Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/06/2020

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Take Another Plane ou Take Another Plan? (VIII)

«As discussões em Portugal começam sempre em pontos de partida sagrados e definidos pelo PS e pela restante corte socialista de Lisboa. O alegado debate continua a partir desta sacralização inicial e é ampliada por dezenas de comentadores que dizem exatamente a mesma coisa mil vezes; é como se fossem pagos para não pensar pela sua própria cabeça, é como se fossem pagos para não agitar águas, para manter uma dormência discursiva na sociedade portuguesa, uma mesmice que enfarta e adormece.

A verdadeira questão não é se o Estado deve entrar na TAP, porque a TAP não pode ser sagrada. Porque é que temos de manter dentro do erário público uma companhia aérea eternamente deficitária numa era em que há dezenas e dezenas e dezenas de outras companhias? A TAP, a meu ver, ou é privada ou não é. Ou se orienta sozinha ou pode falir como qualquer outra empresa, porque já não estou disponível para suportar a TAP enquanto contribuinte. Já chega, de facto, de Novos Bancos.»

Excerto de Você quer pagar a TAP ou o SNS?, Henrique Raposo no Expresso

NOTA: Este post é uma sequência deste e faz parte das dezenas que sobre a TAP publicámos em 17 anos (ver etiqueta TAP).

Dúvidas (311) - É o governo que aldraba os números da pandemia ou o vírus é "relativamente bonzinho"?

O outro contribuinte do (Im)pertinências tem tratado o assunto da pandemia com seriedade e rigor na série de posts De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva. Não vou por isso acrescentar nada, a não ser a dúvida cartesiana enunciada no título do post que resulta da comparação da histeria generalizada com os factos conhecidos e a conclusão chocante para a verdade oficial da cientista Maria Manuel Mota. Como a dúvida me foi suscitada pelo título do texto do médico Tiago Tribolet de Abreu: Covid-19: afinal quão grave é esta doença? vou citar alguns curtos excertos.

Desde logo não se sabe se o número de “casos confirmados” é o número de pessoas com a doença Covid-19 porque «a presente definição de “caso confirmado” possui, em si mesma, uma enorme e grave incongruência, pois permite classificar como “caso confirmado” (pressupõe-se que de Covid-19) alguém sem qualquer manifestação de doença, em plena saúde, apenas com um teste positivo».

Dando de barato a questão da causa mortis que segundo o critério da DGS inclui "por Covid" e "com Covid", «para comparação, em 2019 morreram 111.793 indivíduos em Portugal. Ou seja, estes 1.549 mortos com teste positivo corresponderiam a 1,4% da mortalidade total em Portugal em 2019.

Também para comparação, cumpre referir que, de acordo com a DGS, terão morrido mais de 3.300 pessoas de gripe na época de 2018-2019» e, acrescento, ninguém se inquietou com o dobro das mortes.

Por isso, é razoável supor que ou bem os mídia sabem coisas que nós os humanos não sabemos, por exemplo que o governo aldraba os números da pandemia para não inquietar a populaça, ou bem a Dr. Mota tem razão e o vírus é «relativamente bonzinho».

29/06/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (39) - Em tempo de vírus (XVI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Correndo bem, é nossa realização. Correndo mal é problema deles

«O líder socialista, “visivelmente aborrecido”, pôs-se de pé e quis “deixar claro” que, se algo falhar, a culpa não será sua» e , dito isto, deu de frosques deixando S. Ex.ª a falar sozinho. Foi assim, segundo a Visão, que o Dr. Costa lavou antecipadamente as mãos se a coisa correr mal.

Ele deixou claro que não aceitou o lugar de primeiro-ministro para a choldra mal agradecida lhe pedir responsabilidades das mortes de Pedrógão Grande, das vergonhas de Tancos, das consequências dos ajuntamentos do 1.º de Maio ou dos espectáculos no Campo Pequeno ou das finais da UEFA ou da Festa do Avante. Por exemplo, a choldra que acagaçada se refugiou em casa deve agradecer-lhe a mitigação dos efeitos da pandemia e não responsabilizá-lo pelos efeitos devastadores na economia das medidas que tomou de parceria com o Dr. Rebelo de Sousa. Quereis outros exemplos? Culpai a pandemia da queda das exportações e do turismo e agradecei ao Dr. Costa o que ele exportou e os turistas que mandou vir.

A família Costa está já a trabalhar para o futuro

O presidente socialista da junta de freguesia de Campo de Ourique renuncia ao cargo e passa a pasta ao vogal Pedro Miguel Tadeu Costa que tem sido sido responsável pelo relacionamento com a câmara municipal de Lisboa de que é presidente o putativo sucessor na liderança do PS do seu pai, o Dr. Costa.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito

A semana passada o Dr. Costa informou o parlamento que o Dr. Leão, ex-secretário de Estado do Dr. Centeno e seu sucessor na pasta das Finanºas, tinha proposto ao seu governo a nomeação do Dr. Centeno para governador do Banco de Portugal, onde será fiscalizado por um conselho de auditoria por ele nomeado e onde terá nas mãos os casos do Banif e do Novo Banco, as mesmas mãos onde já estavam como ministro das Finanças.

Por uma daquelas felizes coincidências que os deuses reservam aos seus favoritos, o BCE a quem compete dar um parecer sobre o projecto de lei que altera as regras de nomeação e que se aprovado impediria o Dr. Centeno de ser agora nomeado, pediu mais quatro semanas. Em consequência, o parlamento não aprovará a lei antes na nomeação e permitindo ao Dr. Centeno ser governador do Banco de Portugal e ter finalmente um merecido descanso como gerente de uma sucursal do BCE com um salário superior em 100 mil euros ao salário do presidente da Reserva Federal americana.

Ser de esquerda é... (3)

... fingir que se combate o racismo incentivando a vitimização das minorias étnicas e inventando "discriminações positivas" e depois queixar-se da discriminação pelas maiorias, em vez de remover os obstáculos à igualdade de oportunidades e criar incentivos para que essas minorias se auto-promovam.


A propósito, nova entrada para o Glossário das Impertinências:

Rácismo
A causa fracturante inventada pelo áctivismo para vitimizar minorias étnicas e servir de pretexto para a destruição de estátuas e outros supostos símbolos do rácismo. (*)

(*) Sim, eu sei, o definiendum está ser usado no definiens. Mas que fazer? Estamos no domínio surreal do áctivismo.

28/06/2020

Do lives only matter if they are black?


«The Cuban government continues to repress and punish dissent and public criticism. The number of short-term arbitrary arrests of human rights defenders, independent journalists, and others was lower in 2019 than in 2018, but remained high, with more than 1,800 arbitrary detentions reported through August. The government continues to use other repressive tactics against critics, including beatings, public shaming, travel restrictions, and termination of employment.»

Human Rights Watch, World Report 2020 Cuba

A pandemia é politicamente incorrecta. Mata conforme a classe social e o sexo

Spectator

27/06/2020

COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (34) - O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho

Outras botas para descalçar

Recapitulando: o Dr. Galamba, actual secretário de Estado «para a Transição», que «frequentou um doutoramento em Filosofia Política na London School of Economics» (não me perguntem o que é frequentar um doutoramento) e foi uma espécie apoderado do Sr. Eng. José Sócrates, anunciou há três meses uma «mega fábrica de hidrogénio em Sines» em parceria com a Holanda. Seis dias depois a Holanda esclareceu que «ainda é cedo» para falar disso.

Desde então o Dr. Galamba, à míngua de obra «para a Transição», vem vendendo a sua imagem numa campanha pessoal a pretexto do hidrogénio, que tudo indica será mais um daqueles projectos megalómanos e economicamente inviáveis de que o animal feroz e agora os seus discípulos tanto apreciam para torrar dinheiro dos contribuintes.

Fiz referência há dias o artigo sobre o tema hidrogénio solar de Mira Amaral que desmistifica os fundamentos técnico e económico do balão do Dr. Galamba. No mesmo sentido, transcrevo de seguida um artigo de Clemente Pedro Nunes, um professor de engenharia que tem obra publicada sobre os temas da energia e em particular do hidrogénio:

 «E em vez de se enfrentar o problema da eletricidade intermitente com inteligência e eficácia, temos agora em consulta pública a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, que propõe promover ainda mais potências intermitentes, pondo novamente os consumidores a pagar todos os custos e os promotores a ficarem com todos os benefícios.

O hidrogénio não é uma fonte de energia primária e, sendo um gás muito leve, exige pressões muito altas e temperaturas muito baixas para poder ser armazenado, o que implica custos e riscos muitíssimo elevados.

Tal como Sócrates e Pinho tinham feito em 2008, o pretexto mediático é que “Portugal vai salvar o planeta sozinho armazenando eletricidade através do hidrogénio”.

E, de novo, “os consumidores portugueses irão pagar por decreto o que for preciso por tecnologias que ainda não existem”, indo-se buscar aos fundos europeus, que se espera venham salvar a economia portuguesa, 7 mil milhões de euros para este “delírio tecnológico” que o próprio documento em consulta pública assume irá ter prejuízos até 2030.

Embora António Costa Silva tenha sido, em 2010, um dos defensores do lóbi das elétricas intermitentes, nomeadamente num artigo publicado no Expresso e intitulado “O plágio dos Orangotangos”, espera-se que, nas suas atuais funções de supervisor do plano económico para aplicar os fundos europeus, saiba defender o reforço das empresas de bens transacionáveis e não deixe que sejam utilizados num desastre tecnológico que põe em causa o que foi aprovado na Cimeira de Lisboa, em 2018.»

Excerto de A catástrofe da eletricidade intermitente: da dívida tarifária à bomba de hidrogénio, no jornal i.

26/06/2020

PAN, um partido vulgar de Lineu com os defeitos dos velhos e sem nenhuma das suas qualidades

É o deputado ao PE que rasga o cartão de sócio queixando-se do «constante afastamento de alguns princípios fundadores do partido». É a deputada municipal de Cascais, mulher daquele deputado, que se demite por «divergências políticas». É deputada por Setúbal que se queixa da «voz silenciada e a da capacidade de trabalho condicionada». É a comissão política da Madeira que acusa o «excesso de autoridade crescente imposto por um núcleo duro na direção do partido».


E talvez isso seja apenas o princípio. Parece um partido da espécie marxista-leninista-maoista cujos militantes costumam acusar-se de traidores uns aos outros e fraccionar-se em um partido por cada sacerdote. No caso do PAN, será que vamos ter um PAN por cada filo, classe, ordem, família, género e espécie?

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: No Portugal dos Pequeninos «sem “contactos” não se vai a lado nenhum»

«Mas nem sempre o sucesso das empresas depende apenas da qualidade dos seus gestores. Quando o regime capitalista é substituído pelo regime compadrista, muitos desses incentivos deixam de existir (há quem lhe chame “capitalismo de compadrio”, mas eu prefiro apenas “compadrismo” porque capitalismo e compadrio são expressões antagónicas). Se o sucesso de uma empresa depende mais das relações que essa empresa tem com o poder político do que com a sua capacidade de inovar e gerir de forma eficiente, ser bom gestor deixa de ser importante para se ter sucesso numa empresa. Aquilo que ganha relevância nas empresas é a capacidade de estabelecer as ligações certas.

Um bom exemplo disto é o socialista Seixas da Costa, um dos grandes acumuladores de cargos de administração em grandes empresas e, por “pura coincidência”, um grande adversário político das ideias liberais e da economia de mercado (os beneficiários dos regimes compadristas tendem a detestar o capitalismo e a economia de mercado). Seixas da Costa foi embaixador de Portugal na UNESCO. No exercício das suas funções, Seixas da Costa influenciou a UNESCO para permitir a construção da barragem do Tua, que destruiu parte do Património Mundial do Alto Douro. Teve sucesso na sua empreitada e quando deixou o cargo público tinha à sua espera um lugar de administrador na empresa concessionária da barragem (a EDP Renováveis) e na empresa que a construiu (a Mota-Engil). Para além destas duas empresas no sector da energia e da construção, ainda consegue ter “capacidade de gestão” para ser administrador da Jerónimo Martins no sector da distribuição. (...)

Em Portugal sem “contactos” não se vai a lado nenhum. Desde a pequena empresa que precisa de contactos na câmara para não estar sempre a levar com multas e fiscalizações à grande empresa cujo desempenho depende dos contactos no governo.»

O regime compadrista, Carlos Guimarães Pinto no Eco

Esta é uma questão transversal ao espectro político. Quase todos das esquerdas e muitos das direitas detestam a concorrência, não praticam a igualdade de oportunidades, adoptam o nepotismo como forma de vida e cultivam o inbreeding. O resultado é o Portugal dos Pequeninos.

25/06/2020

Ser de esquerda é... (2)

... ser neto de um emigrante europeu e chamar afro-americano a uma criatura cujo tetravô do tetravô nasceu na América.

Outros "Ser de esquerda é...

A estratégia do Novo Império do Meio para controlar os países subdesenvolvidos

Fonte: Sovereign debt crises are coming, A report by The Economist Intelligence Unit
Nova Rota da Seda, compra de activos de todos os tipos, imóveis, empresas (*), etc., em todo o mundo, compra de áreas gigantescas de terrenos agrícolas (2,3% no caso da Austrália), financiamento de mega-projectos nos países em desenvolvimento (um eufemismo que abrange países em vias de subdesenvolvimento), com os países endividados a comer na mão chinesa, são alguns dos componentes da estratégia do Xi Jinping e do PC Chinês.

(*) Em Portugal, EDP, REN, BCP, partes do ex-BES, Fidelidade, entre outras.

Aditamento:

Em relação a este comentário, não entendo que o Estado chinês seja uma ameaça aos países democráticos por a China ser um país aforrador. O Estado chinês é uma ameaça porque é um Estado totalitário dominado por uma nomenclatura que se auto-perpetua e a China é uma potência expansionista e agressiva. Porque é um país aforrador, por enquanto, pode usar o seu excedente externo como instrumento da sua estratégia de dominação.

24/06/2020

CASE STUDY: Trumpologia (67) - Se fossem apenas os disparates, seria divertido

Mais trumpologia.

«Pode fazer a lista dos disparates do Trump?»  pergunta-se num comentário ao post anterior. A escolha é difícil e tenho pouco tempo para dedicar aos disparates. Ainda assim, numa perspectiva de serviços mínimos, aqui vai um vídeo já publicado há três meses com uma curta compilação bastante desactualizada e apenas sobre a pandemia.


Na verdade, se a presidência de Trump se limitasse a disparates teria sido apenas divertida e não teria tido as consequências devastadoras que está a ter sobre a degradação da democracia americana e o descrédito das suas instituições. Os efeitos perversos de fortalecer as ideias e as forças políticas que pretensamente combate, fazem de Donald Trump o melhor aliado de facto do radicalismo esquerdista que diz combater e de quem copia o agitprop. E vice-versa.

CASE STUDY: O jornalismo americano em risco de infecção pelos vírus do politicamente correcto e dos "factos alternativos"

Mat Taibbi, o autor do texto seguinte, é um conhecido jornalista independente americano de origem uzbeque que, apesar de ser "liberal" no sentido americano, isto é de esquerda, e sem surpresa detractor do trumpismo, denuncia o controlo e a censura crescentes em vários grandes jornais americanos por uma nova geração de jornalistas formados em universidades em que as faculdades de "ciências sociais" estão infestadas pelo esquerdismo e pelo politicamente correto. É um bom exemplo de como não escolher entre dois males.

«Our president, Donald Trump, is a clown who makes a great reality-show villain but is uniquely toolless as the leader of a superpower nation. Watching him try to think through two society-imperiling crises is like waiting for a gerbil to solve Fermat’s theorem. Calls to “dominate” marchers and ad-libbed speculations about Floyd’s “great day” looking down from heaven at Trump’s crisis management and new unemployment numbers (“only” 21 million out of work!) were pure gasoline at a tinderbox moment. The man seems determined to talk us into civil war.

But police violence, and Trump’s daily assaults on the presidential competence standard, are only part of the disaster. On the other side of the political aisle, among self-described liberals, we’re watching an intellectual revolution. It feels liberating to say after years of tiptoeing around the fact, but the American left has lost its mind. It’s become a cowardly mob of upper-class social media addicts, Twitter Robespierres who move from discipline to discipline torching reputations and jobs with breathtaking casualness.

The leaders of this new movement are replacing traditional liberal beliefs about tolerance, free inquiry, and even racial harmony with ideas so toxic and unattractive that they eschew debate, moving straight to shaming, threats, and intimidation. They are counting on the guilt-ridden, self-flagellating nature of traditional American progressives, who will not stand up for themselves, and will walk to the Razor voluntarily.

They’ve conned organization after organization into empowering panels to search out thoughtcrime, and it’s established now that anything can be an offense, from a UCLA professor placed under investigation for reading Martin Luther King’s “Letter from a Birmingham Jail” out loud to a data scientist fired* from a research firm for — get this — retweeting an academic study suggesting nonviolent protests may be more politically effective than violent ones!

Now, this madness is coming for journalism. Beginning on Friday, June 5th, a series of controversies rocked the media. By my count, at least eight news organizations dealt with internal uprisings (it was likely more). Most involved groups of reporters and staffers demanding the firing or reprimand of colleagues who’d made politically “problematic” editorial or social media decisions.

The New York Times, the Intercept, Vox, the Philadelphia Inquirier, Variety, and others saw challenges to management.»

Excerto de The American Press Is Destroying Itself - leitura integral recomendada.

Ser de esquerda é... (1)

... exigir uma relação vitalícia com o patrão e querer uma relação precária com a namorada.

23/06/2020

Activismo jornalístico

Depois do patriotismo bacoco, o saloísmo transforma-se em pânico

Este post é uma continuação de O saloísmo é a etapa superior do patriotismo bacoco.

S. Ex.ª o presidente dos beijinhos, acompanhado por Altas Figuras do Regime compostas por S. Ex.ª o presidente da AR, o Sr. primeiro-ministro, vários ministros e seus ajudantes e ainda o presidente da câmara de Lisboa, todos fazendo companhia ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol, S. Exª., dizia eu, anunciou com orgulho patriótico que a UEFA, na falta de outros candidatos a albergar uma nova Bergamo, tinha aceite a oferta portuguesa para realizar em Lisboa a fase final da Taça, admitindo a possibilidade de os jogos terem assistência (S. Ex.ª omitiu esta parte).

Assustados com as primeiras reacções críticas à autorização de um evento com presença de alguns milhares ou dezenas de milhar, no caso de os jogos terem assistência, e tardiamente receosos de um provável surto, algumas das excelências começaram, como é seu hábito, a fugir com as nádegas à seringa. O presidente dos beijinhos, primeiro, e o chefe do governo, de seguida, ameaçaram os sujeitos passivos com medidas «mais duras» e até um novo «quadro punitivo» para as «festas ilegais», festas incomparáveis com o pandemónio que as finais da UEFA podem desencadear (veja-se a final da taça de Itália a semana passada).

O que esperáveis destas elites merdosas que nos governam? Elites merdosas, convém recordar, que os portugueses do Portugal dos Pequeninos veneram como demonstram as sondagens que dão 80,5% e 84,6% dos sujeitos passivos a avaliarem positivamente o presidente dos beijinhos e o chefe do governo.

22/06/2020

CASE STUDY: Trumpologia (66) - A esquerdalhada ainda vai sentir a sua falta (actualizado)


Com as últimas sondagens a darem uma vantagem de 13 pontos percentuais a Joe Biden, multiplicam-se os sinais de que diminuem as chances de Donald Trump vencer as próximas eleições contra um dos candidatos democratas mais fracos e incaracterísticos das últimas décadas. É preciso recuar até às eleições de 1988 ou 1984 com Michael Dukakis e Walter Mondale, respectivamente, para encontrar candidatos comparáveis.


Os índices da aprovação também mostram que os adeptos incondicionais não aumentam e os opositores incondicionais não diminuem, to say the least. O último comício em Tulsa no sábado foi fiasco e a reduzida assistência deixou Trump furioso com... os seus assessores.

Por outro lado, as deserções continuam - George Bush e Mit Romney declararam formalmente que não votarão em Trump (*) - e a mais recente de John Bolton fez-se com grande estardalhaço com a publicação de um livro, que Trump tentou por todos os meios impedir sem sucesso, em que revela factos como: o pedido de ajuda à China para ganhar a reeleição; encorajamento de Xi Jinping para construir campos de reeducação para os Uigures; oferta de favores pessoais a vários ditadores e, à maneira de Xi Jinping, a vontade de ter um terceiro mandato (a Constituição fixa um máximo de dois). O livro refere igualmente alguns exemplos da ignorância terminal de Trump, como o desconhecimento de que o Reino Unido é uma potência nuclear e pensar que a Finlândia fazia parte da Rússia. Fica-se também a saber o que o secretário de Estado Mike Pompeo descreve Trump como «full of shit».

É claro que é sempre possível aos devotos refugiarem-se nas teorias da conspiração e admitirem que o livro foi encomendado pelos democratas. No caso do antigo NSA é um pouco mais difícil, porque Bolton, ao contrário de Trump que foi democrata até 1987 e entre 2001 e 2009, tem um passado político bem estabelecido de direita como conservador "americanista" (nas suas próprias palavras), "unilaterista" e isolacionista.

Sobretudo para a direita conservadora, o insucesso de Trump deveria ser um alívio porque a criatura, com o seu comportamento errático e os seus sérios distúrbios de personalidade, desacredita até as ideias de jeito que possa ter tido e dá à esquerdalhada o pretexto para meter no mesmo saco gente e políticas sérias.

(*) Rectificação:
Não é verdade que George Bush e Mit Romney tenham declarado formalmente que não votarão em Trump. Citando a Fox News (que suporta Trump): «Former President George W. Bush and Sen. Mitt Romney, R-Utah, are reportedly not expected to support the reelection of President Trump -- two high profile GOP figures who are believed to be avoiding backing the Republican president in November». Se as hipóteses de Trump continuarem a diminuir, muitos outros dignitários republicanos que não se lhe opõem receando perder votos desertarão do seu campo.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (38) - Em tempo de vírus (XV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito

Para o Dr. Centeno chegar ao Banco de Portugal de onde saiu há 5 anos, será nomeado pelo governo de que fez parte até há dias, por proposta do seu secretário de Estado que agora o substituiu. Quando tomar posse como governador será fiscalizado por um conselho de auditoria por ele nomeado, sem esquecer que terá em cima da mesa os casos do Banif e do Novo Banco em que se enfiou até ao pescoço como ministro das Finanças.

Por tudo isso, no final será o governador mais conforme com as práticas socialistas de governação, talvez até mais do que o Dr. Constâncio, o que não é dizer pouco.

Um Centeno para o BdP por troca com um 1.º de Maio e uma festa do Avante

Se uma parte da oposição se opõe a nomeação do Dr. Centeno, os parceiros da geringonça não têm atitudes tão radicais. Os berloquistas exercitam a sua falta de espinha dizendo são contra a nomeação sem um período de carência, mas não neste caso. Já o camarada Jerónimo de Sousa garante que não vê incompatibilidade e deve estar a ser sincero porque no estado soviético, que ele muito, admira não existia tal coisa.

Temos estes princípios. Se não gostarem temos outros

Vem a propósito da nomeação do Dr. Centeno recordar que o Dr. Costa na oposição defendia um BdP «acima da conflitualidade política» e sem «governamentalização». E, se falamos de princípios, recordemos que o Dr. Costa, que agora quer impedir o parlamento de alterar o orçamento rectificativo, é o mesmo Dr. Costa que não via nenhum problema em alterar os orçamentos rectificativos do governo PSD-CDS.

Ah, falta dizer que o rigor orçamental, que era muito importante na oposição e que levou o PS em 2015 a votar a favor das alterações à Lei de Enquadramento Orçamental, deixou de ser importante e a sua entrada em vigor foi adiada sucessivamente para 2019, para 2021 e agora novamente para 2023 já pelo Dr. Leão.

21/06/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (26) - Morre-se muito mais "com" do que "por" Covid

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e vem apresentar mais dados sobre a letalidade dos grupos de risco e sobre o risco dos grandes eventos.


Como se pode ver no gráfico anterior, também em Inglaterra a esmagadora maioria das mortes com Covid são de pessoas com outras doenças. O gráfico seguinte evidencia claramente a idade como factor de risco. Ambos os gráficos confirmam os dados já citados nesta série sobre Itália e outros países.

Fonte
Um outro estudo (Estimating the overdispersion in COVID-19 transmission using outbreak sizes outside China) conclui que a maioria das pessoas infectadas não contribuem para a propagação da epidemia e, para reduzir a transmissão do vírus, o esforço de contenção deve dirigir para evitar grandes eventos que sendo raros têm um «efeito desproporcional» na propagação do vírus. É por isso que a manif do 1.º de Maio, os espectáculos no Campo Pequeno do humorista do regime, as finais da Taça UEFA, a festa do Avante e a Web Summit são um perfeito disparate.

DIÁRIO DE BORDO: A Rússia é desde há muito um país com um passado imprevisível

A propósito deste artigo de José Milhazes que comenta mais reescrita da história da Segunda Guerra Mundial por Vladimir Putin, o novo Czar de Todas as Rússias, lembrei-me da velha piada do título deste post.

20/06/2020

Um dia como os outros na vida do estado sucial (43) - "25 operacionais apoiados por sete viaturas"

«No local, desde as 12h, esteve a Polícia Judiciária a investigar as circunstâncias da morte, juntamente com 25 operacionais apoiados por sete viaturas. A praia encontra-se, até agora, interdita a banhistas para que as investigações possam prosseguir. Está, ainda, montado um perímetro de segurança no local onde o corpo do ator foi encontrado.» (fonte)

Sabeis porque é reservado, como dizem os médicos, o meu prognóstico sobre o futuro do Estado Sucial do Dr. Costa, e com as devidas diferenças que não são muitas, do Dr. Rio, do Dr. Chicão, e até do Dr. Ventura?

Por duas razões, a saber: (1) por «25 operacionais apoiados por sete viaturas» andarem a investigar o que provocou a morte a uma criatura encontrada afogada na praia do Abano em Cascais, e talvez ainda andem, depois da pausa para almoçar; (2) porque uma dúzia de jornais publicaram a notícia por aquelas ou por palavras parecidas sem que nenhuma das almas jornalistas se questionasse para que seriam os «25 operacionais apoiados por sete viaturas».

Dúvida: terá S. Exª, o presidente dos beijinhos, estado presente em representação do Estado Sucial?

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O socialismo do Dr. Costa acaba quando acabar o dinheiro da UE

Anuncia o Jornal de Negócios, com grande alegria, que «o consumo per capita e o PIB per capita de Portugal aumentaram em 2019 para máximos de 2010, indicando que o bem-estar económico das famílias portuguesas voltou a aproximar-se da média da União Europeia

Antes de embandeirar em arco, falta lembrar que se no consumo com 86% da média da UE o Portugal dos Pequeninos é o campeão dos pobres sobreviventes do socialismo soviético, em matéria de produção, medida pelo PIB per capita em PPS, tinha no mesmo ano 79% da média europeia e em matéria de produtividade do trabalho por hora trabalhada em 2018 (último ano disponível) não passava de 74,9% da média, tendo descido de 78,3% em 2015, antes da chegada do Dr. Costa.

Falta lembrar que é perfeitamente possível aumentar o consumo individual, apesar da produção e da produtividades baixarem cada vez mais. Como? perguntareis, distraidamente. Simplesmente criando dívida pública e privada ao exterior, o que temos vindo a fazer com afinco. Enfim, pelo menos enquanto houver credores disponíveis.

Ora, como se sabe, o socialismo acaba quando termina o dinheiro dos outros. E o dinheiro dos credores termina quando eles desconfiam que não vamos pagar, como já aconteceu no passado. Por isso, é tão importante para o socialismo lusitano a chamada mutualização da dívida, que é como quem diz o socialismo lusitano pede dinheiro e o capitalismo da UE garante que paga a conta.

Há apenas um pequeno obstáculo no horizonte que é a «queda monumental» (o melhor prognóstico involuntário do presidente dos beijinhos). Queda sem para-quedas e com uma mochila às costas de uma dívida pública de uns 250 mil milhões e um endividamento total da economia que no fim da festa poderá atingir uns 800 mil milhões (está em 725 mil milhões). Nessa altura, com o teatro a arder, nada valerão os truques de prestidigitação do Dr. Costa e dos seus partenaires.

19/06/2020

ACREDITE SE QUISER: Estrondosa vitória do Dr. Costa na Taça Ibérica do Planeamento Socialista

Recordam-se do Dr. Costa ter nomeado em segredo em Abril como paraministro / conselheiro especial o Dr. Costa Silva? Recordam-se que esta luminária «em dois dias tinha o essencial do plano pronto», do plano de reconstrução da economia destruída pela troika composta pelo Dr. Costa, S. Ex.ª o PR e a pandemia? Caso não se recordam podem recordar aqui.

Partilhando dos mesmos ideais socialistas de substituir, com os resultados conhecidos, os agentes económicos e o mercado pelos planos pluriquinquenais do Estado Sucial, Pedro Sánchez, o Dr. Costa dos espanhóis, «convocou mais de uma centena de especialistas, entre economistas, cientistas e sociólogos» que andam há mais de um mês a preparar um plano para 30 anos.

Grande coisa! O Dr. Costa Silva, no fim de semana do 25 de Abril fez o mesmo para 10 anos!

  • Performance espanhola: cada ano de plano exigiu 100 participantes/dia 
  • Performance portuguesa: cada ano de plano exigiu apenas 0,2 participantes/dia
Em conclusão, uma estrondosa vitória do Dr. Costa na Taça Ibérica do Planeamento Socialista.

As brigadas do politicamente correcto não entendem que «o estado default de qualquer animal é o da heterossexualidade»

«Sim, leu bem. Saudades dos maricas, de bichas, de abafa-palhinhas, de paneleiros, de fufas, veados, sapatonas… Eram pessoas boas, das que não andavam aí a impor normas, só a defenderem a liberdade individual de os deixarem em paz sem julgamentos colectivos. Eram pessoas com dúvidas, com angústias sobre se o seu estilo de vida notoriamente fora da norma podia ser compatível com o culto religioso e com uma salutar convivência com a família. Eram defensores acérrimos da liberdade individual e do extraordinário direito a não ser julgado por ninguém na sua vida pessoal.

Agora só temos LGBT(x)s chatos, puritanos, massacradores da realidade. Os velhos não andavam aí a “desafiar normas”: entendiam perfeitamente que o estado default de qualquer animal é o da heterossexualidade, pelo que compreendiam serem eles os fora da moda social, os marginais. Aceitavam a marginalidade, não impunham ficções sobre a normalidade.»

Tenho saudades dos maricas, no Blasfémias

18/06/2020

O saloísmo é a etapa superior do patriotismo bacoco

«Num momento em que todos os países disputam o regresso ao turismo internacional, a retoma das suas economias e o afirmarem a sua marca nacional no mundo, ser a marca Portugal, aquela que vence e que se vai afirmar, nesse mês crucial de agosto, durante mais de oito dias, não tem preço, é irrepetível, é uma vez na vida.» 
Disse S. Ex.ª, o presidente dos beijinhos, numa cerimónia com as "forças vivas da Nação", como diziam as luminárias situacionistas do salazarismo, congratulando-se pelo facto de nenhum outro país querer correr os riscos de albergar uma nova Bergamo.

Também como uma luminária situacionista, mostrando uma grande conformidade com o Alto Interesse da Nação segundo o novo Almirante Tomás, a directora-geral da Saúde enfiou a carapuça de directora-geral do Turismo e declarou
«Quanto maior for o número de visitantes para o nosso país melhor, desde que obviamente cumpram as regras previamente estabelecidas entre todos os intervenientes,»

O Czar Putin e a sua câmara de desinfecção, um exemplo a seguir


Nem o Czar Nicolau II, nem mesmo Iosef Vissarionovich Djugashvilio, Koba para os amigos, se lembraram de montar uma câmara de desinfecção à entrada do Palácio de Inverno ou da sua datcha, por causa do tifo ou da peste bubónica, pela qual faria passar a sua corte ou os membros do Politburo, respectivamente. O amigo Donald Trump ainda vai a tempo de montar uma à entrada da Casa Branca e outra do Mar-a-Lago, em vez de usar a máscara.

17/06/2020

Outra Proposta Modesta Para Evitar que os Activistas Desperdicem Acções e Indignações

Esta é a segunda depois da primeira Proposta Modesta Para Evitar que os Activistas Desperdicem Acções e Indignações.

Recapitulando, em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.

Desde então, inúmeras Propostas foram baptizadas de «Proposta Modesta». Chegou a vez do (Im)pertinências apresentar mais uma Proposta Modesta Para Evitar que os Activistas Desperdicem Acções e Indignações neste Portugal dos Pequeninos a que Falta Dimensão e aos Habitantes Pachorra.

Como vimos, para aplicar a Proposta Modesta é indispensável separar os Activistas em diferentes classes de Acções, propor-lhes de seguida um Propósito e oferecer-lhes uma Viagem para destinos onde as suas indignações encontrem chão para dar frutos. No post anterior propus propósitos a várias classes, tais como:
  • Activistas Feministas - Níger, Somália ou Mali, ou qualquer outro país onde as mulheres possam ser sujeitas a mutilação genital
  • Etc.
Inspirado neste artigo, onde se descreve mais um episódio de decapitação de pessoas pelos radicais islâmicos em Moçambique, acrescento à lista os áctivistas anti-qualquer coisa a quem proponho que lhes seja oferecida uma Viagem a Cabo Delgado, Moçambique.

O Ronaldo das Finanças sentiu o chamamento da missão patriótica

O Banco de Portugal (BdP) actualmente é uma espécie de agência suburbana do Banco Central Europeu (BCE) a quem compete a supervisão das "entidades significativas" da banca portuguesa: BPI. BCP, CGD e Novo Banco. Ao BdP compete a supervisão das entidades insignificativas, das quais as únicas que valem mais de 0,..% são as Caixas Agrícolas e o Banco Montepio. Ao BCE compete igualmente a política monetária. O que resta ao BdP, além da supervisão das miudezas? Expurgando a conversa fiada da missão do BdP e aparte o papel de sucursal do BCE, resta o gabinete de estudos (GE), as estatísticas financeiras e pouco mais.

Recorde-se que, por coincidência, o Dr. Centeno concorreu para director do GE, não foi nomeado e, diz-se, por isso se voluntarizou para coordenar o grupo de trabalho, uma rampa de lançamento para o governo, que produziu o relatório «Uma década para Portugal» (comentado nesta série de posts) do qual saiu um plano para 10 anos que se perdeu pelo caminho e foi substituído por um outro preparado em dois dias pelo Dr. Silva Costa, o novo guru do Dr. Costa,

Vejamos as funções e os salários anuais base de alguns governadores de bancos centrais ou equivalente:
  • Governador do Bank of England (Banco central britânico) que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão do sistema bancário de uma das grandes potências financeiras do planeta: £495.000 ou 553 mil euros;
  • Presidente do BCE que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão dos maiores bancos do sistema bancário da Zona Euro: 396.900 euros;
  • Presidente da Fed (Reserva Federal Americana) que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão do sistema bancário da maior potência financeira do planeta: USD 203.500 ou 181 mil euros;
  • Governador do BdP que tem a seu cargo a supervisão das miudezas de um dos sistemas bancários mais pequenos da Euro Zona e pouco mais: cerca de 278 mil euros (com base no salário do actual governador 16.926,82 euros mensais) ou quase mais 100 mil euros do que o presidente da Fed.
Percebeis agora como o chamamento é tão irresistivelmente forte que mesmo se o Dr. Centeno tivesse tapado os ouvidos com cera, como os marinheiros de Ulisses para não escutarem as Sereias, não deixaria de o ouvir?

16/06/2020

"A história repete-se sempre, pelo menos duas vezes"

«Em 2011, Rui Tavares abandonou a delegação do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, acusando Francisco Louçã de promover uma “caça ao independente” e de ser incapaz de lidar com opiniões contrárias.» (fonte)

«O eurodeputado Francisco Guerreiro, eleito pelo PAN, anunciou, esta terça-feira, que sai do partido por "divergências políticas" com a direção.» (fonte)

«Para André Silva, o eurodeputado iniciou um “caminho de individualização do mandato” e que foram “várias as tentativas de diálogo” ao longo deste ano de mandato.» (fonte)

Hegel disse «a história repete-se sempre, pelo menos duas vezes». Marx acrescentou «a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa». Como em quase tudo o resto, também aqui Marx estava errado - a farsa pode ser logo à primeira.

Considerando o salário mensal bruto de um eurodeputado (8.932,86 euros), a que acrescem ajudas de custo, e as oportunidades de o gastar num ambiente burocrato-cosmopolita em constante transumância de Bruxelas para Estrasburgo, também podemos ver a coisa pelo lado espiritual (Mateus 26:41):
«Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.»

Pro memoria (403) - Um ditador clarividente

«O que realmente interessa ao seu presidente [Nixon] é o que acontecerá na Espanha depois da minha morte? [...] Sente-se, vou contar-lhe. Eu criei certas instituições, ninguém acha que elas vão funcionar. Estão enganados. O príncipe será rei, porque não há alternativa. A Espanha irá pelo caminho que vocês, os ingleses e os franceses desejam: democracia, pornografia, drogas e o que sei eu. Haverá grandes loucuras, mas nenhuma delas será fatal para a Espanha. [...] 

Porque vou deixar algo que não encontrei quando assumi o governo deste país, quarenta anos atrás. A classe média espanhola. Diga ao seu presidente para confiar no bom senso do povo espanhol, de que não haverá outra guerra civil.»  (ABC)

Conversa em Fevereiro de 1971 entre o general Francisco Franco e o general Vernon Walters relatada por este. Walters tinha sido enviado por Richard Nixon, preocupado com a sucessão de Franco, para colocar o palito no bolo ao velho ditador.

Os espanhóis tiveram mais sorte (ou terão feito por isso?) do que nós portugueses. Tivemos um ditador que, sendo lúcido e patriota, usava polainas e pensou poder parar a roda da História e congelar no tempo um país rural e beato. Ademais, no lugar de um Adolfo Suárez, sucedeu-lhe um Marcelo Caetano, pusilânime e timorato.

15/06/2020

Bons exemplos (134) - Devolvendo o dinheiro dos contribuintes

Ikea is in talks over returning money to all nine countries that gave the world’s largest furniture retailer government support through furlough schemes as it has suffered less than expected from the Covid-19 crisis.

Depois da revista Spectator é mais um exemplo (raro) de empresas que pretendem depender dos clientes e não dos contribuintes.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (37) - Em tempo de vírus (XIV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Saída de Centeno, um bom ministro das Finanças no género mau

Sim, é verdade. O Dr. Centeno foi melhor do que os outros ministros socialistas das Finanças de que me lembro.

Imaginemos, porém, que o Dr. Centeno quando chegou ao ministério das Finanças resolvia esconder-se dentro do armário e deixar um sósia no seu lugar e o sósia, por ignorância, não faria nada e manteria tudo como fora deixado pela sua antecessora. No final de quatro anos, o crescimento da economia devido aos exportadores e aos turistas e a redução dos juros devida ao outro Mário que estava em Frankfurt permitiriam ao sósia atingir um défice de 2,9% cumprindo as regras de Maastricht sem nada fazer. O verdadeiro Mário satisfez a freguesia eleitoral do seu partido (35 horas, reposição de direitos, carreiras, etc.), aumentou os impostos indirectos e desbastou o investimento público para conseguiu um superavit infinitesimal. É esta a sua obra. So much ado for so little.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito

Agora que, segundo a lenda, mais falta faria ao país a caminho da quarta bancarrota da 3.ª República, o Dr. Centeno está agora a caminho do Banco de Portugal por proposta de um ministro que foi seu secretário de Estado no governo que o vai nomear e do qual ele foi ministro das Finanças e da Presidência. Só falta nomear um primo para seu assessor.

O “dois por um” virou “um por dois por mais”

Desde que a troika aterrou na Portela para consertar as finanças deixadas pelo Eng. Sócrates na sua fuga para Paris, foi imposta a regra de substituir a saída dois utentes da vaca marsupial pública por um, regra que o governo do Dr. Costa diz agora ir abandonar para substituir pela regra "um por um". É mais um passe de ilusionismo. O Dr. Costa desde que habita em S. Bento substituiu a regra "dois por um" pela regra um por vários, visto que desde que por lá anda aumentou o número de utentes de 659,1 para 727,8 até 2018 e em 2019 aumentou mais 15,3 para 698,5 mil, ou seja quase 40 mil no total. É em vão que se procurará a menor referência a esta prestidigitação por parte de imprensa amiga.

Um ministro na sombra não é a mesma coisa de um ministro-sombra

Por falar em imprensa amiga do governo (de qualquer governo, mas o Dr. Costa atinge a excelência), um dos seus papéis é projectar luz sobre os ministros na sombra que, diferentemente do sistema britânico, não são membros da oposição a treinarem para serem ministros da pasta de que são ministro-sombra. Os ministros na sombra do Dr. Costa são ministros a que ninguém presta atenção, seja pela sua pasta pertencer ao mundo da realidade alternativa, seja por o ministro em causa ser uma nulidade, seja por acumulação. O periódico preferido para projectar luz sobre os ministros na sombra é (adivinharam) o Expresso. A projecção mais recente é dedicada ao ministro de Mar cujo nome é ??? (aceitam-se palpites na caixa de comentários, sem batota!), a pretexto de ir «mergulhar nas pradarias marinhas do Sado». A projecção anterior foi dedicada ao ministro da Coesão Territorial cujo nome é ??? (aceitam-se palpites na caixa de comentários, sem batota!) que anunciou que vai «financiar a 100%» centenas de projectos municipais.

14/06/2020

Ponto de situação dos temas fracturantes

Uma espécie de continuação de «A evaporação de temas fracturantes, uma consequência inesperada da pandemia» (1), (2) e (3).

Porque no jornalismo de causas o jornalismo é facultativo e as causas são obrigatórias, alguns dos temas pré-pandemia mantêm-se e outros novos estão na fase de enchimento, como:
  • Áctivismo (*) contra as estátuas (e a bófia, mas não no Portugal dos Pequeninos onde os áctivistas são cagarolas), a pretexto da luta anti-racista e anti-colonialista
  • Regionalização, um nome para designar a criação de lugares para apparatchiks socialistas e seus serventuários berloquistas e comunistas 
Temas em fase de evaporação:
  • Pandemia em geral
  • Hidroxicloroquina
  • Ameaça fascista do Chega, momentaneamente evaporada pela luta anti-racista e anti-colonialista
  • A recandidatura de S. Exª., agora já oficializado como candidato do Dr. Costa 
Temas que continuam sob qualquer pretexto:
  • Trump, pode ser a pandemia ou o racismo ou outro desatino qualquer
  • Bolsonaro e a pandemia que apagaram os incêndios na Amazónia   
Continuam evaporados dos mídia;
  • A luta contra a violência de "género"
  • O fim dos plásticos, esse material maligno que está a matar o planeta (afinal a "guerra" contra a pandemia não pode prescindir deles)
  • Maus tratos a animais, nomeadamente a utilização de animais em testes (afinal precisamos de testar neles a vacina contra o Covid-19)
  • Os temas relacionados com a invasão turística, tais como:
A "gentrificação" de Lisboa, causada pelos estrangeiros que compram casas nas zonas históricas
A descaracterização do nosso querido património pelo turismo de massas
A poluição de Lisboa pelo navios de cruzeiro que trazem o turismo de massas
A falta de habitação "digna" pela invasão do alojamento local.
Personalidades que continuam evaporadas:
  • A Dr.ª Isabel dos Santos
  • O Dr. Pedro Nuno Santos, brevemente reactivado com a substituição dos banqueiros, a quem fazia tremer as perninhas, pelos accionistas da TAP
  • A menina Greta
  • A Dr.ª Joacine e o seu assessor de saias
  • O Dr. Mamadou Ba e a sua justa luta contra a bófia, agora na retaguarda da luta anti-racista e anti-colonialista
(*) Áctivismo: o activismo que consiste em agitação febril e eventualmente violenta justificada por uma causa fracturante.
Causa fracturante: não é uma causa, é uma consequência da esquizofrenia-paranóide de que sofrem os áctivistas, caracterizada por menos sinapses e menos ramificações de neurónios nos seus cérebros.

Os subsídios dos governos podem colocar em risco o mercado único (afinal a realização mais importante da UE)

A economia também é conhecida como a dismal science, a ciência sombria. Sombria sem dúvida, ciência pode duvidar-se. Para quem pense que estes temas são para uns tristes economistas, pense duas vezes. Não há liberdade sem prosperidade, não há prosperidade sem mercados, não há mercados sem liberdade e, em consequência, não há liberdade sem mercados.

«Um ou dos mil milhões aqui, um grande cheque do governo ali: o dinheiro distribuído pelos governos europeus para apoiar as empresas está a aumentar. Cerca de 2 mil milhões de euros foram destinados a manter as empresas em actividade. Os primeiros beneficiários incluíram padarias, livrarias e afins. Agora é a vez das grandes empresas. Nesta semana, a França anunciou um pacote de € 8 mil milhões para apoiar os seus construtores, incluindo um grande empréstimo para a Renault. A Lufthansa está a negociar um resgate de € 9 mil milhões da Alemanha, o que pode envolver  uma participação de 20% do Estado. Agora, as torneiras que estão abertas, são esperados mais resgates de blue-chips.

Em tempos normais, esses auxílios estatais são praticamente proibidos pela União Europeia para garantir condições equitativas para as empresas em toda a União. A ideia é garantir que as empresas prosperem pelos seus méritos, não por favores do governo. A restrição de auxílios estatais frustra os políticos de uma persuasão dirigista - há muitos - mas é vital para poupar aos contribuintes, consumidores e concorrentes o fardo de um mercado manipulado.

As regras foram discretamente descartadas enquanto a Europa enfrenta a Covid-19. Dar aos governos uma suspensão temporária era inevitável, enquanto os investidores nacionais lutavam para evitar a depressão. Mas também traz perigos a longo prazo. Mesmo antes da crise, a França e a Alemanha criticaram as decisões europeias que, segundo eles, impediam a criação de campeões nacionais capazes de competir com os rivais da China e da América. Agora eles podem aproveitar o momento para tentar comprometer permanentemente as regras da concorrência.

Não é difícil ver os danos que o dinheiro público do Estado poderá causar. A Alemanha representa um quarto do PIB do bloco, mas quase metade de seus auxílios estatais, porque suas finanças públicas prósperas permitem a generosidade. Pior sorte têm as empresa em Espanha ou Itália, onde orçamentos mais apertados significam subsídios menores. Os políticos costumam favorecer companhias de bandeiras, em vez de companhias aéreas de baixo custo, digamos. E as ajudas invariavelmente vêm com condições nacionalistas. A Renault e outros construtores franceses prometem manter a produção e a investigação em França. Depois do Estado se tornar accionista ou credor, os patrões sabem que as perspectivas de sua empresa dependem em parte de agradarem aos seus senhores políticos.

Como garantir que o mal necessário dos resgates não prejudique o mercado único? Devem ser aceites apenas quando todas as outras opções estiverem esgotadas. Nos Estados Unidos, até mesmo os navios de cruzeiro - um modelo de negócios em crise, se é que houve algum - emitiram obrigações e encontraram novos accionistas. A Europa possui mercados de capitais menos profundos, mas muitos investidores têm dinheiro para gastar.

Os riscos de regras de jogo desiguais diminuirão se o dinheiro do resgate for distribuído uniformemente pela UE. Em 27 de Maio, a Comissão Europeia apresentou um plano de 750 mil milhões de euros para oferecer subsídios e empréstimos de países ricos a países mais pobres. Embora exista muita discussão a ser feita, esta proposta segue na direcção certa.

Mais importante, todos os resgates precisam ser cuidadosamente escrutinados. Isso significa garantir que as empresas não usem dinheiro público para absorver perdas ou financiar planos de expansão quando a economia retomar. Os governos podem ter que participar em empresas para proteger os interesses financeiros dos contribuintes, mas deve haver uma aplicação rigorosa de regras que incentivem as empresas a reembolsar empréstimos e recomprar rapidamente as participações do governo, proibindo-as de pagar dividendos e bónus. Os resgates estão a ter lugar em todo o mundo, mas na Europa são especialmente perigosos, porque podem minar a integração económica e incentivar o inesgotável apetite dos políticos por se intrometer na indústria. Criar um mercado gigante, aberto e competitivo tem sido uma das grandes conquistas da Europa. Na pressa de ajudar os negócios, não deve ser comprometido.»

Government handouts threaten Europe’s single market

13/06/2020

DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia

Mais importante do que saber a que se opõe um político ou um partido é saber o que propõe esse politico ou esse partido.

Ou, dito de outra forma, o inimigo do meu inimigo não é necessariamente meu amigo.

O que serão "Salários Mínimos justos"?

«A Comissão Europeia lançou esta quarta-feira a segunda fase da consulta às organizações sindicais e patronais europeias sobre as condições que permitam fixar “salários mínimos justos”.»


Repare-se que alguns dos países com nível salarial mais elevado, como Áustria, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Islândia, Noruega e Suiça, não dispõem de um salário mínimo nacional e imagine-se que se entendia que um salário mínimo justo "europeu" teria um valor já não igual aos 1.700 euros do Luxemburgo mas aos mais modestos 1.130 euros da Espanha. O que aconteceria a 90% das empresas portuguesas se tivessem de pagar um salário mínimo de 1.130 euros?

Nesta altura ocorre-me uma estória com mais de 45 anos que contei no post Contra as inevitabilidades marchar, marchar cuja leitura me dispensará de mais considerações.

12/06/2020

Reescrever a história passada para escrever a história futura

O vandalismo sobre a estátua do Padre António Vieira a pretexto de ser um símbolo do colonialismo está a despertar indignação de gente instruída pelo facto de ser um homem de letras piedoso, defensor dos índios e porventura menos colonialista do que qualquer outro súbdito de Suas Majestades Filipe II, Filipe III, João IV, Afonso VI ou Pedro II que reinaram durante a longa vida da criatura.

É indignação mal gasta. Nenhum dos burgessos semi-analfabetos que arremeteram contra a estátua teria seguramente a menor das ideias de quem seria o alvo dos seus ódios açulados por activistas com um ou dois neurónios. Provavelmente teriam-no feito com outra qualquer estátua à mão de semear.

É claro que, por trás dos burgessos há activistas e por trás destes haverá catequistas possuídos pela obsessão omnipresente nas meninges de todo o radical que se vê como revolucionário de reescrever a história. Obsessão que George O., que conhecia de ginjeira essa gente, traduziu pela vontade de controlar o passado, para controlar o futuro.

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (25) - Miscelânea

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e trata de vários temas.

O primeiro desses temas é a publicação quase inédita de opiniões técnicas desalinhadas no que respeita à pandemia depois de quatro meses da narrativa oficial dominante praticamente em exclusivo. Refiro-me ao texto «Perguntas frequentes sobre a Covid-19 e respostas que promovem o bom-senso» de André Dias (de quem já aqui publiquei o vídeo com a sua entrevista à Qi News) e de Gabriel Branco. É um texto de leitura muito recomendável que apresenta conclusões confirmando em termos gerais o que temos vindo a defender nesta série de posts.

O segundo tema vem na sequência dos posts que publicámos evidenciando haver muitos infectados que não foram testados [(1)(2) e (3)] e, em consequência, as taxas de letalidade serem muito inferiores às oficiais. O caso é tanto mais notável quanto diz respeito à comuna italiana de Bergamo, foco da mais devastadora infecção em Itália e provavelmente em todo o mundo. De cerca de 10 mil residentes escolhidos aleatoriamente, testados de 23 de Abril até 3 de Junho, 57% tinham anticorpos comprovando que foram infectados (Reuters). Podemos assim estimar que 68 mil dos 120 mil habitantes da comuna foram infectados, ou seja 5 vezes mais do que os 13.600 casos identificados.

O terceiro tema são os danos colaterais que resultam da concentração em exclusivo dos recursos dos sistemas de saúde no tratamento da pandemia em consequência da paranóia dos governos e do público alimentada pelos mídia, tema já tratado no post Porque aumentou a taxa geral de mortalidade? O serviço público de saúde britânico estimou que o número de pessoas nas listas de espera duplicará para 10 milhões até ao fim do ano com as consequências previsíveis sobre a mortalidade.

Spectator

O quarto tema é o impacto discriminatório do fecho das escolas, uma medida grandemente inútil para combater a pandemia. Como o diagrama referente às escolas secundárias do Reino Unido mostra com clareza, os alunos mais pobres nas escolas públicas tem menos acesso aos métodos mais interactivos e mais eficazes do que os alunos mais ricos nas mesmas escolas. E esses alunos mais pobres têm ainda muito menos acesso do que os alunos das escolas privadas geralmente provenientes de famílias das classes médias altas.

11/06/2020

As democracias liberais (ou o que resta delas) são os grandes inimigos do Novo Império do Meio e da cleptocracia do Novo Czar

É um segredo de Polichinelo: o agitprop dos comunistas soviéticos reciclado pela autocracia de Xi Jinping e pela cleptocracia de Vladimir Putin e potenciado pelas redes sociais está a ser usado para promover os respectivos regimes e para minar por dentro as democracias liberais usando a liberdade que é simultaneamente a sua maior fragilidade e a sua maior força.

As coisas já são tão óbvias que até mesmo a Comissão Europeia, um órgão mais ou menos inócuo, a navegar habitualmente na ambiguidade política, veio denunciar pela boca da vice-presidente Vera Jourová a Rússia que tem «a desinformação incluída na doutrina militar» e a China que «é pela primeira vez assinalada e (...) se existem provas, não nos devemos comedir de o apontar».

Talvez esta denúncia só tenha sido possível porque Vera Jourová é uma checa que tinha quatro anos quando os tanques soviéticos invadiram em 1968 a Checoslováquia pondo fim à Primavera de Praga.

O activismo anti-racista ou a regresso da barbárie

Alguns exemplos dos múltiplos vandalismos nos últimos dias pelas brigadas nazi-fascistas a pretexto da morte de George Floyd:
Os mais repulsivos vandalismos são os das estátuas de Churchill,  precisamente no aniversário do Dia D, e os de Gandhi, um pacifista. Sem os milhões que combateram e derrotaram os exércitos nazi-fascistas, com um destaque especialíssimo para Winston Churchill, os energúmenos que vandalizaram as estátuas poderiam estar agora ao serviço das Juventudes Hitlerianas.

Em face disto, a retirada pela HBO do seu catálogo do filme "E tudo o vento levou", um clássico de Victor Fleming e George Cukor que proporcionou o primeiro Oscar de actriz secundária à negra Hattie McDaniel, é apenas um exemplo da cobardia de sucumbir aos ditames do politicamente correcto, também designado por marxismo cultural - nazismo cultural seria mais apropriado.

10/06/2020

CASE STUDY: «A única função das previsões económicas é tornar respeitável a astrologia» - A economia portuguesa pós-pandémica (4)

Depois do primeiro, do segundo e do terceiro posts, aqui vem o quarto com o ponto de situação das previsões por ordem cronológica.


Há várias razões para as previsões falharem e elas geralmente falham, principalmente quando seria mais importante que não falhassem. Além das dificuldades técnicas, no caso das previsões feitas por instâncias políticas há uma razão adicional para as previsões falharem. Influenciando elas próprias as expectativas, os animal spirits de que falava Keynes, as previsões condicionam as intenções dos agentes económicos e, portanto, da evolução da economia a curto prazo. Sabendo disso, os governos tratam geralmente as previsões como um instrumento da política económica, tendendo a fazer previsões "optimistas" e esperando que se realizem. É claro que as previsões são um mero elemento de propaganda nos regimes autocráticos e até nalguns casos também nos regimes democráticos como durante os governos de José Sócrates.

Manifestações de paranóia/esquizofrenia (33) - O português corrente vertido em politicamente correctês

Outras manifestações de paranóia/esquizofrenia

Depois de ler estes desabafos da criadora do Harry Potter, fiquei curioso de saber se o nosso web bot de AI com machine learning baseada numa Neural Network com acesso a servidores de Big Data estaria capacitado para traduzir para a newspeak PC e escrevi o parágrafo seguinte com que alimentei o bot:
Adélia é uma jovem mulher negra, obesa e não muito bonita. Gostaria de ser mãe mas, receosa de ficar grávida de um homem e insegura sobre a sua preferência sexual, optou por contratar uma barriga de aluguer. Infelizmente a barriga de aluguer resolveu abortar, pouco depois do seu pai, um pobre vigarista que vivia na rua, ter decidido antecipar a sua morte optando pela eutanásia.
Poucos segundos depois o bot apresentou o seguinte resultado:
Adélia é uma jovem pessoa que menstrua afro-europeia com sobredesempenho metabólico e visualmente desfavorecida. Gostaria de ter um filho mas, receosa de ser uma pessoa grávida de um parceiro e numa fase de procura da sua identidade de género, optou por encontrar outra pessoa que menstrua para a gestão de substituição. Infelizmente a mãe de substituição resolveu fazer uma interrupção voluntária de gravidez, pouco depois do seu pai, uma pessoa sem abrigo eticamente desorientada e economicamente marginalizada, ter optado pela morte assistida.

09/06/2020

Our country is also strange, but we don't have MPs who say so

«I think we’re a strange country in which we turn a blind eye to mass demonstrations all over in every city, we campaign for pubs and cafes to open and yet we say to open schools before September is too risky.»

Robert Halfon, British Conservative MP in a political debate on BBC

O óbvio ululante acerca da bazuca de Frau Ursula


«Bem sei que, dos biliões de euros já anunciados, nos disseram que cerca de 500 mil milhões serão distribuídos a fundo perdido. Em vez de um empréstimo, uma dádiva. Mas, caramba, até o mais cândido dos ingénuos perceberá que alguém terá de financiar essa dádiva. A Comissão Europeia é financiada pelos Estados europeus e, portanto, seremos nós todos a pagar essa dádiva que vamos receber. Seja na forma de maiores contribuições dos países, seja na de mais impostos ou até de um imposto europeu. Portanto, olhar para os 15 mil milhões que dizem que Portugal vai receber a fundo perdido como uma prenda sem sabermos como vai ser paga é de uma inocência enternecedora.

As dificuldades económicas que enfrentamos devem-se à redução brutal da atividade económica causada pela covid. Um choque destes é, simultaneamente, causado pela procura (consome-se e investe-se menos) e pela oferta (vários sectores económicos foram encerrados e o desemprego aumentou). Um trabalho recente de Pedro Brinca, João Duarte e Miguel Faria-e-Castro, publicado como documento de trabalho na Federal Reserve Bank of St. Louis, estima que pelo menos dois terços da redução da atividade económica se devem à contração da oferta e no máximo um terço advém da procura. Quer isso dizer que, possivelmente, as típicas políticas económicas keynesianas de estímulo da procura apenas poderão ajudar a resolver uma fração do problema.

Grande parte do problema exigirá mais trabalho - e não é de todo claro que apoios dos governos ajudem em vez de atrapalhar. Sabemos o que são estes programas de recuperação económica apoiados com subsídios. Teremos uma camada de burocracia europeia a definir quais são os sectores económicos de futuro. Aqueles que são merecedores de subsídios e quais os condenados. Apostar-se-á na inovação, na 5ª revolução industrial, no ambiente, nas cidades inteligentes, etc. Depois teremos uma camada de burocracia nacional a implementar estes grandes desígnios e a definir quais os adequados para Portugal. Depois teremos as empresas do regime a organizarem-se e a fazer lobbying para abocanharem a parte de leão dos subsídios. Tudo isto financiado com impostos ou com dívida que pagaremos.»

Excerto de "Abrir buracos para tapar buracos", Luís Aguiar-Conraria no Expresso

"Óbvio" Que salta à vista. = CLARO, EVIDENTE, MANIFESTO, PATENTE, VISÍVEL
"Ululante" [Brasil, Informal]  Que se manifesta claramente. = EVIDENTE, GRITANTE, ÓBVIO
"Panzerschreck" ("terror dos blindados"), nome popular do Raketenpanzerbüchse, uma espécie de bazuca inventada pelos alemães na 2.ª GM 

O título deste post é o mesmo que Nelson Rodrigues, um jornalista e escritor brasileiro fora da caixa, usou numa colectânea de crónicas publicadas em vários jornais nos finais dos anos sessenta. Estou a usá-lo não porque as crónicas de NR tenham alguma relação com o artigo citado, mas porque, ao arrepio do habitual estilo por vezes hifenado de LA-C, este artigo foca com muita clareza as questões essenciais da bazuca de Frau Ursula, as quais deveriam ser do domínio do óbvio ululante. Bazuca que está a ser usada nas sessões de ilusionismo do Dr. Costa, muito aplaudidas pela corte de jornalistas e comentadores, como mais um coelho tirado da sua vasta cartola.

Por mais um passe de mágica social-costista a regra do "dois por um" foi transformada em "um por dois ou mais"

Fontes: PORDATA e DGAEP
«O Governo pôs fim à regra da contratação de um novo funcionário da Função Pública apenas com a saída de dois. O Programa de Estabilização Económica e Social (PEES) prevê a contratação de “um por um”, ou seja, por cada funcionário que saía, pode contratar um.»

É uma completa mentira. Passemos em revista o que se passou com os efectivos da função pública.

O governo de Passos Coelhos reduziu 68,7 mil funcionários públicos de 727,8 para 659,1 mil. O governo do Dr. Costa aumentou de 659,1 para 727,8 até 2018 e em 2019 aumentou mais 15,3 para 698,5 mil.

Em conclusão: desde que o Dr. Costa tomou conta da sua freguesia eleitoral, em quatro anos esta aumentou 39,4 mil e, portanto, a regra que adoptou não foi "dois por um" foi "um por dois ou mais". Foi mais um passe de mágica para permitir acomodar parte da redução de 40 para 35 horas «sem impacto orçamental», como garantiu o Dr. Centeno e S. Exª. o PR assinou por baixo.

Escrevi acomodar parte da redução de 40 para 35 horas porque para compensar a redução do número de horas, sem aumento de produtividade, seriam necessários mais 82 mil funcionários (12,5%). Como o aumento foi menos de metade, o resto da compensação foi a degradação dos serviços públicos. Ainda assim, houve um impacto orçamental nas despesas com pessoal que aumentaram 2,5 mil milhões (12,3%) em 4 anos o que só foi possível com aumento brutal dos impostos de 12,1 mil milhões. Foi esta a obra da dupla Costa-Centeno.

Que dizer? Se Eça ainda por cá andasse poria outra vez na boca do Conde de Abranhos:
«Este governo não há de cair - porque não é um edifício. Tem de sair com benzina - porque é uma nódoa!»

08/06/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (36) - Em tempo de vírus (XIII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Para um primeiro-ministro normal ter um paraministro seria paranormal

«Não é admissível que uma pessoa seja ministro para todos os efeitos menos para o estatuto constringente da função ministerial. É um escândalo aceitar, e escrever-se olimpicamente, que Fulano é o n.º ministro.».

Quem disse isso? António Costa, há 9 anos no Quadratura do Círculo, um programa em que se promoveu pela mão do comentador do regime Pacheco Pereira. E disse-o a respeito de António Borges, um consultor a quem Passos Coelho nunca encomendou fazer um plano em dois dias para os próximos dez anos nem negociar com ministros e a quem nunca foram ouvidas palavras como «nós, pura e simplesmente, decidimos não investir mais em Portugal, não vale a pena» ditas por António Costa e Silva há dois anos.

Aparte a duplicidade de critérios, que faz parte da natureza dos Drs. Costa e Costa e Silva, imaginar que uma luminária rabisca um documento em dois dias e o milagre da recuperação económica acontece, faria do Dr. Costa um vidente pela segunda vez em cinco anos. A primeira vez foi quando encarregou o Dr. Centeno na companhia de uma dúzia de luminárias de produzir umas dúzias de páginas de um plano para dez anos a que chamaram Uma Década para Portugal (que autopsiámos no Impertinências em sete posts) de que ninguém, incluindo ele próprio, se lembra hoje. É claro que o Dr. Costa é tudo menos um pateta que acredite nestas coisas e, por isso, temos de concluir que é mais uma manifestação do seu conhecido talento para o ilusionismo.

A solução dos socialistas para as falhas do socialismo é mais socialismo e mais Estado Sucial

Não sei se o Dr. Costa e Silva é filiado no PS. Se não for, deveriam oferecer-lhe o cartão logo após a sua declaração de fé no Estado português como salvador da economia, que sem ele «entra em estado de coma». É muita ousadia sua atribuir tais propriedades a um Estado que com o PS no governo deixou por três vezes a economia nos cuidados intensivos enquanto era intervencionado pelo FMI e pela troika.

A regionalização como desígnio do Dr. Costa

Se podemos considerar o semanário de reverência cada vez o jornal oficial onde o governo anuncia na primeira página as suas próximas grandes medidas, então o Expresso de sábado passado com o seu título «Costa acelera regionalização» diz-nos que, depois de ter cultivado a sua freguesia eleitoral de funcionários públicos durante cinco anos (agora isentados do lay-off), o Dr. Costa pretende agora premiar uns milhares de apparatchiks que se acotovelam no aparelho socialista. Para um Portugal dos Pequeninos com uma população que se fosse uma cidade com o Dr. Costa como presidente da câmara seria apenas a 14.ª cidade do mundo, inventar uma nova camada de burocratas a pretexto da criação de governos regionais só pode ter esse propósito.

Todos são iguais perante a lei, mas há uns mais iguais do que outros

Entre os menos iguais encontramos os foliões dos Santos Populares, os participantes no 10 de Junho e a populaça em geral. Entre o grupo selecto dos mais iguais podemos encontrar o Dr. Ferro Rodrigues e os seus convidados, os comunistas da CGTP que fizeram comícios na Alameda, os comunistas do PCP que fazem comícios no parque Eduardo VII e festas no Seixal, e o comediante do regime Bruno Nogueira que realizou dois espectáculos no Campo Pequeno com a presença do Dr. Costa e de S. Ex.ª.