«Por volta dos anos 50, as pessoas sonhavam. As pessoas continuam a sonhar, mas, por qualquer razão, ou por muitas razões, os sonhos dos anos 50 passaram de moda. Talvez por causa da Grande Guerra que tinha acabado, ou por causa da Grande Depressão que tinha acabado, e era no tempo em que Guerra e Depressão e Grande se escreviam com letra grande, as pessoa sonhavam em ter vidas melhores e acreditavam nesses sonhos. Os sonhos cresciam por cima da raiz de uma ideia que entretanto se perdeu; ideia da decência. A ideia de que o sucesso se atingia mediante o trabalho, e esforço, o mérito, o sacrifício e a luta contra os demónios próprios. Sabemos o que aconteceu: por volta dos anos 60, a contestação a este sonho começou e a ideia de trabalho e esforço começou a esfumar-se nos eflúvios da marijuana.»Para quem, como a doutora Clara Ferreira Alves, deve ter entrado para a primária no final da década de sessenta, escrever assim sobre essa década e a anterior, como se lá tivesse estado, explica porque é a Pluma Caprichosa uma das poucas páginas que vale a pena ler na sacada de papel que todas as semanas o Expresso nos oferece por 3 euros. Até lhe perdoo aquelas derivas esquerdizantes, que podem muito bem ser apenas eflúvios.
Merece 3 afonsos por um escrito politicamente incorrecto.
Sem comentários:
Enviar um comentário