- Reconhecimento da subestimativa dos efeitos das medidas preconizadas em termos de recessão e desemprego;
- Admissão de ter sido demasiado optimista quanto à sustentabilidade da dívida e ao regresso da Grécia aos mercados;
- Constatação que a Grécia não cumpria 3 dos 4 critérios do FMI para um bailout;
- Reconhecimento que, apesar de tudo, a intervenção fez ganhar algum tempo para minimizar os impactos na Zona Euro e que esta beneficiou mais do que a própria Grécia com a intervenção; a este respeito Poul Thomsen, o negociador principal do FMI, comentou muito filosoficamente «if we were in the same situation… we would have done the same thing again».
De tudo isto concluir, como muitos fazedores de opinião e quase todos os mídia portugueses concluíram, que os «erros do FMI na Grécia abrem portas à suavização da austeridade» é, como o anúncio antecipado da morte de Mark Twain, manifestamente exagerado. É por isso que concordo com André Azevedo Alves: «desenganem-se os que pensam que o reconhecimento do FMI abre caminho à redução da "austeridade". Pelo contrário, o que dele decorre é que os programas de resgate da "troika" foram concebidos de forma excessivamente (e irrealisticamente) generosa tanto para os Estados beneficiários como para os detentores da respectiva dívida.»
Se a putativa suavização é manifestamente exagerada, querer, como Durão Barroso e Cavaco Silva dizem querer, «o FMI fora da troika "no futuro"» é manifestamente inadequado. Por duas boas razões: o FMI é a única instituição capacitada para lidar com bailouts e a única com a independência e a distância necessárias para o fazer sem se enredar demasiado nos jogos de poder da UE, critérios que quer a Comissão quer o BCE estão longíssimo de cumprir. Contudo, talvez não seja caso para grandes preocupações - desconfio que estas declarações são puramente masturbatórias e para consumo interno.
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