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04/06/2019

Dúvidas (265) - A fuga de Costa para a Óropa é só mais uma teoria da conspiração? (2) - "A skilled compromise-broker"

Continuação daqui.

Existem razões de peso para Costa imitar Guterres e Durão Barroso e fugir do pântano quando começar a ser evidente qual a página para qual ele nos virou. E Costa, que é tudo menos burro, perceberá que para tirar partido da fraca memória dos eleitores não poderá esperar até à véspera da próxima crise que, com o dobro da dívida pública da crise anterior, com a economia ainda mais descapitalizada, com a impossibilidade de repetir o whatever it takes de Draghi com o nível actual das taxas de juro, será provavelmente muito mais profunda do que a anterior.

Isto pode não passar de mera especulação ou de mais uma teoria da conspiração. Poder pode, mas os factos e o fundamento das previsões que sugerem ser mais do que especulação ou conspiração vão-se acumulando. Passemos em revista alguns deles.

«Macron elogia Costa no Facebook (em português e tudo)» e Macron procura um candidato para a presidência da CE alternativo a Manfred Weber, um burocrata cinzento promovido por Merkel.

«Temos a ganhar se partilharmos este gosto que temos os dois pelo futuro da Europa nestas eleições e temos de construir, com outros colegas, por uma coligação de progresso e futuro para o próximo Parlamento [Europeu], mas também para o próximo executivo europeu para juntos construirmos uma nova etapa do nosso projecto", disse Macron ao receber António Costa no Eliseu,

«Com a exceção do En Marche, o PS de Costa é o único partido no Governo que aceitou participar na conferência de Macron. (...) Matteo Renzi, ex-primeiro-ministro italiano próximo de Costa, aceitou fazer o mesmo tipo de intervenção que o chefe de governo português», escreveu Luís Rosa.

Assunção Cristas, que, no que respeita a si própria e ao CDS, não consegue antecipar nada, antecipa que Costa está a pensar na presidência do Conselho Europeu para «não ter de reparar os estragos» da página para onde nos virou. Engana-se na presidência que será mais provavelmente da Comissão e não do Conselho.

Enquanto o chefe Costa trabalha para uma aliança socialistas-liberais a nível europeu, o seu substituto in waiting Pedro Nuno Santos, possivelmente porque sente necessidade de mais tempo para consolidar no aparelho a sua futura liderança, para o que precisa de Costa por cá ainda algum tempo, defende mais do que uma separação clara entre liberais e socialistas na UE uma «tensão permanente».

A Economist, geralmente muito bem informada sobre os cozinhados eurocráticos, escreve esta semana: «Manfred Weber, the EPP’s candidate for the commission,  (...) falls short, (...) In a more meritocratic EU the commission presidency might go to Margrethe Vestager, the dynamic (Danish) competition commissioner. Antonio Costa of Portugal, Leo Varadkar of Ireland or even Mrs Merkel, all skilled compromise-brokers, might lead the council

1 comentário:

Anónimo disse...

O substituto in waiting julgo ser o Merdina: até já foi ao beija-mão deste ano, no caso em Montreux.