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17/09/2022

Homens livres nas sociedades livres prezam a liberdade, por isso os inimigos da liberdade odeiam as sociedades livres

«O que distingue as sociedades democráticas das sociedades autoritárias ou totalitárias é (...) o permitirem a denúncia dos casos em que essa base é posta em causa. A vida do dia-a-dia dá-nos inúmeros exemplos das duas coisas. Nos países mais livres, onde, por cultura e tradição, mais se preza a autonomia individual, mais (muito mais) exemplos do que nas democracias onde a liberdade é menor, é claro. Mas, desde que exista alguma liberdade, desde que a nossa capacidade deliberativa, tanto individual como colectiva, esteja estabelecida, tanto a base como a possibilidade de protestar contra a sua violação se encontram asseguradas.

Isto, que vale para o dia-a-dia, vale ainda mais para as situações excepcionais. Porque é que, por exemplo, a invasão da Ucrânia por Putin gerou uma condenação tão unânime por parte dos regimes democráticos – e, inversamente, uma aprovação, tácita ou explícita, pelos regimes autoritários ou totalitários? Porque os primeiros partilham as tais intuições morais justas – e os segundos não. Os primeiros exprimiram sentimentos inequívocos de solidariedade com os ucranianos porque lhes reconheceram o direito à autonomia, individual e colectiva, que para si querem e de que eles próprios têm experiência em grau variável. Os segundos, não possuindo tal experiência nem a desejando, evitaram condenar a invasão, quando não a apoiaram declaradamente. O que se diz dos regimes vale igualmente para os cidadãos produzidos por esses regimes. Alguém que não sabe o que é a liberdade, não a pode desejar – nem para si, nem para os outros.»

Os sentimentos comuns, Paulo Tunha no Observador

2 comentários:

Oscar Maximo disse...

Os ingleses, quando declararam guerra á Alemanha, só não a invadiram porque não podiam. Foram eles que começaram ! Claro que, pelas mesmas razões, podiam ter declarado guerra á URSS, o que prova que isto não é uma questão de regimes assim ou assado.

Anónimo disse...

O sr Tunha usa vários parágrafos para só dizer que ele gosta da ucrânia.

Abraço