«Quando olhamos para os seus dois anos como primeiro-ministro, aquilo que vemos é uma gestão política confinada ao eixo Terreiro do Paço-São Bento, com incursões pontuais a Bruxelas. O governo leva muito mais tempo a reunir com o Bloco e com o PCP do que a pensar no futuro de Portugal, até porque as grandes reformas estão bloqueadas à esquerda. A chamada “geringonça” é uma máquina carente de assistência técnica permanente, pelo que não é de espantar que quando o país real telefona para São Bento a linha esteja ocupada. Não são só os bombeiros e a GNR que não conseguem contactar a Protecção Civil – o Portugal profundo também não consegue falar com o primeiro-ministro.
António, rapaz de Lisboa, começou na política aos 14 anos, aos 22 já estava na Assembleia Municipal, e excepto o curto ano em que foi deputado europeu sempre viveu e trabalhou nos meios políticos da capital. A falta de empatia de António Costa após a dupla tragédia deste Verão pode ter a ver com isto: o primeiro-ministro sempre olhou para o país a partir do Terreiro do Paço. Foi tanta a frieza com que reagiu ao apocalipse do fim-de-semana que é como se o Portugal profundo fosse para ele uma entidade abstracta, tão distante como as colónias para Salazar. Costa vive e respira dentro de uma bolha política, que ele domina como ninguém. Quando as arestas da realidade mais bruta explodem essa bolha, o que sobra do primeiro-ministro? Ainda é cedo para uma avaliação final, mas até agora sobrou muito pouco.»
Excerto de «António Costa, primeiro-ministro de Lisboa», João Miguel Tavares no Público
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
19/10/2017
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Costa enfiado na Lisbolha
Etiquetas:
é muito para um homem só,
eu diria mesmo mais,
trilema de Žižek
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Já viram um peixe morrer, asfixiado, dentro de uma bolha de ar?
É, sempre, indigno,
É, agora, legítimo.
Enviar um comentário