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15/04/2010

A defesa dos centros de decisão nacional (4) - a procissão começou a sair do adro

[Continuação de (1), (2) e (3)]

Com a habitual duplicidade que a caracteriza, a administração em exercício do Millenium bcp (*) propôs aos accionistas a «desblindagem parcial» dos estatutos permitindo o exercício do direito de voto até uma participação de 20% (era 10%), que segundo a vulgata da governação teria como propósito «dar resposta às melhores práticas de bom governo das sociedades». A excelsa administração não explicou porque só agora, quando o banco precisa desesperadamente de capital e a palhaçada accionista está sem cheta, sentiu o chamamento do bom governo.


Bom governo, uma ova. O que administração fez foi ceder às (razoáveis) exigências da Sonangol para lá enfiar a tão necessária grana no inevitável aumento de capital e na compra de acções aos actuais accionistas para que possam tirar algumas jóias do prego, depois de resultados medíocres, explicados pelo presidente-comissário político como resultantes das operações internacionais. Presidente que aproveitou para salientar que o banco é aquele «cujo valor das acções menos desce em 2010», esquecendo-se de explicar que é difícil descer mais para um banco que desde 2000 caiu de mais de 5 euros por acção para menos de 85 cêntimos.


Em resumo, para além do habitual exercício de retórica corporativa, o resultado mais substancial foi a confirmação de que mais um bastião dos celebrados centros de decisão nacional vai ser alienado, desta vez à nomenclatura angolana.

(*) Por amor à verdade, deve admitir-se que a conversa beata da anterior administração também não inspirava confiança.

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