imagem.
Caderno de Economia do Expresso de 17-12-2016 |
Trata-se do Grupo Lena. Sim, esse mesmo Grupo Lena envolvido até ao pescoço nas embrulhadas do Eng. Sócrates. Só para recordar, dois títulos recentes do mesmo dia (16-09-2016): «Presidente do grupo Lena confessa subornos a Sócrates» «Grupo Lena desmente pagamentos a Sócrates» de um jornal «inimigo» (CM) e de um «amigo» (JN).
O artigo do Expresso é um paradigma do jornalismo promocional de que o jornal é um exímio praticante, nomeadamente no seu caderno de Economia, recheado de press releases disfarçadas de artigos geralmente assinados apenas pelas iniciais. Neste caso a promoção é prejudicada pela foleirice da foto do presidente. Sim, esse mesmo presidente citado nos dois referidos jornais.
Mitos (247) – O que é fácil de explicar é o insucesso. O sucesso é mais difícil (actualizado)
Agora que foram divulgados os rankings das escolas secundárias e se constata que a escola pública melhor classificada está em 35.º lugar e nas primeiras 50 encontramos apenas 5 públicas, vão começar as lengalengas habituais baseadas na sociologia de pacotilha que explica o sucesso das escolas privadas pelas origens sociais dos seus alunos, o que desde logo não permite compreender porquê 1/5 das escolas privadas estão na metade inferior do ranking. (*)
Talvez não seja má ideia confrontar essa mitologia com as conclusões que se podem retirar do PISA 2015 (vou seguir de perto o artigo da Economist «What the world can learn from the latest PISA test results». E, falando de mitologias, comecemos pela da geringonça que atribui as melhorias registadas pelos alunos portugueses nos testes do PISA 2015 aos ministros da Educação dos governos socialistas, mitologia já aqui desmontada (a conclusão foi, recorde-se, que os melhores ministros são os mais contestados pela Fenprof). O diagrama seguinte que coloca Portugal entre os países que fizeram maiores progressos mostra, uma vez mais, que entre 2009 e 2012 não houve progressos que voltaram a verificar-se em 2015 depois de 4 anos de Nuno Crato (aliás, citado pela Economist).
Quanto ao mito do status socio-económico dos alunos ser o factor determinante no seu sucesso escolar, veja o diagrama abaixo que coloca esse factor em 5.º lugar atrás da disciplina nas aulas (um factor que a esquerdalhada defende ser irrelevante), com um efeito positivo (+16,2%) da mesma ordem de grandeza do efeito negativo (-15,2%) de faltar às aulas.
É claro que tudo isto não penetra nas mentes atafulhadas de ideias feitas do eduquês, fundamentadas nas ciências de causas do socialês, fabricadas pela esquerdalhada com o exclusivo propósito de preservar a corporação Fenprof e garantir a continuidade do controlo da educação estatal.
(*) Dois dias depois de publicado este post, João Pires da Cruz publicou no Observador «O mistério da estrada de Arruda (sobre o ranking das escolas)» um artigo onde, usando o exemplo de uma escola privada (Externato João Alberto Faria) com contrato de associação no segundo concelho (Arruda dos Vinhos) com poder de compra mais baixo do distrito de Lisboa, desmonta o mesmo mito de que «os resultados escolares são essencialmente determinados pela condição social e cultural das famílias».
Talvez não seja má ideia confrontar essa mitologia com as conclusões que se podem retirar do PISA 2015 (vou seguir de perto o artigo da Economist «What the world can learn from the latest PISA test results». E, falando de mitologias, comecemos pela da geringonça que atribui as melhorias registadas pelos alunos portugueses nos testes do PISA 2015 aos ministros da Educação dos governos socialistas, mitologia já aqui desmontada (a conclusão foi, recorde-se, que os melhores ministros são os mais contestados pela Fenprof). O diagrama seguinte que coloca Portugal entre os países que fizeram maiores progressos mostra, uma vez mais, que entre 2009 e 2012 não houve progressos que voltaram a verificar-se em 2015 depois de 4 anos de Nuno Crato (aliás, citado pela Economist).
Outro dos mitos é que a sucesso do ensino depende essencialmente do dinheiro atirado para cima dele. Sendo certo que sem dinheiro não se conseguem resultados, o dinheiro só é crítico quando é pouco. Como o diagrama seguinte mostra, acima de $50 mil por aluno o efeito do aumento da despesas é negligenciável.
Quanto ao mito do status socio-económico dos alunos ser o factor determinante no seu sucesso escolar, veja o diagrama abaixo que coloca esse factor em 5.º lugar atrás da disciplina nas aulas (um factor que a esquerdalhada defende ser irrelevante), com um efeito positivo (+16,2%) da mesma ordem de grandeza do efeito negativo (-15,2%) de faltar às aulas.
Ainda a respeito do mito do status socio-económico, veja-se o diagrama «Impact of social background» respeitante a Portugal no relatório da OCDE e constate-se que esse impacto associado ao status social dos pais diminuiu de 2009 para 2015.
(*) Dois dias depois de publicado este post, João Pires da Cruz publicou no Observador «O mistério da estrada de Arruda (sobre o ranking das escolas)» um artigo onde, usando o exemplo de uma escola privada (Externato João Alberto Faria) com contrato de associação no segundo concelho (Arruda dos Vinhos) com poder de compra mais baixo do distrito de Lisboa, desmonta o mesmo mito de que «os resultados escolares são essencialmente determinados pela condição social e cultural das famílias».
17/12/2016
ACREDITE SE QUISER: Coisas rigorosamente verdadeiras mas difíceis de acreditar
Os retalhistas americanos aguardam ansiosamente as devoluções das compras frenéticas dos feriados do Dia da Acção de Graças. No ano passado as devoluções atingiram $260 mil milhões, um montante pantagruélico equivalente a 1,4 vezes o PIB aqui do burgo. O problema é tão pesado que aconteceu o que acontece geralmente nos sistemas diabolicamente capitalistas: surgiu um novo negócio para resolver o problema. Como o vestuário tem um peso importante nas devoluções, a TJX que compra devoluções e sobras das vendas é já o maior retalhista mundial de vestuário.
Na vigência do império soviético, um dos protectorados de Moscovo ficou a dever a outro $276 milhões. Passados quase 30 anos, o calote continua e, recentemente, o devedor (Cuba) propôs ao credor (Checoslováquia, representada pela República Checa) pagar a dívida com rum. Segundo as contas dos checos, se aceitassem, poderiam embebedar-se com Cuba Libre durante mais de um século. Não aceitaram.
Em vez de rum, Cuba poderia ter proposto pagar a dívida com charutos Cohiba, como os que ofereceram ao presidente Marcelo quando da sua visita de homenagem àquele grande paradigma da democracia socialista agora falecido com 57 anos de atraso, Talvez tivessem mais sucesso.
Por falar nisso, agora mais perto de nós, mas igualmente difícil de acreditar, o presidente Marcelo dos Afectos garante «que o Governo vai bem na banca». Dado o seu envolvimento nas soluções para a banca em geral e a Caixa em particular, é uma enorme demonstração de modéstia por não ter dito «eu e o governo vamos bem na banca».
Na vigência do império soviético, um dos protectorados de Moscovo ficou a dever a outro $276 milhões. Passados quase 30 anos, o calote continua e, recentemente, o devedor (Cuba) propôs ao credor (Checoslováquia, representada pela República Checa) pagar a dívida com rum. Segundo as contas dos checos, se aceitassem, poderiam embebedar-se com Cuba Libre durante mais de um século. Não aceitaram.
Em vez de rum, Cuba poderia ter proposto pagar a dívida com charutos Cohiba, como os que ofereceram ao presidente Marcelo quando da sua visita de homenagem àquele grande paradigma da democracia socialista agora falecido com 57 anos de atraso, Talvez tivessem mais sucesso.
Por falar nisso, agora mais perto de nós, mas igualmente difícil de acreditar, o presidente Marcelo dos Afectos garante «que o Governo vai bem na banca». Dado o seu envolvimento nas soluções para a banca em geral e a Caixa em particular, é uma enorme demonstração de modéstia por não ter dito «eu e o governo vamos bem na banca».
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delírios pontuais,
picareta falante,
Ridendo castigat mores
16/12/2016
Curtas e grossas (42) - O azar e o providencialismo invertido
«Talvez as crianças, as mulheres e os homens de Aleppo tenham apenas tido azar: o azar de estarem a ser bombardeados pela ditadura de Assad com a ajuda da Rússia de Putin, em vez de serem atacados, por exemplo, por Israel com o apoio dos EUA. Se fosse este o caso, não faltariam moções, votos, marchas. Mas não se trata apenas daquela velha duplicidade de critério que, desta vez, até um autor do radicalismo reconheceu.
(...)
E numa espécie de providencialismo invertido, muitos ocidentais estiveram convencidos de que o célebre “imperialismo americano” era o único obstáculo à paz e à harmonia no planeta: sem os EUA, não haveria na terra nem ditaduras, nem guerras, nem, a acreditar no falecido Hugo Chávez, terramotos.»
«O mundo que está a nascer em Aleppo», Rui Ramos no Observador
(...)
E numa espécie de providencialismo invertido, muitos ocidentais estiveram convencidos de que o célebre “imperialismo americano” era o único obstáculo à paz e à harmonia no planeta: sem os EUA, não haveria na terra nem ditaduras, nem guerras, nem, a acreditar no falecido Hugo Chávez, terramotos.»
«O mundo que está a nascer em Aleppo», Rui Ramos no Observador
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (22) - As origens
Outras preces.
Natália Correia sobre Marcelo Rebelo de Sousa a propósito dos seus mergulhos no Tejo durante a sua candidatura em 1990 a presidente da Câmara Municipal de Lisboa, INÉDITOS 1979/91
(Enviado por JARF)
MARCELO E AS TÁGIDES
Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se valoroso - ó bacanal! -
ao leito húmido das Tágides daninhas.
Para conquistar as Musas de Camões
lança a este, Marcelo, um desafio:
Jogou-se ao verso o épico? Ilusões!...
Bate-o Marcelo que se joga ao rio.
E em eleitorais estrofes destemidas,
do autárquico sonho, o nadador
diz que curara as ninfas poluídas
com o milagre do seu corpo em flor.
Outros prodígios - dizem - congemina:
ir aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.
Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é de galinhola.
Natália Correia sobre Marcelo Rebelo de Sousa a propósito dos seus mergulhos no Tejo durante a sua candidatura em 1990 a presidente da Câmara Municipal de Lisboa, INÉDITOS 1979/91
(Enviado por JARF)
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é muito para um homem só,
incorrigível,
picareta falante
ARTIGO DEFUNTO: Se a minha avó não tivesse falecido ainda hoje estaria viva
Expresso Diário |
Outras notícias sobre as quais se poderiam ter escrito frases parecidas:
- Não fossem os rendimentos provenientes dos salários a maioria dos trabalhadores estaria em risco de pobreza;
- Não fossem os rendimentos provenientes das alegadas aplicações offshore e o Dr. Ricardo Salgado estaria em risco de pobreza;
- Não fossem os rendimentos provenientes das alegadas luvas pagas pelo Grupo Lena, pelo GES, através de Vara e de outros, o Eng. Sócrates estaria em risco de pobreza.
Não admira que surjam outras notícias, como esta:
Expresso Diário |
15/12/2016
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (28) - O patrão de Sócrates também já foi engavetado
«Paulo Lalanda de Castro, um dos suspeitos na investigação sobre corrupção no INEM, foi detido esta quinta-feira na Alemanha.»
A José Sócrates e a vários dos seus amigos, incluindo Lalanda de Castro que lhe deu emprego na Octapharma para fazer "venda" de medicamentos no Brasil através dos seus conhecidos do PT, já não se aplica o princípio da presunção de inocência. Aplica-se o princípio da presunção de culpa.
A José Sócrates e a vários dos seus amigos, incluindo Lalanda de Castro que lhe deu emprego na Octapharma para fazer "venda" de medicamentos no Brasil através dos seus conhecidos do PT, já não se aplica o princípio da presunção de inocência. Aplica-se o princípio da presunção de culpa.
Curtas e grossas (41) - Geringonça assalta os contribuintes para comprar os votos dos embarretados do GES
Era uma vez um grupo de investidores que comprou gato por lebre (papel de um GES falido) aos balcões do banco dos Espírito Santo, os banqueiros do regime e amigos do eng. Sócrates. Depois de vários protestos e indignações, esses investidores vão receber dos contribuintes, por extorsão perpetrada pela geringonça, uma parte do dinheiro que investiram: 30% já no próximo ano e o resto em prestações até 75% dos montantes com um limite de 250 mil euros, ou 50% para quem investiu mais de 500 mil. Tudo por junto, somará uma bela maquia - 280 milhões parte dos 432 milhões de papel comercial da Espírito Santo International e da Rioforte vendido aos balcões do banco BES.
No futuro, caro investidor, já sabe. Aplique as suas poupanças em qualquer merda e, se der merda (as aplicações em merda costumam dar merda), indigne-se, manifeste-se e, se a geringonça ainda estiver por aí, inscreva-se numa associação de lesados da merda e exija que a geringonça exturca aos contribuintes os montantes perdidos por comprar merda.
Comprovando as notáveis competências de engenharia orçamental, os técnicos da geringonça conseguiram uma solução que não afecta o défice. Afectar, afecta, mas só se dá por isso mais tarde, talvez só quando Costa já estiver a frequentar SciencePo na rue Saint-Guillaume do Septième arrondissement onde andou o seu antecessor José Sócrates.
No futuro, caro investidor, já sabe. Aplique as suas poupanças em qualquer merda e, se der merda (as aplicações em merda costumam dar merda), indigne-se, manifeste-se e, se a geringonça ainda estiver por aí, inscreva-se numa associação de lesados da merda e exija que a geringonça exturca aos contribuintes os montantes perdidos por comprar merda.
Comprovando as notáveis competências de engenharia orçamental, os técnicos da geringonça conseguiram uma solução que não afecta o défice. Afectar, afecta, mas só se dá por isso mais tarde, talvez só quando Costa já estiver a frequentar SciencePo na rue Saint-Guillaume do Septième arrondissement onde andou o seu antecessor José Sócrates.
14/12/2016
BREIQUINGUE NIUZ: Na melhor hipótese foi um tiro de pólvora seca, na pior foi um tiro no pé
É costume dizer-se que no regime em vigor um partido na oposição não ganha as eleições. É o partido no governo que as perde, normalmente derrotado pelo cansaço ou pela realidade. É por isso longa a lista de líderes da oposição que no passado não resistiram à travessia do deserto.
E porquê? Sendo o Estado (com maiúscula), historicamente, o alfa e o ómega da vida portuguesa e a chamada sociedade civil apenas um seu apêndice que nele encontra a sua justificação, fora do Estado não se existe política e socialmente. A começar pela prosaica razão que quem controla o Estado controla a máquina de distribuição de rendas, subsídios, empregos, tenças, favores, alvarás, negócios vários e tutti quanti. Quem não controla o Estado só pode fazer promessas julgadas vãs até ao momento em que emperra a máquina de distribuição, normalmente por falta de dinheiro.
É por essa má fortuna e por erros próprios que Passos Coelho está muito provavelmente destinado a agonizar às mãos do próprio aparelho do PSD, incapaz de sofrear a impaciência e, por isso, procurando um capo que o cavalgue em direcção ao poder. E, também por isso, se agita uma meia dúzia de candidatos levados ao colo por jornalistas amigos e até por jornalistas que, se a candidatura tiver sucesso, se transformarão em jornalistas inimigos.
Entre esses candidatos, encontramos um que já foi candidato a candidato de quase tudo – Rui Rio, um ex-presidente da câmara do Porto relativamente bem sucedido, mas irremediavelmente complexado por não pertencer ao eixo Estoril-Cascais, para usar a expressão (adequada, de resto) de um outro complexado que já foi líder do PSD.
Sem se dar conta de que é apenas um peão num tabuleiro em que se movimentam, às claras e sobretudo às escuras, jogadores, como o presidente dos afectos e o chefe da geringonça, acolitados por inúmeros opinion dealers e a tropa-fandanga do jornalismo de causas, Rio empertiga-se e tenta uma pose de estadista produzindo ideias para a salvação do país.
A última dessas ideias foi acrescentar à longa lista de impostos mais um para pagar a dívida. Uma ideia à primeira vista inexequível (a lei orçamental não permite a consignação de receitas) e à segunda vista irremediavelmente disparatada, tão disparatada que não parece ter havido uma única criatura que a apoiasse - o Expresso, um dos promotores da sua candidatura a líder do PSD (em rigor um instrumento para apear Passos Coelho) - titulou enfaticamente «Ninguém compra o imposto de Rio».
Na melhor hipótese foi um tiro de pólvora seca, na pior foi um tiro no pé.
E porquê? Sendo o Estado (com maiúscula), historicamente, o alfa e o ómega da vida portuguesa e a chamada sociedade civil apenas um seu apêndice que nele encontra a sua justificação, fora do Estado não se existe política e socialmente. A começar pela prosaica razão que quem controla o Estado controla a máquina de distribuição de rendas, subsídios, empregos, tenças, favores, alvarás, negócios vários e tutti quanti. Quem não controla o Estado só pode fazer promessas julgadas vãs até ao momento em que emperra a máquina de distribuição, normalmente por falta de dinheiro.
É por essa má fortuna e por erros próprios que Passos Coelho está muito provavelmente destinado a agonizar às mãos do próprio aparelho do PSD, incapaz de sofrear a impaciência e, por isso, procurando um capo que o cavalgue em direcção ao poder. E, também por isso, se agita uma meia dúzia de candidatos levados ao colo por jornalistas amigos e até por jornalistas que, se a candidatura tiver sucesso, se transformarão em jornalistas inimigos.
Entre esses candidatos, encontramos um que já foi candidato a candidato de quase tudo – Rui Rio, um ex-presidente da câmara do Porto relativamente bem sucedido, mas irremediavelmente complexado por não pertencer ao eixo Estoril-Cascais, para usar a expressão (adequada, de resto) de um outro complexado que já foi líder do PSD.
Sem se dar conta de que é apenas um peão num tabuleiro em que se movimentam, às claras e sobretudo às escuras, jogadores, como o presidente dos afectos e o chefe da geringonça, acolitados por inúmeros opinion dealers e a tropa-fandanga do jornalismo de causas, Rio empertiga-se e tenta uma pose de estadista produzindo ideias para a salvação do país.
A pior hipótese |
Na melhor hipótese foi um tiro de pólvora seca, na pior foi um tiro no pé.
13/12/2016
Dúvidas (177) – Estará o politicamente correcto a evoluir para o novo politicamente incorrecto?
«Politicamente correcto» (PC) designa a doutrina, as práticas, as agendas, os discursos e as políticas associadas que visam evitar ofender minorias e que vêm sendo usados para promover a vitimização, o multiculturalismo e discriminação positiva dessas minorias. Foi uma invenção do marxismo cultural que se tornou dominante na esquerdalhada quando o marxismo clássico se desacreditou com o conhecimento generalizado dos resultados da sua adopção como doutrina e suporte teórico dos sistemas comunistas nos países onde foi adoptada, em particular após a queda do muro de Berlim.
Mais recentemente, o rótulo de PC tem sido usado pela direita e a esquerda não marxista de uma forma implicitamente crítica para mostrar o condicionamento mental que resulta da linguagem do PC, uma espécie de newspeak orwelliana. Neste caso a expressão PC é usada pelos seus detractores como labéu mas com o mesmo sentido do usado pelos seus prosélitos.
Também, ao que parece, os órfãos do marxismo e de outras ilusões perdidas, numa inversão tipicamente orwelliana, estão a começar usar o termo para designar ideias e práticas obviamente politicamente incorrectas.
Leia-se, por exemplo, Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, que se refere na Revista do Expresso a «uma nova doutrina politicamente correcta» que, segundo ela, nos autoriza «a odiar os pretos, apalpar as mulheres, bater nos ceguinhos, odiar os chineses e os muçulmanos…». Obviamente, esta suposta nova doutrina é tudo menos nova e é o que os cultores da doutrina PC designaram desde sempre como doutrina politicamente incorrecta, pelo que não careceria de ser rebaptizada. Se ao que é politicamente incorrecto os defensores do PC designam como politicamente correcto isso talvez signifique que, até para eles, a doutrina do PC está a deixar de ser politicamente correcta.
Mais recentemente, o rótulo de PC tem sido usado pela direita e a esquerda não marxista de uma forma implicitamente crítica para mostrar o condicionamento mental que resulta da linguagem do PC, uma espécie de newspeak orwelliana. Neste caso a expressão PC é usada pelos seus detractores como labéu mas com o mesmo sentido do usado pelos seus prosélitos.
Também, ao que parece, os órfãos do marxismo e de outras ilusões perdidas, numa inversão tipicamente orwelliana, estão a começar usar o termo para designar ideias e práticas obviamente politicamente incorrectas.
Leia-se, por exemplo, Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, que se refere na Revista do Expresso a «uma nova doutrina politicamente correcta» que, segundo ela, nos autoriza «a odiar os pretos, apalpar as mulheres, bater nos ceguinhos, odiar os chineses e os muçulmanos…». Obviamente, esta suposta nova doutrina é tudo menos nova e é o que os cultores da doutrina PC designaram desde sempre como doutrina politicamente incorrecta, pelo que não careceria de ser rebaptizada. Se ao que é politicamente incorrecto os defensores do PC designam como politicamente correcto isso talvez signifique que, até para eles, a doutrina do PC está a deixar de ser politicamente correcta.
12/12/2016
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (61)
Outras avarias da geringonça.
Como se sabe, depois de 4 anos a protestar contra a suposta obsessão do anterior governo pelo défice e a clamar pelo crescimento, a geringonça, à míngua deste, elegeu o défice orçamental como a sua prioridade e heróica realização. Também aqui, apesar da engenharia orçamental e ainda antes do lavar dos cestos no fim da vindima, que com toda a probabilidade revelarão uma realidade diferente, não há grandes motivos para festejos e a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) faz uma estimativa do défice do OE 2016 no intervalo 2,5%-3,1% o que põe em dúvida o cumprimento da meta da CE de 2,5%.
Tudo isto apesar do chuto para 2017 da recapitalização urgentíssima da Caixa, que agora pode esperar, para conseguir sair do procedimento dos défices excessivos e ganhar espaço de manobra para continuar a comprar a clientela eleitoral e colher os louros de mais esta «realização».
Como se sabe, depois de 4 anos a protestar contra a suposta obsessão do anterior governo pelo défice e a clamar pelo crescimento, a geringonça, à míngua deste, elegeu o défice orçamental como a sua prioridade e heróica realização. Também aqui, apesar da engenharia orçamental e ainda antes do lavar dos cestos no fim da vindima, que com toda a probabilidade revelarão uma realidade diferente, não há grandes motivos para festejos e a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) faz uma estimativa do défice do OE 2016 no intervalo 2,5%-3,1% o que põe em dúvida o cumprimento da meta da CE de 2,5%.
Tudo isto apesar do chuto para 2017 da recapitalização urgentíssima da Caixa, que agora pode esperar, para conseguir sair do procedimento dos défices excessivos e ganhar espaço de manobra para continuar a comprar a clientela eleitoral e colher os louros de mais esta «realização».
11/12/2016
ACREDITE SE QUISER: E o culpado é…
Há um ano, um doente com aneurisma morreu 3 dias depois de ter dado entrada no hospital de S. José, na madrugada de domingo para 2.ª feira, sem ter sido operado. Um ano mais tarde, três relatórios de peritagem concluíram, segundo o Expresso, terem sido seguido os procedimentos, não tendo havido negligência médica ou infracção disciplinar.
Porque não foi o doente operado mais cedo, por exemplo na 6.ª feira, quando deu entrada no hospital de S. José? Segundo um dos relatórios, por «indisponibilidade manifestada pelo corpo de enfermagem em continuar a assegurar a escala de cirurgia urgente/precoce de aneurismas cerebrais, que vigorava aos sábados e feriados em regime de prevenção» por «razões que se prenderam com aspectos essencialmente remuneratórios». Segundo a bastonária da Ordem dos Enfermeiros «não foi aberto qualquer inquérito porque não teve que ver com a má prática de enfermagem». A Ordem dos Médicos concluiu que a legis artis foi respeitada.
De quem é a culpa? A advogada da família, citada pelo Expresso, quer «saber quem tem a responsabilidade». O Expresso já sabe quem tem: o ministro da Saúde. Qual ministro da Saúde? Elementar, meu caro Watson. O ex-ministro da Saúde Paulo Macedo que terminou funções três semanas antes da morte do doente.
Porque não foi o doente operado mais cedo, por exemplo na 6.ª feira, quando deu entrada no hospital de S. José? Segundo um dos relatórios, por «indisponibilidade manifestada pelo corpo de enfermagem em continuar a assegurar a escala de cirurgia urgente/precoce de aneurismas cerebrais, que vigorava aos sábados e feriados em regime de prevenção» por «razões que se prenderam com aspectos essencialmente remuneratórios». Segundo a bastonária da Ordem dos Enfermeiros «não foi aberto qualquer inquérito porque não teve que ver com a má prática de enfermagem». A Ordem dos Médicos concluiu que a legis artis foi respeitada.
De quem é a culpa? A advogada da família, citada pelo Expresso, quer «saber quem tem a responsabilidade». O Expresso já sabe quem tem: o ministro da Saúde. Qual ministro da Saúde? Elementar, meu caro Watson. O ex-ministro da Saúde Paulo Macedo que terminou funções três semanas antes da morte do doente.
O valor de um canudo depende da procura e da oferta
Fonte: 1843 |
Fonte: 1843 |
Para o futuro da oferta ver também «Share of persons aged 30–34 with tertiary education», no Eurostat
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Novas oportunidades
10/12/2016
DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia
«Confortar os aflitos e afligir os confortáveis», recomenda um padre conhecido de Michael Maibach, director do James Wilson Institute of Natural Rights e adepto de Donald Trump, citado pelo Expresso Diário.
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eu diria mesmo mais
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O Portugal dos Pequeninos visto pelo último dos queirozianos (20)
Outros excertos.
Termina, por agora, esta série com este excerto em tom confessional de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres.
«Nunca perdi a memória ou os sinais desse princípio, que foi, por assim dizer, a minha introdução ao mundo. A guerra fria veio complicar as coisas. Em Portugal, a existência da ditadura impunha, na prática, a escolha de um único lado. Não se podia ser contra os comunistas pela razão primitiva e óbvia de que o regime perseguia e prendia os comunistas. Não houve ninguém, ou quase ninguém, com um resto de consciência moral, que, numa altura ou noutra, não caísse neste buraco: o buraco sem fundo do "antifascismo". Sair dele era mais difícil e muitos só saíram muito depois do 25 de Abril. Por mim, gastei esforçadamente uma dúzia de anos no trabalho inglório de varrer a tralha política e teórica da minha cabeça. É uma parte da minha vida que se estragou e que não volta. Sou um filho da guerra fria.
Termina, por agora, esta série com este excerto em tom confessional de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres.
«Nunca perdi a memória ou os sinais desse princípio, que foi, por assim dizer, a minha introdução ao mundo. A guerra fria veio complicar as coisas. Em Portugal, a existência da ditadura impunha, na prática, a escolha de um único lado. Não se podia ser contra os comunistas pela razão primitiva e óbvia de que o regime perseguia e prendia os comunistas. Não houve ninguém, ou quase ninguém, com um resto de consciência moral, que, numa altura ou noutra, não caísse neste buraco: o buraco sem fundo do "antifascismo". Sair dele era mais difícil e muitos só saíram muito depois do 25 de Abril. Por mim, gastei esforçadamente uma dúzia de anos no trabalho inglório de varrer a tralha política e teórica da minha cabeça. É uma parte da minha vida que se estragou e que não volta. Sou um filho da guerra fria.
A democracia portuguesa trouxe uma exagerada esperança de reforma e decência. Ao começo, mesmo a seguir ao PREC, nada parecia impedir que se fizesse um país sem a miséria, a corrupção e a complacência do costume. Por isto e por aquilo, não se fez. Portugal conservou os seus velhos vícios, sem adquirir novas virtudes. Na minha última encarnação sou, prosaicamente, um filho da democracia falhada. Como escreveu o homem, a velhice é um naufrágio. Comigo, um naufrágio que às vezes não acho exclusivamente pessoal. Mas são com certeza momentos de megalomania. A verdade é que já não pertenço a esta história. O meu interesse é forçado, a minha presença é, pelo menos para mim, gratuita. Mas, por enquanto, não há remédio senão persistir.
Histórias, 21-04-2007
Histórias, 21-04-2007
09/12/2016
CASE STUDY: Há assuntos demasiado complexos para um referendo?
Supondo que os referendos são legítimos, será legítimo referendar qualquer questão? É consensual que referendar certas questões não é compatível com o Estado de Direito. Exemplos: «Aprova o fim da cobrança de impostos?» ou «Concorda com a despenalização do homicídio?» (Tratando-se de fetos parece que a pergunta é legítima.)
Já em outras questões há dúvidas. Exemplos: «Concorda com a despenalização das drogas leves?» (e porque não das duras?) ou, o meu referendo favorito, «Aprova o texto da lei constitucional relativa às ‘Disposições para a superação do bicamaralismo partidário, a redução do número dos parlamentares, a contenção dos custos de funcionamento das instituições, a supressão da CNEL e a revisão do título V da parte II da Constituição’, aprovado pelo Parlamento e publicado na Gazzetta Ufficiale n.88 de 15 de Abril 2016?»
Há quem defenda, como Alexandre Homem Cristo, que não se devem referendar «assuntos demasiado complexos para os cidadãos comuns». Pela minha parte, inclinava-me para esse lado, apesar das dúvidas. Em busca de iluminação li com o maior interesse o artigo «Quando os macacos votam, os carneiros perdem o monopólio» de Luís Aguiar-Conraria no Observador.
Com uma elegante argumentação que Blaise Pascal não desdenharia, o artigo assume que mesmo sendo os eleitores médios apenas ligeiramente mais inteligentes do que os macacos, a teoria das probabilidades garante, com uma probabilidade crescente com o número de eleitores e quase tão alta como a probabilidade de amanhã o sol nascer uma vez mais, que um referendo proporcionaria «a resposta certa», se essa resposta certa existisse. Embora não explicitamente dito, a resposta seria certa qualquer que fosse a complexidade da pergunta.
Fiquei fascinado. Estava finalmente encontrada a «resposta certa» para os referendos, afinal tão simples. É claro que o senso comum me dizia coisas diferentes e a maldita realidade me mostrava múltiplos exemplos de que a «resposta certa» poderia estar errada.
Fiz uma sesta e dormi sobre o assunto. Apareceu-me em sonhos o presbítero Thomas Bayes. Acordei em sobressalto e fui reler o artigo. Lá estava pelo meio a premissa mais importante: «admitindo que o voto de cada cidadão é independente do dos demais».
Acontece que toda a praxis política assenta precisamente na premissa, vezes sem conta confirmada, que o voto de cada cidadão não é independente do dos demais. Aliás, a esquerda, ou pelo menos certa esquerda, tem uma prática para lidar com isso - o agitprop. Mais uma bela teoria arruinada pela maldita realidade.
Já em outras questões há dúvidas. Exemplos: «Concorda com a despenalização das drogas leves?» (e porque não das duras?) ou, o meu referendo favorito, «Aprova o texto da lei constitucional relativa às ‘Disposições para a superação do bicamaralismo partidário, a redução do número dos parlamentares, a contenção dos custos de funcionamento das instituições, a supressão da CNEL e a revisão do título V da parte II da Constituição’, aprovado pelo Parlamento e publicado na Gazzetta Ufficiale n.88 de 15 de Abril 2016?»
Há quem defenda, como Alexandre Homem Cristo, que não se devem referendar «assuntos demasiado complexos para os cidadãos comuns». Pela minha parte, inclinava-me para esse lado, apesar das dúvidas. Em busca de iluminação li com o maior interesse o artigo «Quando os macacos votam, os carneiros perdem o monopólio» de Luís Aguiar-Conraria no Observador.
Com uma elegante argumentação que Blaise Pascal não desdenharia, o artigo assume que mesmo sendo os eleitores médios apenas ligeiramente mais inteligentes do que os macacos, a teoria das probabilidades garante, com uma probabilidade crescente com o número de eleitores e quase tão alta como a probabilidade de amanhã o sol nascer uma vez mais, que um referendo proporcionaria «a resposta certa», se essa resposta certa existisse. Embora não explicitamente dito, a resposta seria certa qualquer que fosse a complexidade da pergunta.
Fiquei fascinado. Estava finalmente encontrada a «resposta certa» para os referendos, afinal tão simples. É claro que o senso comum me dizia coisas diferentes e a maldita realidade me mostrava múltiplos exemplos de que a «resposta certa» poderia estar errada.
Fiz uma sesta e dormi sobre o assunto. Apareceu-me em sonhos o presbítero Thomas Bayes. Acordei em sobressalto e fui reler o artigo. Lá estava pelo meio a premissa mais importante: «admitindo que o voto de cada cidadão é independente do dos demais».
Acontece que toda a praxis política assenta precisamente na premissa, vezes sem conta confirmada, que o voto de cada cidadão não é independente do dos demais. Aliás, a esquerda, ou pelo menos certa esquerda, tem uma prática para lidar com isso - o agitprop. Mais uma bela teoria arruinada pela maldita realidade.
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Ridendo castigat mores,
se non è vero
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LX) - A Grécia ainda existe?
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
A pergunta do título é evidentemente retórica, mas menos do que parece. Voltou agora a falar-se a pretexto de mais um pacote de medidas para reduzir o serviço da dívida que continua cada vez mais homérica.
Quem lê regularmente a imprensa doméstica apercebeu-se que o tema crise grega foi rareando à medida que esmoreciam as grandes esperanças depositadas pela esquerdalhada na coligação das extremas esquerda e direita Syriza-Anel. O jornalismo de causas, obedientemente, mudou o seu foco para a sobrevivência da geringonça e mais recentemente para as ameaças do trumpismo.
Grandes esperanças que esmoreceram ao mesmo ritmo do cansaço dos eleitores gregos desiludidos, cada vez mais inclinados para o centro-direita da Nova Democracia, um partido «chato, tecnocrático e líder das pesquisas» como escreve a Economist.
A pergunta do título é evidentemente retórica, mas menos do que parece. Voltou agora a falar-se a pretexto de mais um pacote de medidas para reduzir o serviço da dívida que continua cada vez mais homérica.
Quem lê regularmente a imprensa doméstica apercebeu-se que o tema crise grega foi rareando à medida que esmoreciam as grandes esperanças depositadas pela esquerdalhada na coligação das extremas esquerda e direita Syriza-Anel. O jornalismo de causas, obedientemente, mudou o seu foco para a sobrevivência da geringonça e mais recentemente para as ameaças do trumpismo.
Grandes esperanças que esmoreceram ao mesmo ritmo do cansaço dos eleitores gregos desiludidos, cada vez mais inclinados para o centro-direita da Nova Democracia, um partido «chato, tecnocrático e líder das pesquisas» como escreve a Economist.
08/12/2016
Pro memoria (330) - Relativismo
«Esquerda garante salários milionários»
«PS, PCP e Bloco defendem, com votação no Parlamento, ordenados de banqueiros da Caixa»
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A mentira como política oficial (29) - Diz o nu ao roto (II)
No post anterior confrontei as acusações de maquilhagem de Costa ao governo anterior, a propósito da Caixa, mas deixando implícita a maquilhagem em todo o sistema financeiro, com as suas próprias maquilhagens da execução orçamental que, por agora, ainda só são visíveis a quem as queira ver.
Porém, mais grave do que essa maquilhagem em curso são as golpadas de Costa precisamente no sistema financeiro. Primeiro, ao correr a vender num fim-de-semana a parte boa do Banif ao Santander por 150 milhões, tendo o Estado de injectar 1,7 mil milhões e o Fundo de Resolução 500 milhões. Se tivesse esperado 10 dias, quando estaria em vigor o novo regime que impede os resgates, em vez dos contribuintes, seriam os accionistas, os obrigacionistas e os grandes depositantes do Banif a suportar os prejuízos. (*)
Mas não esperou, fazendo benemerência a todos aqueles últimos à custa dos contribuintes, ficando o ónus do défice ultrapassar os 3% para o governo anterior e impedindo a saída do procedimento dos défices excessivos que seria creditada a Passos Coelho. Com isso, fez de benemérito, colhendo os louros, e atirou a responsabilidade do aumento do défice para cima do governo anterior. Genial.
Segundo, depois de um ano a bramar pela necessidade de recapitalização urgentíssima da Caixa, por um montante que indicia mais uma manobra, Costa chuta-a para 2017 para evitar que o défice ultrapassasse 3%, conseguindo sair do procedimento dos défices excessivos, ganhando espaço de manobra para continuar a comprar a sua clientela eleitoral e colhendo os louros de mais esta «realização», Genial, outra vez.
Devemos reconhecer a Costa um enorme talento de manobrista, só ultrapassado por uma enorme incompetência como estadista e um profundo desprezo pelos interesses do país.
(*) Para uma retrospectiva dessas manobras ver os seguintes posts:
Porém, mais grave do que essa maquilhagem em curso são as golpadas de Costa precisamente no sistema financeiro. Primeiro, ao correr a vender num fim-de-semana a parte boa do Banif ao Santander por 150 milhões, tendo o Estado de injectar 1,7 mil milhões e o Fundo de Resolução 500 milhões. Se tivesse esperado 10 dias, quando estaria em vigor o novo regime que impede os resgates, em vez dos contribuintes, seriam os accionistas, os obrigacionistas e os grandes depositantes do Banif a suportar os prejuízos. (*)
Mas não esperou, fazendo benemerência a todos aqueles últimos à custa dos contribuintes, ficando o ónus do défice ultrapassar os 3% para o governo anterior e impedindo a saída do procedimento dos défices excessivos que seria creditada a Passos Coelho. Com isso, fez de benemérito, colhendo os louros, e atirou a responsabilidade do aumento do défice para cima do governo anterior. Genial.
Segundo, depois de um ano a bramar pela necessidade de recapitalização urgentíssima da Caixa, por um montante que indicia mais uma manobra, Costa chuta-a para 2017 para evitar que o défice ultrapassasse 3%, conseguindo sair do procedimento dos défices excessivos, ganhando espaço de manobra para continuar a comprar a sua clientela eleitoral e colhendo os louros de mais esta «realização», Genial, outra vez.
Devemos reconhecer a Costa um enorme talento de manobrista, só ultrapassado por uma enorme incompetência como estadista e um profundo desprezo pelos interesses do país.
(*) Para uma retrospectiva dessas manobras ver os seguintes posts:
- 21/12/2015 Dúvidas (138) – Alguns factos, uma certeza e uma dúvida sobre o Banif
- 23/12/2015 Dúvidas (139) – Alguns factos, uma certeza e uma dúvida sobre o Banif (2)
- 25/12/2015 Pro memoria (279) – Banif, o presente de Natal socialista
- 28/12/2015 CASE STUDY: O nevoeiro contabilístico e conceptual à volta do Banif (1)
- 30/12/2015 CASE STUDY: O nevoeiro contabilístico e conceptual à volta do Banif (2)
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insultos à inteligência
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O Portugal dos Pequeninos visto pelo último dos queirozianos (19)
Outros excertos.
Mais um excerto de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres de vistas curtas.
«O meu "catastrofismo", o meu pessimismo, a minha malevolência, estão num único ponto. Insisti, como insisti em 1991, depois do colapso da URSS, que o levantamento popular não levaria com certeza à democracia, como hoje a entendemos no Ocidente.
E não fiz mal em insistir porque, desde Obama ao jornalismo de ocasião, toda a gente esperava, ou até garantia, que de Trípoli à Praça Tahrir iam sair, resplandecentes, novas democracias. Gostava de prevenir, para pôr ponto final no caso, que prever um acontecimento ou uma situação não significa ( excepto para mentes excepcionalmente estreitas) que se deseje esse acontecimento ou essa situação. Não significa mais do que tentar compreender o que se passa e de não criar falsas expectativas. Desde a Antiguidade que existiram tiranias e, fatalmente, uma luta constante contra elas. Mas regimes democráticos não existiram antes do século XVIII (existiu, de resto, um único: o americano). A resistência à opressão não produz necessariamente a liberdade. É isto muito difícil de perceber?»
Difícil de perceber?, 24-02-2011
Mais um excerto de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres de vistas curtas.
E não fiz mal em insistir porque, desde Obama ao jornalismo de ocasião, toda a gente esperava, ou até garantia, que de Trípoli à Praça Tahrir iam sair, resplandecentes, novas democracias. Gostava de prevenir, para pôr ponto final no caso, que prever um acontecimento ou uma situação não significa ( excepto para mentes excepcionalmente estreitas) que se deseje esse acontecimento ou essa situação. Não significa mais do que tentar compreender o que se passa e de não criar falsas expectativas. Desde a Antiguidade que existiram tiranias e, fatalmente, uma luta constante contra elas. Mas regimes democráticos não existiram antes do século XVIII (existiu, de resto, um único: o americano). A resistência à opressão não produz necessariamente a liberdade. É isto muito difícil de perceber?»
Difícil de perceber?, 24-02-2011
07/12/2016
A mentira como política oficial (28) - Diz o nu ao roto
Dou de barato que a acusação de António Costa na sua entrevista de 2.ª feira à RTP (que não vi). a propósito da situação da Caixa mas falando na generalidade, que o anterior governo maquilhou a situação para anunciar uma saída limpa e que logo a seguir começaram a surgir os problemas, tem uma parcela de verdade e que o governo PSD-CDS assobiou para o lado em certas matérias - no caso do Banif parece relativamente visível. Como manipulador hábil, quase tudo o que Costa diz não é completamente mentira e tem aspectos ou pormenores verdadeiros, a maioria das vezes em aspectos secundários.
Acontece, porém, que três meses depois da saída limpa o BdeP interveio no BES a quem Passos Coelho tinha recusado uns meses antes a Ricardo Salgado influenciar a Caixa para conceder um empréstimo. Acontece também que há poucos dias Costa acusou no parlamento também o anterior governo de ter afundado o BES - o banco por excelência do socialismo na sua encarnação socrática.
Acontece que Costa com essa gravíssima acusação acusa também o BdeP e principalmente o BCE, responsável desde 2014 pela supervisão dos maiores bancos, e a equipa técnica da troika. Felizmente para Costa nem o BCE nem o FMI nem a CE vêm a televisão portuguesa.
Finalmente e sobretudo, acontece que, como há-de ser incontornavelmente visível dentro de algum tempo, Costa e o seu governo são contumazes maquilhadores de situações que se aproximam perigosamente das piores práticas dos governos de Sócrates de que, recorde-se, Costa chegou a fazer parte.
Acontece, porém, que três meses depois da saída limpa o BdeP interveio no BES a quem Passos Coelho tinha recusado uns meses antes a Ricardo Salgado influenciar a Caixa para conceder um empréstimo. Acontece também que há poucos dias Costa acusou no parlamento também o anterior governo de ter afundado o BES - o banco por excelência do socialismo na sua encarnação socrática.
Acontece que Costa com essa gravíssima acusação acusa também o BdeP e principalmente o BCE, responsável desde 2014 pela supervisão dos maiores bancos, e a equipa técnica da troika. Felizmente para Costa nem o BCE nem o FMI nem a CE vêm a televisão portuguesa.
Finalmente e sobretudo, acontece que, como há-de ser incontornavelmente visível dentro de algum tempo, Costa e o seu governo são contumazes maquilhadores de situações que se aproximam perigosamente das piores práticas dos governos de Sócrates de que, recorde-se, Costa chegou a fazer parte.
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Dúvidas (176) - Vícios públicos, virtudes privadas?
Se, segundo a última vulgata socialista, a Caixa para ser viável e não custar mais dinheiro aos contribuintes tem de ser gerida como um banco privado, por uma equipa de gestores privados pagos como num banco privado, por que razão a Caixa permanece como um banco público?
ESTÓRIA E MORAL: Os testes do PISA e a nomeação de ministros da Educação
Estória
Era uma vez uma OCDE que em cada 3 anos, desde 2000, realiza um teste de avaliação – PISA (Programme for International Student Assessment) - a uma amostra de alunos nos países membros de 15-16 anos que frequentem pelo menos o 7.º ano, nas áreas de matemática, ciências e leitura.
No teste realizado em 2015, cujos resultados foram hoje conhecidos, os alunos portugueses ultrapassaram, pela primeira vez desde 2000, a média dos países membros da OCDE, com 501 pontos na área de ciências, 492 em matemática e 498 em leitura (no máximo de 1000 pontos).
Antes que a geringonça se felicite pelo trabalho do seu ministro da Educação de facto Mário Nogueira, com o seu ajudante Tiago Brandão Rodrigues avaliado trimestralmente, recordo que o teste PISA se realizou ainda antes desta equipa ter sido nomeada.
Creio que se pode retirar um ensinamento destes resultados, mas para isso tenho de me socorrer de um diagrama publicado pelo Insurgente que reproduzo, recordando que os ministros da Educação mais contestados pelo actual ministro de facto Mário Nogueira e durante os anos em causa controleiro da Fenprof, foram Maria de Lurdes Rodrigues caída em desgraça durante o governo Sócrates I e Nuno Crato do governo Passos Coelho.
Agora sim, posso ir à moral.
Moral
Antes de nomear um ministro da Educação deve-se sempre pedir à Fenprof uma lista dos nomes vetados.
Era uma vez uma OCDE que em cada 3 anos, desde 2000, realiza um teste de avaliação – PISA (Programme for International Student Assessment) - a uma amostra de alunos nos países membros de 15-16 anos que frequentem pelo menos o 7.º ano, nas áreas de matemática, ciências e leitura.
No teste realizado em 2015, cujos resultados foram hoje conhecidos, os alunos portugueses ultrapassaram, pela primeira vez desde 2000, a média dos países membros da OCDE, com 501 pontos na área de ciências, 492 em matemática e 498 em leitura (no máximo de 1000 pontos).
Antes que a geringonça se felicite pelo trabalho do seu ministro da Educação de facto Mário Nogueira, com o seu ajudante Tiago Brandão Rodrigues avaliado trimestralmente, recordo que o teste PISA se realizou ainda antes desta equipa ter sido nomeada.
Creio que se pode retirar um ensinamento destes resultados, mas para isso tenho de me socorrer de um diagrama publicado pelo Insurgente que reproduzo, recordando que os ministros da Educação mais contestados pelo actual ministro de facto Mário Nogueira e durante os anos em causa controleiro da Fenprof, foram Maria de Lurdes Rodrigues caída em desgraça durante o governo Sócrates I e Nuno Crato do governo Passos Coelho.
Insurgente |
Agora sim, posso ir à moral.
Moral
Antes de nomear um ministro da Educação deve-se sempre pedir à Fenprof uma lista dos nomes vetados.
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06/12/2016
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (71) - As elites europeias vivem na corte de Luís XVI
«O Financial Times, essa bíblia da elite europeia, escrevia aqui há uns dias que “os eleitores são hoje o elo fraco da Europa”. É uma formulação verdadeiramente extraordinária, pois coloca o mundo de pernas para o ar. O elo fraco da Europa é a própria Europa, ou mais exactamente uma União Europeia construída de forma pouco democrática, para não dizer quase autocrática. Ora uma Europa onde as elites têm medo dos cidadãos não é muito diferente da França da corte de Luís XVI, a quem a plebe horrorizava – é uma Europa surda à realidade, autista na sua autossuficiência.»
«Itália, os populismos e a arrogância das elites». José Manuel Fernandes no Observador
E, por falar nisso, cabe na cabeça de alguém de boa fé fazer um referendo com uma pergunta assim?
«Aprova o texto da lei constitucional relativa às ‘Disposições para a superação do bicamaralismo partidário, a redução do número dos parlamentares, a contenção dos custos de funcionamento das instituições, a supressão da CNEL e a revisão do título V da parte II da Constituição’, aprovado pelo Parlamento e publicado na Gazzetta Ufficiale n.88 de 15 de Abril 2016?»
«Itália, os populismos e a arrogância das elites». José Manuel Fernandes no Observador
E, por falar nisso, cabe na cabeça de alguém de boa fé fazer um referendo com uma pergunta assim?
«Aprova o texto da lei constitucional relativa às ‘Disposições para a superação do bicamaralismo partidário, a redução do número dos parlamentares, a contenção dos custos de funcionamento das instituições, a supressão da CNEL e a revisão do título V da parte II da Constituição’, aprovado pelo Parlamento e publicado na Gazzetta Ufficiale n.88 de 15 de Abril 2016?»
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O Portugal dos Pequeninos visto pelo último dos queirozianos (18)
Outros excertos.
Mais um excerto de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres.
«(…) hoje o sonho da ressurreição do califado não morreu. Taheri, que provavelmente se orgulha dessas velhas façanhas, só podia interpretar as divagações de Freitas como fraqueza e arrependimento da "Europa".
Pior. Na cabeça iraniana de Taheri, se Freitas rejeitava com tanta intensidade os terríveis pecados do Ocidente, por maioria de razão rejeitava também o maior de todos: quem condena as cruzadas condena logicamente o Estado de Israel. Taheri julgou que Portugal o compreendia e resolveu explicar em público que os cartoons não passavam de uma conspiração sionista e transgrediam a liberdade de imprensa (ponto com que o próprio Sócrates, de resto, concordara). Até aqui Taheri agira com a implícita aprovação de Freitas. Mas faltava o Holocausto e Taheri não resistiu e negou o Holocausto. Suspeito que o escândalo e o protesto o surpreenderam. Freitas tinha aberto o grande caminho da " compreensão". Que essa "compreensão" parasse no Ho1ocausto não lhe ocorreu. Se não parara ou se inibira com a mentira, a demagogia, o terrorismo, a promessa de arrasar Israel e a ameaça nuclear, que diferença fazia o Holocausto? Taheri é um bom embaixador, porque representa com zelo o sentimento e as convicções do islão. Freitas não é um bom ministro porque representa com excesso as mais torpes tendências de Portugal e da "Europa". Para conciliar a "rua" muçulmana, condenou o que nós somos.»
O embaixador e o ministro, 17-02-2006
Mais um excerto de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres.
«(…) hoje o sonho da ressurreição do califado não morreu. Taheri, que provavelmente se orgulha dessas velhas façanhas, só podia interpretar as divagações de Freitas como fraqueza e arrependimento da "Europa".
Pior. Na cabeça iraniana de Taheri, se Freitas rejeitava com tanta intensidade os terríveis pecados do Ocidente, por maioria de razão rejeitava também o maior de todos: quem condena as cruzadas condena logicamente o Estado de Israel. Taheri julgou que Portugal o compreendia e resolveu explicar em público que os cartoons não passavam de uma conspiração sionista e transgrediam a liberdade de imprensa (ponto com que o próprio Sócrates, de resto, concordara). Até aqui Taheri agira com a implícita aprovação de Freitas. Mas faltava o Holocausto e Taheri não resistiu e negou o Holocausto. Suspeito que o escândalo e o protesto o surpreenderam. Freitas tinha aberto o grande caminho da " compreensão". Que essa "compreensão" parasse no Ho1ocausto não lhe ocorreu. Se não parara ou se inibira com a mentira, a demagogia, o terrorismo, a promessa de arrasar Israel e a ameaça nuclear, que diferença fazia o Holocausto? Taheri é um bom embaixador, porque representa com zelo o sentimento e as convicções do islão. Freitas não é um bom ministro porque representa com excesso as mais torpes tendências de Portugal e da "Europa". Para conciliar a "rua" muçulmana, condenou o que nós somos.»
O embaixador e o ministro, 17-02-2006
Pro memoria (329) - Hollande, espoir du socialisme devenu bête-noire
Ver no Insurgente a retrospectiva da recepção há quatro anos e meio pela esquerdalhada da boa nova da vitória de François Hollande e do anúncio dos amanhãs que iriam cantar.
Se me for permitido completar tão completa retrospectiva, acrescentaria uma peça lapidar de autor incógnito no Público de 23-05-2012 com o auspicioso título «Há um novo espectro a pairar sobre a Europa», para comemorar o princípio do «fim da austeridade punitiva de Merkel».
Se me for permitido completar tão completa retrospectiva, acrescentaria uma peça lapidar de autor incógnito no Público de 23-05-2012 com o auspicioso título «Há um novo espectro a pairar sobre a Europa», para comemorar o princípio do «fim da austeridade punitiva de Merkel».
05/12/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (21) - Vinho a martelo
Outras preces.
Depois de ter feito durante demasiado tempo as vezes de primeiro-ministro no processo Caixa, debitando dia sim dia não incontáveis sound bites, o presidente Marcelo fez uma última pirueta em frente da imprensa estrangeira para acolher a solução Macedo e fazer esquecer Domingues com uma metáfora baseada nas bodas de Caná, primeiro milagre de Cristo (de Marcelo já lá vão vários) em que o Filho de Deus transforma água em vinho depois deste acabar. «O segundo vinho é o melhor» postulou o presidente dos Afectos.
Com o devido respeito, a metáfora mais apropriada à situação seria a do fabricante que transforma um vinho aceitável em zurrapa imprestável e, de seguida, tenta fazer o mesmo com outro fornecimento, enquanto se congratula: «este processo de transição correu muito bem, está a correr muito bem e portanto, tenho uma confiança reforçada».
Depois de ter feito durante demasiado tempo as vezes de primeiro-ministro no processo Caixa, debitando dia sim dia não incontáveis sound bites, o presidente Marcelo fez uma última pirueta em frente da imprensa estrangeira para acolher a solução Macedo e fazer esquecer Domingues com uma metáfora baseada nas bodas de Caná, primeiro milagre de Cristo (de Marcelo já lá vão vários) em que o Filho de Deus transforma água em vinho depois deste acabar. «O segundo vinho é o melhor» postulou o presidente dos Afectos.
Com o devido respeito, a metáfora mais apropriada à situação seria a do fabricante que transforma um vinho aceitável em zurrapa imprestável e, de seguida, tenta fazer o mesmo com outro fornecimento, enquanto se congratula: «este processo de transição correu muito bem, está a correr muito bem e portanto, tenho uma confiança reforçada».
BREIQUINGUE NIUZ: Comunistas surpreendem...
... reelegendo Jerónimo de Sousa. E logo por unanimidade. Quem diria?
Igualmente surpreendente a nova vulgata de Jerónimo com novos salmos entre os quais destaco: «Não há uma maioria de esquerda, mas uma minoria de direita»
Igualmente surpreendente a nova vulgata de Jerónimo com novos salmos entre os quais destaco: «Não há uma maioria de esquerda, mas uma minoria de direita»
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Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (60)
Outras avarias da geringonça.
Para terminar, por agora, a saga da aprovação do OE 2017, dois apontamentos. O primeiro, à margem desta crónica dedicada à geringonça, é a nota para memória futura da abstenção do PSD que viabilizou a desresponsabilização financeira dos autarcas, assim como viabilizou a manutenção da isenção do IMI dos imóveis partidários. Abstenção? Como se alguém se pudesse abster em tais matérias.
O segundo é sobre o chumbo do PS de todas as propostas de alteração ao OE apresentadas pelo PSD, incluindo algumas semelhantes às do seu próprio programa eleitoral.
Para terminar, por agora, a saga da aprovação do OE 2017, dois apontamentos. O primeiro, à margem desta crónica dedicada à geringonça, é a nota para memória futura da abstenção do PSD que viabilizou a desresponsabilização financeira dos autarcas, assim como viabilizou a manutenção da isenção do IMI dos imóveis partidários. Abstenção? Como se alguém se pudesse abster em tais matérias.
O segundo é sobre o chumbo do PS de todas as propostas de alteração ao OE apresentadas pelo PSD, incluindo algumas semelhantes às do seu próprio programa eleitoral.
04/12/2016
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A morte do ditador e a idiotia da nossa "intelectualidade"
«Depois de quilómetros de prosa enfatuada e conversa na televisão sobre a morte de Fidel Castro, o que ficou? Ficou o retrato de um mundo político e de uma “intelectualidade”, que roçam a idiotia ou a ignorância e que não resistiram a rezar em público pelo santinho de Cuba. Nem os factos nem o descrédito da doutrina conseguiram fazer brilhar uma luz naquelas cabeças. Essa criatura que transformou o país mais rico da América Latina numa triste colónia da URSS e que, de caminho, ia provocando uma guerra nuclear, só merece ao tenro coração dos nossos governantes uma ternura filial ou, como no de Marcelo, uma curiosidade patega. Houve quem não se levantasse para o rei de Espanha; não houve quase ninguém que se portasse com alguma dignidade quando o velho tirano morreu. Este Portugal é uma vergonha.»
O Diário de Vasco Pulido Valente, no Observador
O Diário de Vasco Pulido Valente, no Observador
Talvez François Fillon seja um liberal... em França
Desde que François Fillon foi eleito candidato do partido de centro-direita francês Les Républicains, fazendo sair do palco Nicolas Sarkozy pela direita baixa e vencendo na segunda volta Alain Juppé, a nossa direita e alguns dos nossos liberais. nem todos de direita, suspiraram e pensaram: voilà ce qu'on attend!
Antes de comemorar, talvez convenha ver mais de perto o projecto político e as propostas de Fillon. No que respeita à Europa, o programa de Fillon propõe um «projet européen recentré sur la zone euro qui sera engagé dès mai 2017 avec un calendrier précis établi à l'avance», projecto que se foca sobre a harmonização das políticas orçamentais e fiscais dos membros da Zona Euro que deverá conduzir a prazo a um super-ministério europeu das Finanças.
Segundo o projecto Fillon, em três anos, França e Alemanha (sim, leram bem, França e Alemanha) deverão ter impostos únicos sobre lucros e capitais e IVA a uma taxa única; a prazo essa fiscalidade seria extensiva aos restantes países da Zona Euro. Fillon defende também a substituição das políticas monetárias acomodatícias do BCE por reformas estruturais e um calendário de redução dos défices. Até aqui, à parte as dificuldades de adopção da harmonização fiscal, certamente Fillon seria acompanhado por Merkel e Schäuble.
Já quanto às ideias de Fillon de uma maior integração e, muito particularmente, quanto à mutualização das dívidas e à extensão do mandato do BCE ao crescimento e emprego, à semelhança da Fed americana, essas são completamente inaceitáveis pela Alemanha e, ainda que fossem aceitáveis, seriam uma fuga para frente e só exacerbariam as fracturas e, muito provavelmente, antecipariam o desmantelamento da UE na sua configuração actual.
Por tudo isso, e pela sua proximidade ao czar Vladimir (o Politico até escreve sobre «The new Putin coalition», talvez devamos concluir que se Fillon for um liberal é um liberal dirigiste, isto é não é um liberal e que as suas propostas boas não são exequíveis e as exequíveis não são boas. É claro que isso não invalida que, contra as ofertas do PS e da Frente Nacional, seja a opção menos má. Salvo se, por uma improvável distracção dos deuses da política, Emmanuel Macron, o antigo ministro da Economia de Hollande, viesse a ser o candidato do PS. Aí, teríamos de pensar melhor no assunto.
Antes de comemorar, talvez convenha ver mais de perto o projecto político e as propostas de Fillon. No que respeita à Europa, o programa de Fillon propõe um «projet européen recentré sur la zone euro qui sera engagé dès mai 2017 avec un calendrier précis établi à l'avance», projecto que se foca sobre a harmonização das políticas orçamentais e fiscais dos membros da Zona Euro que deverá conduzir a prazo a um super-ministério europeu das Finanças.
Segundo o projecto Fillon, em três anos, França e Alemanha (sim, leram bem, França e Alemanha) deverão ter impostos únicos sobre lucros e capitais e IVA a uma taxa única; a prazo essa fiscalidade seria extensiva aos restantes países da Zona Euro. Fillon defende também a substituição das políticas monetárias acomodatícias do BCE por reformas estruturais e um calendário de redução dos défices. Até aqui, à parte as dificuldades de adopção da harmonização fiscal, certamente Fillon seria acompanhado por Merkel e Schäuble.
Já quanto às ideias de Fillon de uma maior integração e, muito particularmente, quanto à mutualização das dívidas e à extensão do mandato do BCE ao crescimento e emprego, à semelhança da Fed americana, essas são completamente inaceitáveis pela Alemanha e, ainda que fossem aceitáveis, seriam uma fuga para frente e só exacerbariam as fracturas e, muito provavelmente, antecipariam o desmantelamento da UE na sua configuração actual.
Por tudo isso, e pela sua proximidade ao czar Vladimir (o Politico até escreve sobre «The new Putin coalition», talvez devamos concluir que se Fillon for um liberal é um liberal dirigiste, isto é não é um liberal e que as suas propostas boas não são exequíveis e as exequíveis não são boas. É claro que isso não invalida que, contra as ofertas do PS e da Frente Nacional, seja a opção menos má. Salvo se, por uma improvável distracção dos deuses da política, Emmanuel Macron, o antigo ministro da Economia de Hollande, viesse a ser o candidato do PS. Aí, teríamos de pensar melhor no assunto.
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