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06/12/2017

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LXV)

Outros purgatórios a caminho dos infernos.

Alguém se lembra da excitação pueril do BE nos idos de 2015 quando o Syriza foi o partido mais votado e formou governo coligado com o Anel (um partido que não fora a coligação com o Syriza seria classificado pela esquerdalhada como neonazi) e das peregrinações que se seguiram de luminárias berloquistas a Atenas?

Em menos de 3 anos o Tsipras, o Syriza e o governo grego fizeram o percurso clássico dos doentes terminais nas suas 5 fases: negação, revolta, negociação, depressão e, finalmente, aceitação. Politicamente evoluíram do esquerdismo infantil para a social-democracia colorida e, para responder ao estado comatoso em que os socialistas do Pasok deixaram a Grécia, aplicaram a mesma receita que o governo PSD-CDS teve de aplicar para responder ao estado comatoso em que os socialistas do PS deixaram Portugal.

Compreensivelmente, desde finais de 2015, a Grécia, o Syriza e Tsipras desapareceram do radar do berloquismo. Afinal eles estavam a aceitar e pôr em prática a mesma receita de "austeridade" que as luminárias do BE vilipendiavam em Portugal.

Há poucos dias, Tsipras esteve em Portugal e foi recebido por Costa que acabaria por ter parcialmente razão quando disse em Janeiro de 2015 "Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha" e um ano depois negou tudo aquilo que tinha defendido até então e começou a aplicar uma receita seguindo, se não a mesma, uma linha semelhante, não à do Syriza de 2015, mas à do Syriza de 2016 e 2017.

Quem ainda finge seguir a mesma linha do Syriza de 2015 é o Bloco de Esquerda e, por isso, ignorou quase completamente o Tsipras de 2017 que nos visitou e é em vão que se procurará uma referência, por mínima que seja, à visita de Tsipras no esquerda.net. A única referência a um encontro de Tsipras com as luminárias do BE é na entrevista ao DN onde o jornalista escreve que Tsipras «esteve à conversa com Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, e Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda» - olha que dois. Parece um encontro clandestino.

1 comentário:

Anónimo disse...

... «o percurso clássico dos doentes terminais nas suas 5 fases: negação, revolta, negociação, depressão e, finalmente, aceitação.»...

Uma notável analogia!

Abraço