Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

04/09/2022

Vivemos num estado policial? (22) - O drama dos suicídios e a falta de subsídios

Outros casos de polícia.

Um dia destes podia ler-se no Expresso o lamento de um polícia dirigente de um dos 17 (dezassete) sindicatos de polícias (entre os quais um "Vertical", outro "Independente", outro "Autónomo", outro "Livre" e até um dos "Polícias do Porto"), tendo o 16.º 451 associados e 459 dirigentes e delegados e o 17.º sindicato 27 polícias todos dirigentes sindicais. 

Escreveu o Expresso: 

«Segundo um estudo do Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP), 83% dos polícias que se suicidam usam a arma de serviço. “Uma das razões para continuar a haver uma alta taxa de suicídios nas polícias portuguesas — é uma das maiores da Europa — é o facto de os polícias terem acesso à arma de serviço 24 horas por dia e de, só em casos muito excecionais, esta ser retirada”, diz Miguel Rodrigues, autor do estudo, que apresenta uma solução: “O Ministério da Administração Interna (MAI) deveria criar uma bolsa para que quem não tivesse a arma não ficasse sem os suplementos.”

O mesmo estudo do SIAP — cujos resultados são apresentados a 1 de setembro — diz que a taxa de suicídio nas polícias é de 16,3 por cada cem mil habitantes, contra os 9,7 da população em geral. Ou seja, quase o dobro. “Uma das causas é o acesso fácil às armas. Mas principalmente o impacto negativo de uma profissão em que tem de se lidar diariamente com violência. A PSP não dota os profissionais de meios para combater os efeitos negativos dessa exposição”, argumenta Miguel Rodrigues.
»

Repare-se que os polícias suicidam-se mais porque têm acesso à arma de serviço, mas como «quem fica sem a arma deixa de poder fazer patrulhamentos ou gratificados e de receber suplementos que podem chegar aos €300 por mês» o problema do excesso de suicídios resolve-se com uma bolsa.

Excesso de suicídios? O dirigente compara a taxa de suicídios de um grupo profissional com mais de 90% de homens com a população em geral, ora a taxa de suicídios dos homens em 2019 foi 15,2 por 100 mil, quase o quadruplo das mulheres, sem esquecer que é nas idades dos polícias (entre os 25 e os 60 anos) que a taxa de suicídio é mais elevada. Tudo considerado, é até possível que os polícias se suicidem menos do que a população e isto passa ao lado do jornalismo de causas ao serviço da corporação policial.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois, o jornalismo aldraba e manipula. Excepto quando fala do Trump, Bolsonaro, Putin, etc.
Cantam todos a mesma melodia. Estranho, não? Supostamente devia haver diferenças de opinião. Foi por isso que na Abrilada se berrava por pluralismos, tolerâncias, etc. Os mesmos que hoje fazem cercos sanitários em torno de opiniões divergentes.