Se fosse necessário dar exemplos da repressão, bastaria falar na TV, nos seus apenas 3 ou 4 canais eróticos, da quase ausência de programas de sexo nos canais generalistas, para além do de Herman Sic, e de alguns, infelizmente poucos, reality shows, sem esquecer claro o programa do professor Marcelo, ao qual, uma vez mais, falta o sexo ao vivo.
Se isso não fosse suficiente, poderia lembrar a quase inexistência nas bancas de jornais de revista sobre o sexo.
Se esses exemplos não chegam, acrescente-se o alarido que homofóbicos e reaças fizeram à volta dumas inocentes «linhas orientadoras da Educação Sexual em Meio Escolar».
Não admira, pois, que os nossos jovens vivam sufocados pela ignorância e esmagados pela censura moralista das mentes esclerosadas de pais e professores. Tementes de fruírem os seus corpinhos, esmagados pelo remorso duma simples pívia depois da ginástica ou dum inocente e apressado fellatio entre duas aulas.
Remorso porque, dizem-lhes, essas práticas não ajudam à reprodução. Muitos deles, aliás, nem sequer ainda sabem que há sexo para além da reprodução, como diria o doutor Sampaio (não o doutor Jorge, mas o irmão dele).
É neste contexto opressivo que as palavras corajosas da escritora Inês Pedrosa na sua «Crónica Feminina» na Única do Expresso ganham sentido:
«É importante que se ensine nas aulas de Biologia como funciona o aparelho reprodutor do homem e da mulher, explicando outra evidência científica, que é a de que o sexo e o prazer não se esgotam na reprodução.»
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