Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

16/06/2020

Pro memoria (403) - Um ditador clarividente

«O que realmente interessa ao seu presidente [Nixon] é o que acontecerá na Espanha depois da minha morte? [...] Sente-se, vou contar-lhe. Eu criei certas instituições, ninguém acha que elas vão funcionar. Estão enganados. O príncipe será rei, porque não há alternativa. A Espanha irá pelo caminho que vocês, os ingleses e os franceses desejam: democracia, pornografia, drogas e o que sei eu. Haverá grandes loucuras, mas nenhuma delas será fatal para a Espanha. [...] 

Porque vou deixar algo que não encontrei quando assumi o governo deste país, quarenta anos atrás. A classe média espanhola. Diga ao seu presidente para confiar no bom senso do povo espanhol, de que não haverá outra guerra civil.»  (ABC)

Conversa em Fevereiro de 1971 entre o general Francisco Franco e o general Vernon Walters relatada por este. Walters tinha sido enviado por Richard Nixon, preocupado com a sucessão de Franco, para colocar o palito no bolo ao velho ditador.

Os espanhóis tiveram mais sorte (ou terão feito por isso?) do que nós portugueses. Tivemos um ditador que, sendo lúcido e patriota, usava polainas e pensou poder parar a roda da História e congelar no tempo um país rural e beato. Ademais, no lugar de um Adolfo Suárez, sucedeu-lhe um Marcelo Caetano, pusilânime e timorato.

1 comentário:

Unknown disse...

Ditadores diferentes, claro - mas "faunas" também diferentes, claríssimo...