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24/06/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (193)

Outras avarias da geringonça e do país.

Há coisas que é melhor não perguntar

Faria de Oliveira é um notório songamonga do Bloco Central, conivente até ao gorgomilo com a instrumentalização da banca em geral e da Caixa em particular em benefício do complexo político-empresarial socialista. Mas só lhe devem atirar pedras quem não tenha telhados de vidro, como não era o caso do deputado socialista que lhe perguntou porque se «acelerou» na La Seda - um dos investimentos mais ruinosos do banco público nos tempos de Sócrates - e recebeu como resposta porque esse era o «objectivo do seu governo».

O cobrador do fraque do Estado Sucial

O programa eleitoral do PS contém mais uma medida para combater as desigualdades. E como se combatem as desigualdades? Ora, como haveria de ser? Aumentando os impostos, claro. A quem? Ora, a quem haveria de ser? Aos ricos, claro? E quem são os ricos? São os que não englobam os rendimentos das rendas e dos capitais, entre outros. Por exemplo, a minha prima Ermelinda que com um rendimento colectável de 26 mil euros cai no 5.º escalão de IRS (37%), tem um T1 na Amadora que herdou do tio Jacinto e aluga por 400 euros e um depósito a prazo de 10 mil euros das suas poupanças.

A mesma Ermelinda que também herdou uma courela em Gouveia, com um hectare de mato que ela nem sabe bem onde fica, irá pagar um IMI agravado a menos que a Ermelinda vá para lá cavar a courela.

O crescimento é "poucochinho"

A Fitch juntou-se às pitonisas que auguram a desaceleração do crescimento português para 1,7% este ano e 1,5% em 2020 com a procura interna a puxar e as exportações a murchar. Enfim, o modelo socialista da Mouse School of Economics que nos levou à ruína. Entretanto, a classe média continua a endividar-se alegremente agravando o sobreendividamento.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

Jornal de Negócios
O PIB per capita português em paridades de poder de compra desceu o ano passado de 77% para 76% da média da União Europeia. Este indicador está agora em 21.º na UE depois de ter sido sucessivamente ultrapassado por vários sobreviventes do colapso do império soviético, o último dos quais a Eslováquia que nos ultrapassou o ano passado. Restam a Polónia, Hungria, Grécia, Letónia, Roménia, Croácia e Bulgária, com todos eles menos a Grécia governada pelo Syriza (que era o exemplo a seguir por Costa), a crescerem mais rápido do que Portugal.

Boa nova

Costa garantiu no parlamento que em 2030 (quando ele espera estar em Belém no lugar do outro) Portugal já terá fechado as centrais a carvão e terá 80% da electricidade proveniente de fontes renováveis. O antecessor e ex-chefe dele também prometeu em 2009, antes de ir para Paris estudar e nos deixar a troika a tomar conta do País, que em 2020 haveriam 180 mil carros eléctricos. Como desde então, há 10 anos, já existem 12 mil, já só faltam 168 mil.

Como seria de esperar, as caixas de promessas, como as de Pandora, quando se abrem são difíceis de fechar e depois do anúncio dos aumentos dos salários dos juízes chegou a vez de prometer a «paridade salarial» aos procuradores. E, desta vez, quer uma quer outra das promessas não se destina primordialmente a acariciar a freguesia eleitoral. É mais do que isso - é um seguro de vida desta classe política bonificando quem os pode investigar e condenar.

Sem esquecer os pobrezinhos, o governo fez uma «interpretação autêntica» da lei em vigor beneficiando todos inquilinos dos bairros sociais com a redução ou eliminação da multa pelo atraso no pagamento das rendas.

Ilustrando o génio de Costa e da sua trupe de transformar falhanços em realizações, com a preciosíssima ajuda da imprensa amiga, depois dos enormes atrasos no processamento das pensões já devidas, o Ronaldo das Finanças anuncia que «o governo estima processar 156 mil novas pensões este ano, mais 50% do que em 2014». Não é maravilhoso? É como a auto-estrada mexicana.

Outra boa nova, e talvez uma das medidas mais estúpidas (e são muitas) deste governo, destinada à clientela potencial, é o fim das taxas moderadoras a partir do próximo ano. Em primeiro lugar porque já estavam isentos quase 6 milhões de "utentes" menores rendimentos e por isso a medida vai beneficiar os maiores rendimentos. Em segundo lugar porque custará mais de 100 milhões que irão ser pagos com os impostos de todos os contribuintes, incluindo os mais pobres. Em terceiro lugar porque sendo as taxas moderadoras essencialmente um desincentivo para usar imoderadamente um SNS já à beira do colapso, o colapso ficará ainda mais perto.

Estado Sucial Simplex

A culminar o processo SIRESP, que já teve a mão de Costa como ministro da Administração Interna e agora a tem como primeiro-ministro, está mais um desastre da gestão pública socialista.

Privados? E não se pode exterminá-los?

Continua a obsessão berloquista e comunista de acabar as PPP na saúde. Representando estas uns 5% da despesa total em saúde, esta obsessão só pode explicar pelo receio de ser um bom exemplo (para eles mau exemplo) da maior eficiência da iniciativa privada. Enquanto isso o governo, percebendo que ceder aumentaria ainda mais a despesa em saúde, faz contorcionismo para não alienar os seus sócios da geringonça.

E quando os «privados» não dependem do Estado Sucial o PS inventa novas formas de os penalizar em função da desigualdade salarial, desigualdade que também quer combater com o aumento de impostos. Como alguém escreveu, poderiam começar pelo Benfica.

A página a seguir à austeridade

Enquanto por um lado se pretende acabar com o que funciona no SNS, por outro naquilo que é responsabilidade directa do governo a «Maternidade Alfredo da Costa, Hospital de Santa Maria, São Francisco Xavier e Amadora-Sintra vão ter de fechar urgências de obstetrícia

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu

O governo, pela boca do second in comand Siza Vieira, conta estórias à Bloomberg atribuindo a descida das taxas de juro: (1) à «disciplina orçamental», descida geral que até a Grécia tem beneficiado e disciplina feita de austeridade socialista e paralisia do Estado Sucial, e (2) à redução da dívida pública que cresceu de 20 mil milhões pela mão deste governo de 231,5 mil milhões para 252,3 mil milhões. Desses 252,3 mil milhões um sexto tem maturidade inferior a um ano o que faz de Portugal o terceiro país com mais dívida de curto prazo.

Fonte: Autoridade Tributária

Entretanto, repare-se que, mesmo com os juros a taxas que historicamente nunca foram tão baixas, o Estado Sucial gasta com juros mais do que com a educação.

1 comentário:

CSJ disse...

Gostaria de saber o custo administrativo TOTAL das taxas moderadoras, que aliás só moderam os que já são moderados. Nunca consegui encontrar esse cálculo em lado nenhum. Tenho para mim que esse custo é superior ao valor cobrado. Será que tem essa informação? Agradeço. Cumps.