Outras botas para descalçar
Numa conjuntura favorável, para a qual nada contribuiu, com a economia a ser puxada pela procura externa (exportações e turismo), o governo de Costa não faz reformas, não reduz a dívida pública e retrocede as poucas reformas do governo PSD-CDS, aumenta a despesa corrente com a redução do horário para 35 horas e o descongelamento dos salários da sua clientela eleitoral e, para não entrar em rota de colisão com Bruxelas, reduz drasticamente o investimento público evitando a derrapagem do défice. As consequências são agora visíveis: administração pública à beira da paralisia, SNS e transportes públicos em rotura e,
last but not least, destapada a caixa de Pandora das exigências da função pública.
Como é habitual nos socialistas, quando a realidade aparece a cobrar os dividendos das suas políticas, a conjuntura a arrefecer e os tractores a perderem gás, evadem-se do país como fizeram Guterres e Sócrates ou da realidade como está Costa a fazer.
E que melhor fuga da realidade do que virar mais uma página, desta vez a página da austeridade socialista que paralisou o Estado? E que melhor forma de virar essa página do que depois da secura do deserto prometer o dilúvio dos investimentos?
E aí está o pomposo Programa Nacional de Investimentos 2030 que termina quando já estará na reforma a maioria da direcção política socialista que andou nos governos de Guterres, Sócrates e Costa e é responsável por alguns dos maiores desastres desde a queda do Estado Novo.
Mais de 20 mil milhões em 65 projectos assim resumidos (ver lista detalhada no final):
- Ferrovia €4.010 milhões
- Rodovia €1.564 milhões
- Rodo-ferroviários €405 milhões
- Mobilidade e transportes públicos €3.390 milhões
- Aeroportos €800 milhões
- Portos €2.596 milhões
- Ciclo urbano da água €1.500 milhões
- Resíduos €350 milhões
- Proteção do litoral €720 milhões
- Passivos ambientais 130 milhões de euros
- Recursos hídricos três projetos - €570 milhões
- Energia €3.650 milhões
- Regadio €750 milhões
E de onde viriam os 20 mil milhões?
- Fundos europeus €6.503 milhões (32%)
- Fundo ambiental €1.800 milhões (9%)
- Orçamento do Estado €3.172 milhões (16%)
- Privados e sector empresarial do Estado €7.375 milhões (36%)
- Poupanças por redução de encargos com as parcerias PPP rodoviárias €1.586 milhões (8%)
Quase 1/3 dos contribuintes europeus, um pouco mais de 1/3 dos privados e o que faltasse desse 1/3 seria o orçamento a injectar nas empresas públicas ou, em resumo, metade ou mais do plano não seria financiado pelo governo. E o que dizer das poupanças nas PPP que o governo ainda não foi capaz de fazer mas conta com elas para financiar 8% do plano?
Tomai nota nas vossas agendas para fazermos o ponto de situação quando Costa sair de S. Bento para Paris, Belém, ONU ou qualquer outro sítio.
Detalhe dos projectos