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27/06/2013

ESTADO DE SÍTIO: Too little, too late (2)

Como escrevi há tempos, manchado pelo pecado original de ter oferecido facilidades na campanha eleitoral quando devia ter anunciado dificuldades, depois de torrar ingloriamente quase dois anos, com uns 6 meses, estimo eu, de período de graça onde não fez uma reforma de fundo, o governo entrou definitivamente no período de desgraça por voltas de Setembro do ano passado e desde então nunca mais parou. Perdeu o tino e a bússola e começou a navegar não já à vista, como até então, mas à deriva.

Poderia relembrar inúmeros exemplos espalhados por este blogue, mas vou apenas referir dois dos últimos dias.

No final do Conselho de Ministros de sábado passado em Évora, questionado pelos jornalistas sobre quando veria a luz o célebre «guião/argumentário» (só o nome faz arrepios) da reforma do Estado, que Paulo Portas está escrever nos intervalos das suas viagens, Passos Coelho disse que o draft da coisa já tinha sido apresentada «mas não foi fixada uma data precisa» e «será tão breve quanto possível. Evidentemente, que não o iremos apresentar ao país em Agosto e, portanto, espero num próximo Conselho de Ministros estar em condições de poder aprovar esse documento». Como pode o «documento» em causa, que se supõe conter as directrizes para a reforma do Estado para aplicar até 2020, ser tratado como mais uma qualquer miudeza de entre as centenas que passam pelos conselhos de ministros?

E o que dizer dos resultados de uma negociação entre o ministro da Educação e os sindicatos dos professores que aumenta a despesa pública, dá um tratamento de excepção no que respeita à mobilidade aos professores enquanto funcionários públicos (já se agitam outros sindicatos da função pública a pedirem o mesmo) e inventa actividades para encher o tempo dos professores? Seria possível melhor? Seria, se tivesse sido há dois anos quando o governo ainda tinha capital político. Agora parece mais um armistício para evitar a derrota total.

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