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18/04/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (11)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A madraça do PS

Roubo o título muito bem achado a João Miguel Tavares para descrever a situação do ISCTE face ao PS com a reitora Dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues e o vice-reitor Dr. João Leão acabado de nomear, bem como mais sete outros professores com ligações a este ou a outros governos anteriores do PS.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito

Por falar nele, o Dr. João Leão, acabado de sair das Finanças, vai gerir o Centro de Valorização e Transferência de Tecnologias do ISCTE financiado pelo OE em que ele providencialmente participou.

O problema do Estado sucial é a “falta de recursos”

O diagrama seguinte ilustra uma das duas grandes realizações do Dr. Costa (a outra é o crescimento da dívida pública).

+Liberdade

Não há nenhum sector da administração pública que não tenha falta de recursos e a justiça não poderia ser excepção. Segundo o Conselho Superior da Magistratura os tribunais estão em situação crítica por falta de magistrados. Que os tribunais estejam em situação crítica isso é indiscutível visto o processo mais simples consumir anos até ser julgado, mas não será por falta da magistrados porque com 19,3 juízes e 13,5 procuradores por 100 mil habitantes, Portugal está na média europeia. Será antes por excesso de burocracia plantada nos labirintos kafkianos processuais, que ninguém parece interessado em simplificar, uns porque esses labirintos multiplicam as portas de saída e outros porque multiplicam a “falta de recursos”.

Take Another Plan. O legado do amigo do Dr. Costa custou mais de mil milhões

O ano passado a TAP apresentou um prejuízo de 1.600 milhões (num volume de receitas operacionais de 1.389 milhões!), por coincidência quase igual ao montante das ajudas até ao final do ano passado. Mais do que o montante pantagruélico dos prejuízos o que poderia surpreender os distraídos é que cerca de 2/3 desses prejuízos (1.025 milhões) se devem ao fecho da operação de manutenção no Brasil comprada em 2006 à Varig pela TAP, um desastre que já tinha custado à TAP 200 milhões em perdas só nos últimos 5 anos. Convirá acrescentar que essa compra foi agenciada pelo Dr. Lacerda Machado, o melhor amigo do Dr. Costa que o prantou na administração da TAP nacionalizada em 2016 (ver aqui e aqui a estória). Se pensarem que enough is enough e a coisa agora acaba, desenganem-se porque numa empresa pública gerida pelo Dr. Pedro Nuno "Perninhas dos Banqueiros a Tremer" Santos enough is never enough. E a demonstrá-lo aí estão mais 990 milhões a caminho no OE 2022.

Lost in translation

Perante o desastre da TAP, o Dr. Pedro Nuno Santos garantiu na apresentação do prejuízo pantagruélico que «a TAP em pouco tempo voltará ao lucro, ou seja, será uma empresa que dará lucro» o que no patoá socialista significa a TAP continuará a esportular os contribuintes.

Choque da realidade com a Boa Nova

O plano Ferrovia 2020 que era para ter sido concluído em 2020 (what else?) continua a arrastar-se. Isso seria um problema para governantes sérios, para os apparatchiks em exercício é apenas mais uma oportunidade para anunciar um Ferrovia 202X.

Assim não vamos lá, ainda que fossemos os melhores dos melhores como diz S. Ex.ª

Em 2020, 96% das empresas portuguesas eram microempresas, isto é, empresas que durante pelo menos 10 anos tinham menos de 10 empregados, um balanço ou um volume de negócio inferior a 2 milhões de euros. A produtividade do trabalho nessas empresas em Portugal era um quarto da média europeia.

Acabou a Paz Social

Era previsível com o fim da união de facto PS-PCP-BE, seguido do desastre eleitoral de comunistas e berloquistas, uns e outros enquanto lambiam as feridas sentiram necessidade de dar provas de vida, cada um no seu terreno favorito de luta - os primeiros nos sindicatos e os segundos nas redações dos jornais. A conjuntura económica com a inflação a acelerar irá proporcionar condições favoráveis às greves e aí estão elas: Metro de Lisboa, Parques de Sintra, Docapesca, pilotos da Portugália. São exercícios de aquecimento para a temporada de greves que agora começa.

Privados? E não se pode exterminá-los?

Se o Estado sucial gasta o dinheiro todo nos “recursos humanos”, isto é na freguesia eleitoral, é natural que falte para os outros recursos, como por exemplo os meios de transporte para levar a tropa e seus equipamentos até à Roménia no cumprimento dos compromissos com a NATO. Não havendo esses meios aéreos e marítimos será necessário afretá-los. Deveria ser visto como uma coisa normal, mas no Portugal dos Pequeninos os jornais fazem títulos moralistas como «exército paga milhões a privados», milhões que são um infinitésimo dos dinheiros que a TAP só este ano vai torrar.

Os truques do costume

O truque aplicado no investimento público que baptizei de autoestrada mexicana do PS tem aplicação generalizada sem que os jornalistas se apercebam (ou com a colaboração dos jornalistas). Desta vez o truque é com a despesa no Ambiente e Ação Climática que no título se anuncia como tendo crescido «42% face à consolidada em 2021» e que na verdade desceu face à despesa orçamentada.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

Apesar da boa vontade do jornalismo de causas que anuncia um «forte crescimento homólogo» (9,3%) do PIB no 1.º trimestre o certo que o forte crescimento se deve à forte queda homóloga no 1.º trimestre de 2021 (-5,4%).

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Por um lado anuncia-se que se pretende reduzir a dívida pública e pelo outro propõe-se na proposta de OE 2022 um aumento de 16.200 milhões (uns 7 % do PIB).

Já é o mafarrico, e já se sente o cheiro das brasas

A taxa de inflação homóloga em Março atingiu 5,3%, o valor mais alto em 28 anos. Os juros da dívida pública a semana passada voltaram a subir em todos os prazos.

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