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29/09/2022

Mitos (323) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXVIII) - Por agora, só se pode concluir as temperaturas extremas são o resultado mais óbvio das hipotéticas mudanças climáticas

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Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

Nós aqui fazemos o possível para não ficar entalados entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.

O exemplo mais notório e recente de histeria climática foi dado pelo secretário-geral da ONU que disse há duas semanas «I have never seen climate carnage on the scale of the floods here in Pakistan», o que em si mesmo pode ser verdade ou mentira, dependendo do que o Eng. Guterres viu até hoje. 

Henrique Pereira dos Santos denunciou no Corta-fitas a «visão moralista e conspirativa do mundo (e a) pura manipulação» do SG da ONU. Porém, em minha opinião, não o fez da forma mais adequada visto que reproduziu um diagrama do Our World in Data com as mortes causadas por todos os desastres naturais entre 1900 e 1920, incluindo os que não têm relação com as mudanças climáticas, porém numa escala que no que respeita às temperaturas extremas não evidencia a relação com as hipotéticas mudanças climáticas que se têm vindo a verificar nas últimas décadas.  

Quando se analisam separadamente os dados relativos a mortes pelo tipo de desastres naturais com uma possível relação com as mudanças climáticas, como é o caso da seca, das inundações, tempestades e temperaturas extremas, emerge uma outra realidade, como os diagramas seguintes mostram.  

Our World in Data

E a conclusão é que ao contrário dos desastres naturais provenientes de seca, inundações e tempestades em que não parece possível estabelecer uma relação com as mudanças climáticas que, por hipótese, estão a ocorrer mais intensamente nas últimas décadas, no caso das temperaturas extremas, cujo número de mortes tem aumentado exponencialmente, essa relação ressalta muito claramente.

1 comentário:

Anónimo disse...

É nisto que dá a velhice:
Para mim, sempre foram as modas que criaram justos e pecadores.
Abraço