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24/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: eles não estão a gozar connosco

Por cá o doutor Constâncio, consulta os astros, deita as cartas e revela o défice em 12 compactas páginas, à razão de 0,57% por página.

Em substância, o doutor Constâncio descobriu, após meses de aturados estudos, que as juras de não aumentar os impostos do engenheiro Sócrates não são para levar a sério.

Lá longe, no Japão, o doutor Sampaio soluça tolhido de emoção e balbucia que «o problema do défice é complicado e difícil», mas conclui, confiante e pleno de fervor patriótico, que «os portugueses saberão superar estes momentos difíceis» (DE).

Amanhã o engenheiro Sócrates, munido do rigor centesimal do défice de 6,83% revelado pelo doutor Constâncio, irá anunciar ao país expectante as medidas preparadas pelo governo em dois cansativos serões.

Por muito que nos custe acreditar, nem o doutor Constâncio, nem o governo, desde o engenheiro Sócrates até ao mais ínfimo subsecretário de estado, muito menos o doutor Sampaio, estão a gozar connosco. E é isso que me preocupa.

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