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11/01/2022

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (54) - Qual a letalidade do Covid-19? (10) O caso de Portugal 23 meses depois

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Qual a letalidade da Covid-19? (9) O caso de Portugal 18 meses depois

Recordando a distinção entre taxa de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.).

Recordando também algumas das patetices (nalguns casos pura manipulação) que os mídia publicaram no início da pandemia: 
  • 06-03 - «O novo coronavírus é igual à gripe? Não. Mata 26 vezes mais» (Sábado)
  • 19-03 - «Organização Mundial de Saúde (OMS) avançou na semana passada que a taxa de mortalidade do vírus se encontra nos 3,4%» (Expresso)
  • 29-03 - «a taxa de letalidade subiu para 2% » (SIC Notícias)
  • 12-04 - «Em Portugal, a taxa de mortalidade situa-se agora ligeiramente acima dos 3%» (ionline)
  • 13-04 - «A taxa de mortalidade subiu para 3%, disse a ministra da Saúde» (DN)
  • 13-04 - «OMS diz que o novo coronavírus é dez vezes mais mortal que o vírus da gripe de 2009» (Público)
  • 16-04 - «Portugal tem taxa de letalidade de 3,3%. A média europeia é de 8,6%» (DN)
  • 19-04 - «A taxa de mortalidade belga está perto dos 15%» (Observador)
  • 20-04 - «o que fez baixar ligeiramente a taxa de mortalidade para 3,52%» (Observador)

Como se pode ver no gráfico seguinte, à medida que são feitos cada vez mais testes aumenta o denominador da taxa de letalidade, isto é, o número de novos casos, e o numerador aumenta a um ritmo cada vez menor em resultado de:

  • menor gravidade das novas variantes do SARS-Cov-2
  • parte das pessoas de risco (idade e comorbilidades) já faleceram
  • evolução do conhecimento médico e de novas terapias e 
  • percentagem crescente de vacinados. (*)
Assim, depois de ter atingido um máximo de 4,4% no princípio de Junho do ano passado, a taxa de letalidade foi descendo gradualmente situando-se em 1,2%.
 


O próximo gráfico mostra a mesma evolução por regiões.

Escola Nacional de Saúde Pública

(*) Uma palavra para os efeitos adversos das vacinas que segundo os dados do Infarmed em quase 20 milhões de doses administradas apenas foram registados cerca de 21.500 casos até ao final de 2021. É claro que sempre se podem construir teorias da conspirações mas, nesse caso, compete aos conspiradores o ónus de prova.

Post scriptum: uma outra palavra para o facto de um número não determinado mas provavelmente significativo dos óbitos atribuídos à Covid, são apenas mortes por outras causas de pessoas que estavam infectadas mas em que o SARS-Cov-2 não foi a causa adequada da morte, como se diz no direito - leia-se por exemplo o artigo «Quedas de idosos fazem saltar mortes por covid-19» do PÁGUNA UM.

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