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15/07/2022

Sem a malária a Europa latina seria talvez a Europa cartaginesa

Anopheles, o fazedor de história
«A malária também moldou outros continentes. Já foi comum na Europa. Uma das razões por que Roma antiga era tão difícil de conquistar era por estar protegida pelos pântanos Pontine. Os romanos pensavam que as febres que as pessoas apanhavam lá eram causadas por gases nocivos. Daí o nome mal'aria, “ar ruim”.

Em 218 AC. Hannibal atravessou os Alpes e derrotou os romanos em Trébia, Trasimene e Canas, mas não conseguiu a conquista por causa da malária, que custou ao general cartaginese o olho direito, a sua esposa, o seu filho e grande parte de seu exército. Diversas invasões posteriores de bárbaros enfrentaram o mesmo obstáculo. "O mundo ainda vive entre as sombras assombradas por mosquitos do Império Romano", observa Winegard  (Timothy Winegard, “The Mosquito”) -  muitos países falam uma língua baseada em latim, enquanto vários sistemas políticos adoptaram a lei romana. De facto, "o Império Romano primeiro martirizou e depois facilitou a passagem do cristianismo pela Europa". (...)

É interessante especular como seria o mundo se a malária nunca tivesse existido. Se Hannibal tivesse conquistado Roma, os europeus hoje falariam línguas derivadas do púnico em vez do latim? Se o comércio transatlântico de escravos não tivesse sido tão lucrativo, teria a América evitado a guerra civil e a segregação? Se o exército japonês fortalecido por quinino não tivesse vencido os nacionalistas chineses, os comunistas de Mao Tsé-Tung teriam sido capazes de tomar o poder?»

(How malaria has shaped humanity)

1 comentário:

Anónimo disse...

E se não tivesse havido o Dr Francisco Cambournac: Erradicou a malária em Portugal e era considerado o maior sábio acerca da matéria. Teve a direcção, na OMS, da área da malária em África.
Um génio trabalhador.
Abraço