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07/01/2022

SERVIÇO PÚBLICO: Menos máscaras, menos confinamento e mais ventilação (3)

Continuação de (1) e (2)

Há muitos meses que se conhecem os mecanismos de transmissão da pandemia nomeadamente o papel crítico dos aerossóis e a consequente importância da ventilação, como referi nos posts anteriores. No entanto, raramente se têm retirado consequências em termos das medidas a tomar. Tem por isso uma importância acrescida a carta aberta que um grupo de centenas de especialistas em saúde pública, clínicos e cientistas publicou no passado dia 3 na British Medical Journal da qual cito a seguir as cinco recomendações principais:

«Acolhemos com satisfação a orientação recente da Organização Mundial da Saúde sobre o uso de máscaras na comunidade e na área de saúde, mas acreditamos que mais pode ser feito para suprimir a transmissão sem impactar negativamente a atividade econômica ou social. Consequentemente, apelamos à Organização Mundial da Saúde e aos governos nacionais para:

  1. Declarar inequivocamente o SARS-CoV-2 como um patógeno aerotransportado e enfatizar as implicações para a prevenção da transmissão. Uma mensagem clara da Organização Mundial da Saúde ajudará a remover a confusão que tem sido usada para justificar políticas desatualizadas.
  2. Promover o uso de máscaras faciais de alta qualidade para reuniões internas e outros ambientes de alta transmissão. Os benefícios significativos do mascaramento comunitário agora estão bem estabelecidos. Respiradores (por exemplo, N95, P2 / FFP2 ou KF94) devem ser preferidos em todos os ambientes internos onde as pessoas se misturam e para profissionais de saúde em todos os momentos. 
  3. Aconselhar sobre ventilação e filtração eficazes do ar. É hora de ir além de abrir as janelas e buscar uma mudança de paradigma para garantir que todos os prédios públicos sejam idealmente projetados, construídos, adaptados e utilizados para maximizar o ar limpo para os ocupantes - estratégias que têm demonstrado reduzir a transmissão SARS-CoV-2.
  4. Estabelecer critérios para impor ou relaxar medidas para reduzir a propagação de covid-19 com base nos níveis de transmissão na comunidade. A localização, teste, rastreamento, isolamento e suporte eficazes continuarão a ser essenciais para interceptar a transmissão. Baixas taxas de transmissão dão a todas as medidas disponíveis a melhor chance de serem eficazes, criando um ciclo positivo e auto-reforçador de controle da doença. Apoio financeiro e prático suficiente para o isolamento deve ser implementado em todos os lugares, especialmente em países de baixa e média rendimento e áreas mais pobres de países de alto rendimento.
  5. Apoiar medidas urgentes para alcançar a igualdade global de vacinas, incluindo a partilha de vacinas, suspensão de patentes de vacinas, remoção de barreiras à transferência de tecnologia e estabelecer centros de produção regionais para criar um suprimento local abundante de vacinas de alta qualidade em todos os lugares. O lançamento global da vacina deve incluir esforços coordenados para lidar com a desinformação para garantir que as pessoas tenham acesso a dados precisos e oportunos sobre a eficácia e proteção da vacina.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Ando a falar nisto há praticamente dois anos.
Como nunca esperei que do governo houvesse vontade ou discernimento/conhecimento para abordar o tema, sempre esperei que que um dois artigos publicados na imprensa paroquial despertassem a atenção de uma ou outra instituição não governamental para o assunto. Em vão!
É caso para perguntar se à Ordem dos Médicos nunca preluziu uma ténue intenção de falar disso aos governantes.
É caso para perguntar se à AHRESP nunca preluziu a ideia de perguntar aos Técnicos de Qualidade do Ar Interior como se poderia tornar o interior dos estabelecimentos seus associados mais 'utilizável' em tempo de pandemia.

Creio não exagerar muito se disser que nem ao nível, possível há 100 anos atrás, se chegou na gestão desta pandemia.
100 anos!

João Brandão