A pretexto das entrevistas do Expresso a Gentil Martins, um médico notável, e do Jornal i a André Ventura, o candidato PSD/CDS à câmara de Loures, o universo mediático foi atravessado por ondas de indignação provenientes dos círculos do politicamente correcto e de outras correntes esquerdistas fazendo o papel dos novos polícias do pensamento único. A que pretexto? Porque o primeiro classificou a homossexualidade como «anomalia» (bem-vindo ao clube) e o segundo porque se referiu indirectamente e no contexto do concelho de Loures à «etnia cigana» como sendo um dos grupos que «vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado (e) acharem que estão acima das regras do Estado de direito».
Os polícias do pensamento reagiram prontamente exigindo procedimentos disciplinares e queixas-crime contra as duas criaturas tresmalhadas do pensamento único. Não vou efabular sobre a «ciência» da homossexualidade ou as demonstrações factuais de que os ciganos de Loures são «quase exclusivamente» como os caracteriza André Ventura, embora considere que uma e outra opiniões mereceriam uma análise e discussão sérias. Também não vou discutir a forma como essas opiniões foram expressas que é obviamente discutível.
Tão pouco vou apontar, outra vez, o dedo aos polícias do pensamento único todos eles grandes defensores em abstracto da liberdade de expressão e em concreto da liberdade de expressão das ideias conformes à sua vulgata. Vou apenas salientar um argumento sofista, particularmente repugnante, tratando-se de gente ilustrada.
O argumento consiste na tentativa de reverter a acusação que lhes é feita de polícias do pensamento único vitimizando-se por serem criticados, de onde, segundo a sua lógica, isso significaria que os «homofóbicos» e os «racistas» são intolerantes e não suportam as críticas. Ora acontece, que se saiba, nenhum «homofóbico» ou «racista» apresentou ou ameaçou apresentar, queixa-crime ou exigiu procedimento disciplinar contra um qualquer polícia do pensamento único. Há também nesta matéria uma divisão profunda entre os que combatem o que entendem ser ideias erradas com argumentos melhores ou piores e os polícias do pensamento único que pretendem calar os que eles rotulam de «homofóbicos» e de «racistas».
Como escrevi há dias, uma coisa é contraditar os desatinos, outra é tentar calar os desatinados. É esta a grande diferença entre quem defende a liberdade e quem a usa para calar a desconformidade. E, a propósito, recomendo vivamente a leitura de «A ditadura da ideologia de género» de Bernardo Sacadura no Observador.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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23/07/2017
DIÁRIO DE BORDO: Não há pachorra para a brigada do pensamento único
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1 comentário:
PETIÇÃO DIRIGIDA AO BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS DE PORTUGAL A FAVOR DO DR. GENTIL MARTINS:
http://citizengo.org/pt-pt/pr/72437-somostodosgentilmartins
Quantas pessoas morreram na tragédia de Pedrogão Grande?
http://portadaloja.blogspot.pt/2017/07/pedrogao-e-se-afinal-houver-mais-mortos.html
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