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02/12/2017

DIÁRIO DE BORDO: Exercício de geometria política não-euclidiana

A primeira manifestação de megalomania foi do porta-voz João Almeida. Fascinado com os menos de 7% dos votos que o seu partido teve nas eleições autárquicas (estimativa do Pertinente), achou que isso bastaria para o CDS se assumir como alternativa ao governo socialista.

A segunda foi da própria líder que em entrevista ao Observador garantiu: «estou preparada, hei de preparar-me para dizer aos portugueses que sou capaz de ser primeira-ministra». À primeira vez estranha-se, à segunda vez começa a entranhar-se.

Ora não estão em causa os méritos inegáveis de inteligência e liderança de Assunção Cristas, tais que, na minha humilde e distante opinião, a qualificariam melhor para liderar o PSD do que qualquer dos candidatos que disputam o lugar, saídos de uma ruga do contínuo espaço-tempo, como aqui no (Im)pertinências costumamos ironizar.

Está em causa o CDS como alfobre de luminárias que na terceira idade fazem o coming out socialista. Os exemplos clássicos são o professor Adriano Moreira, o professor Freitas do Amaral e os drs. Basílio Horta e Bagão Félix. E está em causa a própria Assunção Cristas e os seus tiques socialistas que não se sabe serem autênticos ou apenas uma tentativa potencialmente bem sucedida para subir no ranking aos olhos de eleitores amantes do Estado Sucial.

Em todo o caso, se admitirmos que, como parece, esses amantes do Estado Sucial representam uma parte significativa do eleitorado do PSD, Assunção Cristas seria uma potencial líder jovem, carismática e moderna para o PSD, em alternativa ao velho contabilista Rui Rio e ao playboy reformado Santana Lopes.

E o que fazer com esses dois? Rui Rio, que sabe fazer contas e não mente muito, daria um bom líder socialista, no lugar de um Costa sofrendo de inumeracia crónica, atropelado pelas trapalhadas e mentirolas e com os elásticos à beira de se romperem. Santana Lopes poderia voltar para a Santa Casa e a movida alfacinha. Ficaria vago o lugar de líder do CDS, mas Portas estará sempre disponível.

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