Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

14/05/2019

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (85) - Até para comentador televisivo é demasiado

Outras preces

«Na altura comentador político televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa elegeu Joe Berardo a figura do ano 2007 na economia portuguesa, pelo papel que tinha tido na definição do futuro do BCP.»

É claro que nos finais de 2007 não se sabia tudo o que se sabe hoje. Mas já se sabia imenso, desde que se quisesse saber, o que já se sabia e confirma-se agora não era então o caso do comentador televisivo, nem é hoje o caso do presidente. Ora releia-se o que por essa altura se escreveu no (Im)pertinências sobre a figura do ano de 2007:

09/04/2006 DUAS ESTÓRIAS, DUAS MORAIS E UM APELO: é a Cóltura, estúpidos (again)
O senhor Joe Berardo fez um acordo com o governo que o Impertinências ainda não teve ocasião de perceber, mas que à primeira vista parece consistir em usar o dinheiro dos «sujeitos passivos» para dar ao senhor Joe um local para ele arrumar as suas tralhas durante dez anos e, de caminho, lhe comprar mais uns milhões de euros de óbjectos cólturais para a sua colecção.

06/01/2007 ARTIGO DEFUNTO: o megafone é a alma do negócio
Conheceis algum outro país onde um empresário que impingiu ao governo a ideia de lhe financiar um salão de exposições para as suas tralhas artísticas e tem esperança de lhas vender dentro de 10 anos, proponha negócios a esse mesmo governo através dum jornal? Eu não.
(Teoria da conspiração: o senhor comendador está a pagar ao governo a renda do armazém onde guarda as tralhas)

08/03/2007 CASE STUDY: uma OPA é uma opa (2)
A Sonaecom procedeu à alienação de 11.291.657 acções da Portugal Telecom (cerca de 1%) a um preço médio de 9,62 euros. Realizou uma bela mais-valia, todavia insuficiente para pagar os 40 milhões que lhe custou a OPA. O mercado deveria pagar-lhe o diferencial entre o custo da OPA e a mais-valia que realizou para retribuir o valor que foi acrescentado à PT pela iniciativa da Sonaecom e pelos efeitos positivos para o mercado resultantes da separação das redes, do spin off da PT Multimédia e last but not least pela nomeação do doutor Granadeiro em substituição do Visconde Barão Doutor Horta e Costa, a Enfatuada Vacuidade do double windsor e do roupão de seda com brasão.
Se a PT vale mais de que os 10,50 oferecidos pela Sonaecom, porque está a ser negociada a cotação muito abaixo da OPA (9,69 hoje)? O que sabe o senhor Joe Berardo, o doutor Ricardo Salgado e as outras luminárias que o mercado não sabe?

30/04/2007 SERVIÇO PÚBLICO: cada um tem o que merece?
Depois dos governos anteriores terem gasto, entre 1996 e 2005, 1,5 milhões de euros para albergar peças do Berardo em Sintra, o governo socialista do engenheiro Sócrates cedeu-lhe o ano passado o centro de exposições do CCB por 10 anos, prometeu pagar meio milhão de euros em cada um desses 10 anos, para ajudar à festa da fundação, e obrigou-se a comprar a colecção no final, se o Sr. Berardo lha quiser vender.
Para não se pensar que só o governo português faz mecenato com o dinheiro dos sujeitos passivos, recorda-se que, se nós temos o Berardo, os espanhóis tiveram o Thyssen, Heinrich e têm a sua 5.ª consorte Tita, antiga miss Espanha. Em 1989, o governo de Felipe Gonzalez (sempre o polvo socialista), pagou as pesetas equivalentes a 350 milhões de dólares por metade da colecção Thyssen que albergou nesta esplêndida galeria.
Se dizem da colecção Thyssen que tem obras menores de artistas maiores e obras maiores de artistas menores, que haveremos de dizer da colecção Berardo?

04/01/2008 ESTADO DE SÍTIO: do conúbio do estado napolónico-estalinista com o empresariado de olho vivo e pé ligeiro
A manobra orquestral no escuro à volta do controlo do Millenium bcp, convenientemente justificada pelo «interesse nacional», é o exemplo do perfeito casamento de conveniência entre o omnipresente estado napolónico-estalinista, momentaneamente encabeçado por dois dos seus mais fervorosos adeptos e permanentemente ocupado pela coligação de interesses pudicamente chamada Bloco Central, e um empresariado preguiçoso, pouco empreendedor e subserviente, mas de olho vivo e pé ligeiro. Tudo o que até agora se sabia já era suficientemente grave. Ficou mais grave com o que hoje se ficou a saber: accionistas do Millenium bcp, incluindo o inefável comendador Berardo, reforçaram as suas participações com dinheiro emprestado pela Caixa, que além de emprestar o dinheiro e de ser um dos accionistas mais importantes do banco, emprestou igualmente o seu ex-presidente e um dos seus administradores, por feliz coincidência amigo do peito do primeiro-ministro (ver notícia do Público).

1 comentário:

Unknown disse...

Toda a boçalidade de um povo, admirador boquiaberto de qualquer truão de meia tigela...
O "governo" é bem o seu reflexo.