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19/04/2011

A alucinação terminal de um pastorinho da economia dos amanhãs que já não cantam

Por certo com um tremor emocionado na pena, Nicolau Santos escreveu no caderno de Economia do Expresso a bela peça ardentemente patriótica a seguir transcrita, onde aparentemente pretende saldar a dívida em boa parte contraída para construir casinhas (daí que os gajos do FMI saibam perfeitamente que não vivemos em cavernas, antes pelo contrário) com Pritzker e, de caminho, aproveita para redimir com Outstanding Structure as trafulhices nas contas.

NÃO UM MAS DOIS PRITZKER

Os senhores que aterraram esta semana na Portela e estão a vasculhar as nossas contas públicas saberão o que é um Pritzker? Pois digam-lhes que é o Prémio Nobel da Arquitetura. E que nós temos não um mas dois arquitetos que já o ganharam, Siza Vieira e Souto Moura. E expliquem-lhes que a arquitetura portuguesa é hoje objeto de atenção e estudo por parte dos seus pares em todo o mundo. E que há muito poucos países que tenham mais Pritzker que nós - e nenhum em que os dois sejam da mesma cidade.

Depois perguntem-lhes se sabem o que é o Prémio Outstanding Structure. Expliquem-lhes que é o Prémio Nobel para a engenharia na área das estruturas. Depois digam-lhes outra vez que temos dois. Um por causa da Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, da responsabilidade de José Mota Freitas; outro pela estrutura do Aeroporto do Funchal, um projeto da de António Segadães Tavares. Revelem-lhes ainda que só há dois países no mundo que receberam mais vezes este prémio que Portugal: Estados Unidos e Alemanha.

Finalmente, mostrem-lhes que a exportação portuguesa de serviços de engenharia e arquitetura passou de €283 milhões em 2006 para 595 milhões em 2010. Talvez assim percebam que não somos uns selvagens que ainda vivem em cavernas
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