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24/05/2009

O melhor do comércio externo são as importações

O estudo «Multi-product Firms and Product Turnover in the Developing World: Evidence from India», citado recentemente pela Economist, analisa os efeitos na economia indiana da redução drástica de 2/3 das tarifas alfandegárias imposta à Índia pelo FMI em 1991, como condição para o pacote de assistência financeira.

Contrariamente à vulgata esquerdista, que certamente teria antecipado as maiores catástrofes em matéria de crescimento e desemprego, a economia indiana reagiu excepcionalmente bem. Sendo certo que as importações duplicaram entre 1991 e 1997, a produção industrial aumentou 50% nesse mesmo período, devido essencialmente à disponibilidade de bens de intermédios e de capital mais baratos. Por razões que o estudo explica, a importação desses bens mais do triplicou entre finais dos anos 80 e 2000, enquanto a importação de bens de consumo não chegou a duplicar.

Os efeitos teriam sido naturalmente muito diferentes se, ao contrário do que se passou, o crescimento das importações de bens de consumo tivesse sido significativamente superior ao de bens de intermédios e de capital. O que se teria passado nesse caso seria provavelmente muito semelhante ao que se passou com a economia portuguesa: estagnação e endividamento.

Em conclusão, o melhor do comércio externo são as importações (na condição de se exportar o suficiente para as pagar).

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