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02/05/2019

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (82) - A confusão entre os interesses do Estado português e os da freguesia de Belém

Outras preces

Alguns presidentes (Sampaio por Cuba) e primeiros-ministros (Sócrates pela Venezuela, a Líbia e a Rússia) portugueses têm manifestado uma atracção pelo totalitarismo, por vezes com o álibi de tentarem extrair uns cobres para o seu regime cronicamente endividado. A dupla Marcelo-Costa converge na China e neste caso já não estamos a falar apenas de totalitarismo, estamos a falar de totalitarismo com ambições hegemónicas globais em claríssimo conflito com o alinhamento histórico de Portugal.

«Uma precipitação. É o mínimo que se poderá dizer sobre a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à China, pelo período de quase uma semana (primeiro, em intervenção no Fórum Faixa e Rota; depois para visita de Estado), tornando esta deslocação uma das mais longas do mandato de Marcelo. Segundo relatos de fontes próximas de Marcelo – devidamente atestados pelas imagens televisivas do Presidente a brincar na Muralha da China, em amena cavaqueira com Augusto Santos Silva –, o Presidente da República mostrou um entusiasmo com a perspetiva de se encontrar novamente com o Presidente Xi como nunca se havia visto relativamente a uma deslocação internacional.  (...)

Marcelo fez coincidir o momento da sua visita de Estado com a realização de uma etapa crucial da ofensiva estratégica chinesa imperialista conhecida como Rota da Seda, que pretende reconstituir as velhas rotas que ligam o este e o oeste na região da Ásia-Pacífico. Coloquemos a questão em termos mais claros e isentos de dúvidas: a Rota da Seda mais não é do que o plano chinês para criar um mundo liderado por si, com posição secundária, subjugada ou isolada dos Estados Unidos da América. O plano há muito que tem vindo a ser executado pelas autoridades chinesas, tendo adquirido uma especial prioridade (e perigosidade) com a ascensão do Presidente Xi Jinping. Efetivamente, o atual secretário-geral do Partido Comunista Chinês e Presidente da República Popular da China (a sempre tão idolatrada pelos comunistas confusão entre partido e Estado) é o mais radical e totalitário dos líderes chineses, porventura, desde Mao Tsé-Tung. O camarada Xi é implacável para com os seus adversários políticos, desconhecendo-se o paradeiro de muitos, entre os quais parceiros comerciais de Portugal; aumentou o número de campos de concentração na China e os consequentes crimes contra os direitos humanos – a China é um Estado policial e verdadeiramente selvagem na relação com o seu povo; o camarada supremo Xi logrou alcançar o que os líderes chineses imediatamente anteriores não conseguiram: tornar-se líder chinês vitalício, consolidando o seu estatuto de déspota do povo comunista com pretensões a imperador do mundo. (...)

Atentemos na dupla hipocrisia de Marcelo Rebelo de Sousa, esse globalista tão preocupado com a democracia e os direitos humanos: o nosso estimado Presidente da República, como é público e notório, rodeou-se de inúmeras cautelas e preocupações mediáticas, aquando da sua visita aos EUA, para se encontrar com o Presidente Donald Trump. Razão: o político obcecado pela popularidade, Rebelo de Sousa, não poderia permitir que passasse para os portugueses a imagem de que sentiu nostalgia com um líder político dito populista. Tudo isto é demais para Marcelo Rebelo de Sousa – donde, o Presidente da República, no rescaldo da sua visita à Casa Branca, limitou-se a meter no Expresso (sempre o mesmo!) que fizera um extraordinário cumprimento de mão, aplicando um golpe que aprendera quando praticava judo. Por muito patética que possa parecer tal afirmação, ela mais não é do que uma “marcelice” típica: pretende transmitir a ideia de que esteve na Casa Branca, não estando. Esteve com o Presidente Trump apenas para o confrontar e mostrar quem tem o cumprimento de mão mais forte… Marcelo temeu, pois, o impacto que a sua visita a Washington poderia ter na sua popularidade junto da esquerda geringonçada. (...)

É um retrato fiel da falência moral das nossas elites: cá no burgo, dão lições de democracia, escrevem tratados de direitos humanos, peroram sobre a tolerância e a limitação do poder político, manifestam-se contra o materialismo; porém, quando cheira ao dinheiro chinês, esquecem tudo e limitam-se a babar-se perante o maravilhoso mundo novo de dinheiro e luxos materiais prometidos pelo camarada Presidente Xi

Excertos de «O erro diplomático de Marcelo e a chinesice em que Portugal se está tornando», João Lemos Esteves no Jornal i

1 comentário:

Ricardo disse...

A universidade por cá nos anos 60 já era(mais ou menos em segredo) neomarxista,daí as ideias da pseudo elite actual(da qual o prof comentador Marcelinho é uma das figuras "maiores")que acreditam que o imperialismo americano é o mau da fita(acima de todos os outros maus) e que o Chinês comunista-socialcapitalista é bom para todos.E os unicórnios são uma maravilha,com ou sem lsd.