O que terá levado o engenheiro Sócrates a anunciar, no estádio dos lampiões, que «os funcionários públicos e os titulares dos cargos políticos vão deixar de poder acumular vencimentos e pensões de reforma na íntegra»? (Público)
Só agora, três meses depois? Não cheira um bocado a cedência à gritaria nos média (e na Bloguilha)? Não faz lembrar o consolado do engenheiro Guterres?
A acumulação é ilegal? Não parece. É eticamente reprovável? Depende dos pontos de vista, mas porque precisou o primeiro-ministro de 3 meses para concluir isso?
Na minha modesta opinião, o que está em causa não é essencialmente uma questão ética, mas uma questão política. O governo, ou uma qualquer luminária assessora, tinha obrigação de saber que tomou posse no país mais colectivista e num dos países mais femininos da Europa. Um país onde a pertença a um grupo (família, classe social, partido, clube) é mais importante do que o indivíduo, e um país onde o ciúme, a inveja, o gosto pelo desgraçadinho, o ódio ao bem sucedido, são os paradigmas nacionais.
É por isso que, não em nome duma discutível ética, mas em nome do mais elementar pragmatismo e eficácia políticas, os ministros em causa deviam ter deixado cair as «pensões» ou os vencimentos de ministro. Não o fizeram na altura própria e isso forneceu o combustível para a fornalha onde os lóbis os tentam torrar, apesar modéstia das medidas de contenção da dieta da vaca marsupial pública.
Tenho dúvidas que consigam recuperar das dentadas cruzadas dos lóbis e da esquerdalhada?
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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