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10/06/2019

DIÁRIO DE BORDO: 10 de Junho, dia negro da exclusão social (REPUBLICADO)

Já não falo mais do meu caso. Apesar das minhas críticas vitriólicas à Nação, não deixo de ser um seu filho, pródigo, mas Filho malgré moi. Mas vou estoicamente esquecer o meu caso. Aceito, rendo-me, desisto de lutar por uma Comenda.

Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.

Esperei em vão que o professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Sonhei depois que o professor Marcelo com a sua obsessão de engraxar o povinho multiplicasse as comendas ao ritmo das selfies.

Tudo em vão. E contudo propus um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neoliberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?

E as quotas? Para as Portuguesas colossalmente desvalorizadas nas comendas, em clara minoria. Mas também para cada um dos 112 (cento e doze) géneros ou, vá lá, pelo menos dos 71 (setenta e um).

Chegado a este ponto, sou obrigado a reconhecer, contra a minha vontade (basta ler um ou dois dos posts da série TV Marcelo), que o Venerando Presidente da República em Curso (Venerando PREC), está a fazer um esforço meritório para acabar com a exclusão social. Segundo DN, que nestas coisas nunca se engana, Sua Excelência atinge hoje as 300 condecorações em 1187 dias, ao prodigioso ritmo de uma condecoração a cada quatro dias. Eis aqui um incontornável argumento para um segundo mandato ou, suprema ousadia, para alterarmos a Constituição e abolirmos o limite de dois mandatos, colocando a Nação decididamente no caminho para o Socialismo.

É claro que também podia estar preocupado com a falta de medalhas que pode resultar do ritmo de entrega do Venerando PREC. Só não estou porque, seguramente, uma parte delas vai ter de ser devolvida pelos condecorados entretanto condenados.

[Este post já foi publicado várias vezes no passado em diferentes versões. Falta de inspiração? Certamente, mas a meu favor invoco que nestas áreas da mitologia patriótica a tradição ainda é o que era e, por isso, há pouco de novo a dizer.]

1 comentário:

Anónimo disse...

A nova e modernaça versão vai ser copiada daquela pensada pelo comité olímpico internacional (COI).
Tudo reciclável. E espero que também os personagens de carne e peixe...