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15/02/2005

CASE STUDY: Os programas não são para se cumprir (5) - a intercedência da irmã Lúcia

Depois disto, daquilo e daqueloutro, e em seguida à Cóltura (com maíscula), é tempo de falar de milagres - dos milagres prometidos pelos dois partidos com aspirações a governar o país. Estes milagres, como todos os milagres, exigirão uma intervenção divina.

PS

  • Milagre - 150.000 novos postos de trabalho em 4 anos
  • Intervenção divina - PIB a crescer anualmente 4% ano nos próximos 4 anos, numa conjuntura europeia de crescimento moderado, com as exportações chinesas aqui tão perto e mil Vales do Ave a fenecerem
  • Milagre - Passar dos CCTUs para os SCUTs
  • Intervenção divina - extrair da caixa das esmolas 5,5 mil milhões até 2015
  • Milagre - Pensões mínimas acima do «limiar da pobreza»
  • Intervenção divina - espremer 1,3 mil milhões por ano da caixa das esmolas

PSD

  • Milagre - Aumento da produtividade de 64% para 75% da média europeia
  • Intervenção divina - PIB a crescer 5% ao ano durante os próximos 10 anos (se a UE crescesse 2% por ano e a produtividade europeia aumentasse 1% por ano), no contexto referido a que se pode acrescentar a redução previsível do fluxo de subsídios comunitários
  • Milagre - Despesa pública reduzida de 48% para 40% do PIB em 4 anos
  • Intervenção divina - congelamento da despesa pública (reduzir a despesa corrente? reduzir o "investimento público"? fazer as duas coisas?) e o PIB a crescer 5% ao ano.

É claro que há sempre imponderáveis e a fé remove montanhas. Quem sabe se a irmã Lúcia, que agora nos deixou vitimada por "falência cardio-circulatória", não nos vai ajudar, uma vez mais. Ela que, com os outros pastorinhos, já nos ajudou a salvar da ameaça comunista, primeiro, e da bancarrota e da anarquia, depois, mandando-nos o Enviado que nos salvou da falência, recuperou as nossas finanças comatosas e tomou conta do país, como um pai extremoso que protege os filhos da sua própria infantil incúria.

E por tudo isto se fica a perceber o alcance das coisas. Que o governo decrete o luto. Que os partidos, unidos pela fé que encendeia as almas e pela esperança que alumia os corações dos militantes, resolvam suspender a campanha uns, acompanhar a suspensão outros, e até alguns decidam ficar sóbrios.

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