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11/12/2019

SERVIÇO PÚBLICO: "O falhanço do sistema constitucional americano não é um falhanço do sistema constitucional americano, é um falhanço das “sociedades humanas”

«Mesmo que acontecimentos e possíveis revelações posteriores levem os republicanos do Senado a votar para condenar Trump, o mero facto de que as provas já conhecidas não terem sido suficientes para que não restasse qualquer dúvida de que o condenariam, mostra que a república americana ainda “depende do acidente e da força”.

Se o resultado de um processo de “impeachment” e o seu julgamento no Senado depende não dos factos, mas da disponibilidade dos membros de um partido para serem cúmplices dos crimes que esses factos revelam, absolvendo o presidente que os ordenou e cometeu, isso significa que “o bom governo” está permanentemente refém das circunstâncias do dia (“o acidente”) e do peso eleitoral (“a força”) dos que estão no poder, em vez de repousar na “reflexão e escolha”.

Os leitores mais imbuídos de um espírito antiamericano talvez se tenham entusiasmado ao ler as linhas anteriores. Não deviam. Porque o falhanço do sistema constitucional americano não é um falhanço do sistema constitucional americano, é um falhanço das “sociedades humanas”, da natureza humana, e os países que (ainda) não sofreram o destino que os EUA estão a sofrer apenas tiveram mais sorte com os tais “acidentes” e equilíbrio de “força” a que foram sujeitos, e não arranjos constitucionais melhores.

E, diga-se de passagem, Portugal não tem razões para se incluir nesse lote de sortudos. Afinal foi aqui que alguém como José Sócrates foi protegido por todos ou quase todos, da maioria socialista ao sistema judicial, quando já era mais do que evidente o carácter corrupto da sua acção em casos como o da “licenciatura”, do bloqueio da CGD à OPA da Sonae à PT, ou da tentativa de tomada de controlo da TVI

Excerto de Acidente e força, Bruno Alves no Jornal Económico

Felizmente que ainda existem comentadores com erudição, clarividência e independência. Infelizmente são poucos e, receio, não são muitos os que os lêem e apreciam.

3 comentários:

Afonso de Portugal disse...

«o mero facto de que as provas já conhecidas não terem sido suficientes para que não restasse qualquer dúvida de que o condenariam»

Mas quais provas?! Desde quando é que o diz-que-disse e o diz-que-fez constituem provas do que quer que seja?! O autor desse artigo, que o Impertinente tanto elogia, chega ao ridículo de citar um tuíte! Um tuíte!!!

Além de que a "erudição", a "clarividência" e sobretudo a "independência" desse Bruno Alves ficam patentes no parágrafo logo a seguir:

«No entanto, é improvável que os republicanos no Senado votem pela sua condenação e remoção, com medo de uma base partidária cega pela propaganda da Fox News e por uma adoração cultista do presidente.»

"Cega pela propaganda da Fox News"?! Quanta "independência", caro Impertinente! Quanta "seriedade"!... Porque a propaganda da CNN, da MSNBC, da ABC e de todas as outras estações de televisão -cujos "jornalistas" chegaram ao ridículo de afirmar que as provas da interferência da Rússia na eleição de 2016 eram claríssimas- não influencia nem cega ninguém! Enfim...

Unknown disse...

Um auto-de-fé iniciado na manhã seguinte à vitória eleitoral.
Siga o espectáculo - o Império do Meio agradece , confirmado no papel histórico de primeira potência ( salvo nos 150 anos, plus chose, moins chose, do Império Britânico ).

Doublet disse...

Perfeito, Afonso de Portugal. O autor do artigo é daqueles que sofrem de Trump Derangement Syndrome e deseja o impeachment desde o dia 20/1/2017. Ao menos como peca cómica é um excelente artigo. É surpresa o impertinente gostar de um artigo do nível Daniel Oliveira de baboseiras. Por mim não há urracas, chateaubriands e bourbons suficientes para premiar o seu autor.