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10/05/2019

Mitos (288) - O contrário do dogma do aquecimento global (XX)

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Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

Um dos efeitos nefastos atribuído ao aquecimento global que recorde-se, segundo a vulgata da ciência de causas do clima, resulta exclusivamente da actividade humana - ou abreviadamente do capitalismo -, é a extinção maciça das espécies. Um milhão de espécies estão ameaçadas segundo o relatório da agência ambiental da ONU Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services, de um total cujas estimativas variam entre dois ou três milhões até quase dez milhões - o estudo das espécies sofre do mesma maldição da tabuada que assola as nossas elites.

A ser assim, e até pode ser, estaria em curso a sexta extinção maciça da história do planeta. A primeira foi a extinção do final do Ordovícico há 445 milhões de anos, resultante da redução da concentração de dióxido de carbono na atmosfera causada pela diminuição da actividade vulcânica. Pausa para respirar, foi exactamente o contrário do que estará agora a acontecer devido exclusivamente, recorde-se outra vez, à actividade humana. De onde, podemos concluir que por agora estamos livres da extinção do Ordovícico. 

As três seguintes tiveram causas variadas em que o capitalismo parece estar inocente, aliás a segunda até parece uma maldição para o movimenta vegan, uma vez que se julga ter resultado de uma expansão da cobertura vegetal seguida do crescimento explosiva de algas (para mais pormenores ler este artigo do Observador onde está tudo muito bem explicadinho para leigos como nós) .

Fast forward e chegamos à quinta extinção maciça, a mais conhecida, no final do Cretácico, para aí há 66 milhões de anos, que parece ter resultado do impacto de um enorme asteróide na planície de Yucatan no actual México. Foi desta que resultou o extinção dos dinossauros, com excepção evidentemente dos apparatchiks do PCP.

A escala das cinco extinções maciças e, pelo menos na quinta, a rapidez, são tais que envergonham a obra humana. Ou seja, neste caso, o capitalismo, a exploração do homem pelo homem. Sendo certo que o comunismo, que, como se sabe, é o contrário do capitalismo, enquanto durou parece ter produzido mais danos ambientais do que o capitalismo, sem contar claro com os danos à espécie humana cujo número de vítimas se estima entre 70 e 100 milhões.

2 comentários:

Anónimo disse...

" é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença."

A deslocação é outra, do campo da ideologia para o campo científico. No campo do "aquecimento global", tudo é ideologia, nada é ciência.

Eu parece-me que o caro deveria inteirar-se sobre as variadas etapas climategate.

Anónimo disse...

Como é vosso hábito, eis uma boa e curta crónica. As extinções de causa natural — v.g., sem origem capitalista, pelo menos — foram sempre modestas: acima de 70% de todas as espécies de Vida. O homenzinho, claro, poderá sempre fazer mais estragos. Sobretudo acabar com os homenzinhos.
Abraço